terça-feira, setembro 25, 2007

Woman Transformation (Yokai Kidan)

Japão, 2006, 85Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: 3 miudas sofrem de transformações em partes específicas de seus corpos, tornando-as aberrações: Rokuro tem um crescimento anormal do pescoço; a Kamaitaichi crescem as unhas disformemente; Noppera tem um problema de pele na cara que a torna desfigurada.


Crítica: Três curta-metragens sobre três belas miúdas que têm partes dos seus corpos transformados sem nenhuma razão específica, levando-lhes ao terror e ao desespero, transformando-as em verdadeiras aberrações ambulantes. No entanto, em nenhum ponto do filme, elas se cruzam.

Miúda 1: Rokuro é uma modelo que um dia começa a sentir dores no pescoço. Ao mesmo tempo, ela ganha uma incrível elasticidade na região. Ao fazer exames, descobre que ela tem uma estranha formação óssea na região. Segundo o médico, os seus ossos são semelhantes ao de uma cobra que podem esticar incrivelmente. Ela fica, então, internada para ver se consegue recuperar-se. No quarto, conhece uma outra menina, Noppera, que se torna na sua melhor amiga, pelo menos temporariamente.

Miúda 2: Kamaitachi distribui revistas nas ruas juntamente com duas colegas. Gasta grande parte de seu salário com caríssimas unhas postiças que faz questão de exibir. Um dia, essas unhas começam a cair. A causa é que suas unhas naturais começam a crescer a uma velocidade espantosa. E a cada corte, ganham mais fortaleza e ficam mais resistentes e afiadas fazendo com que a convivência social fique cada vez mais difícil.

Miúda 3: Noppera gaba-se de ser popular graças a sua beleza. De repente, um pequeno problema no seu olho demora a curar. E para piorar mais as coisas, esse problema começa a espalhar-se por todo seu rosto como uma verdadeira lepra cancerígena. Ela é internada, mas ao receber alta, percebe que seus problemas estão apenas a começar.

Woman Transformation, é acima de tudo um filme honesto que trabalha muito bem o lado cômico em cima do desespero das miúdas com muito humor negro e situações constrangedoras. Por esse lado cumpre o papel de ser divertido. Por outro lado, o realizador Tôru Kamei acerta em não tratar essa questão da importância e da obsessão da aparência e da beleza de uma forma de crítica social, embora ela esteja presente sim, mas de uma forma tão sutil que não atrapalha em nada seu objectivo de ser uma obra de simples entretenimento.

Se não é um filme que ficará para a história, tem tudo para agradar os admiradores de filmes B e serve ao menos para passar bons momentos, num filme de terror invulgar.

Ric Bakemon

domingo, setembro 23, 2007

Nova curta de Wong Kar Wai online

Já se encontra online a curta metragem de Wong Kar Wai, criada especialmente para a Phillips, como apresentação da sua nova televisão de alta definição, Aurea. A curta intitula-se There's Only One Sun, e pode ser visualizada clicando na imagem abaixo.

Sérgio Lopes

domingo, setembro 16, 2007

Party 7

Japão, 2000, 107Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Sete personagens, apresentados no início do filme, são colocados todos no mesmo quarto de hotel: Um ladrão que roubou uma mala carregada de dinheiro à máfia, a sua ex-namorada, o seu obsessivo namorado, o capanga da máfia responsável pela colecta da mala, outro capanga para assassiná-lo, o voyeur Capitão Banana e o seu aprendiz. Quem ficará com o dinheiro?

Crítica: Considerada como a versão asiática do Four Rooms (4 Quartos), vale a pena nos debruçarmos sobre a história de Party 7: Sunichiro Miki (Masatoshi Nagase) é um gangster que resolve enganar o seu chefe e fugir com uma larga quantidade de dinheiro. O seu primeiro esconderijo é o Hotel New Mexico num lugar remoto do Japão. Mas o que poderia ser o início de alguns momentos de paz e de descanso, transforma-se num desfile de personagens bizarros que faz da sua passagem pelo hotel um pesadelo interminável e absurdamente delirante.

Para começar, ele é o único hóspede do hotel, o que faz dele uma vítima em potencial do voyeurismo dos donos do Hotel. Atrás de um quadro do quarto esconde-se uma sala onde o Capitão Banana (Yoshio Harada) e Okita Souji (Tananobu Asano) resolvem os seus problemas freudianos espiando os seus hóspedes e discutindo temas sobre o assunto. Para piorar as coisas e sem desconfiar de nada, Miki descobre que o seu esconderijo não é tão seguro assim.

Primeiro é a sua ex-namorada interesseira (Akemi Kobayashi) que resolve aparecer para pedir dinheiro, depois surge um nerd (Keisuke Horibe), actual noivo dela e que vem atrás da noiva. Para piorar a situação, o chefe do grupo de Miki manda o braço direito da organização Sonoda (Keisuke Horibe) atrás dele. A reunião desses personagens inusitados transforma o quarto num falatório "diz-não diz" com um desfile de aparências onde vale tudo, menos a verdade.

No fim, a verdade é uma só: todos não passam de uns miseráveis perdedores, onde aquele momento apenas amplifica tudo isso. Para piorar as coisas, o sinistro e impagável assassino Wakagashi (Tatsuya Gashuin) é enviado pelos mafiosos para acabar com a festa. Mas o que acaba com a festa é a própria personalidade deles ao viverem da aparência. Um a um, todos são desmascarados (os dois voyeurs também) e a certeza de uma coisa: a mentira tem perna curta.

Em PARTY 7, o realizador Katsuhito Ishii, mantém o mesmo ritmo alucinante com o visual delirante dos seus personagens de sua obra anterior SHARK SKIN MAN AND PEACH HIP GIRL (1988). Tudo feito com muito estilo com influências claras do mangá e do anime. Vale a pena deixar registado a impecável animação do início do filme onde são apresentados os sete personagens principais. Ishii novamente tem o poder de transformar os seus personagens nos seres mais absurdos e inimagináveis já vistos, e apanha boleia no estilo de Quentin Tarantino em incluir falas banais sem conexão nenhuma no filme, como por exemplo a conversa entre os dois recepcionistas do hotel sobre um lugar onde chove... merda!

Todos os actores estão muito bem nos seus papéis, mas novamente o destaque fica para Tatsuya Gashuin, dessa vez interpretando o assassino profissional Wakagashi. Uma mistura de lutador de kendô com cabelo bombril com golpes a la Kamen Rider. Absurdamente estiloso e a certeza que esses personagens não poderiam ter saído de uma mente em sã conciência. Por tudo isso, PARTY 7 apresenta-se como um filme bastante original e altamente recomendável para quem procura algo com um toque diferente. Diversão garantida.

Ric Bakemon

segunda-feira, setembro 10, 2007

Lust Caution, vence Leão de Ouro em Veneza

O novíssimo filme do oscarizado Ang Lee (Brokeback Mountain) intitulado "Lust Caution" foi o grande vencedor do festival de Veneza, arrecadando o leão de ouro, para melhor filme em competição . É a segunda vez que Lee sai vencedor de Veneza, pois há dois anos venceu o mesmo galardão com Brokeback Mountain.

"Lust, Caution", trata-se de um thriller de espionagem, que decorre em Shanghai, no período da segunda guerra mundial. Do elenco fazem parte Tony Leung ("Hero," "In the Mood for Love') que interpreta uma forte figura política dos anos 40 de Shanghai e a estreante Tang Wei, como uma jovem mulher envolvida num perigoso jogo de intriga e poder.

Mais uma vez, um filme asiático é o grande destaque de um festival europeu o que prova a força emrgente da cinematografia oriental. O teaser trailer pode ser visualiado AQUI.

Sérgio Lopes

sábado, setembro 08, 2007

O.S.T. - Nova Rubrica Cine-Ásia

O cineasia inaugura hoje uma nova rubrica que pretende disponibilizar algumas bandas sonoras de filmes asiáticos para vossa apreciação. Nem só de argumento, actores, ou realização se faz um filme, mas também de uma boa banda sonora, que por vezes é tão ou mais importante. Recordo-me por exemplo dos filmes do mestre Wong Kar-Wai, onde a música tem um papel preponderante.

A estreia desta rubrica dá-se com a banda sonora do filme Raise The Red Lantern do chinês Zhang Yimou, de 1991, a história de um mestre e das suas quatro esposas, na década de 20, banido da China, mas nomeado para o óscar de melhor película estrangeira. O download da respectiva banda sonora cedida gentilmente pelo colaborador habitual Marcus Freitas, pode ser efectuado AQUI.

Sérgio Lopes

segunda-feira, setembro 03, 2007

Big Bang Love: Juvenile A (46-okunen no koi)

Japão, 2006, 85Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse:
Dois jovens são presos no mesmo dia, cumprindo penas por crimes de homicídio não relacionados. Yun (Matsuda), tímido e bem parecido, é alvo previsível de desejos e abusos por parte de outros prisioneiros, mas Shiro (Ando), frio e violento, sem pestanejar antes de enfrentar, a soco e pontapé, meia dúzia de oponentes, decide protegê-lo. Um dia, sem que nada o pudesse fazer prever, os guardas encontram Yun com as mãos em redor do pescoço de Shiro, já inerte. Como que a prever a incredulidade de todos, enquanto é levado pelos guardas, Yun assegura que foi ele quem matou Shiro. Dois detectives investigam o caso...

Crítica: Um filme de Takashi Miike é sempre um filme altamente antecipado, pelo culto que o enfant terrible do cinema Japonês gerou com películas emblemáticas caracterizadas pelo uso extremo de violência e do gore e pelo carácter surreal, tais como Ichi The Killer, Audition, ou Gozu, entre tantos outros, já que este prolífero realizador lança vários filmes por ano (!) execedendo-se a maior parte das vezes. Big Bang Love: juvenile A, não é excepção. Embora não seja um típico produto Miike, faltando-lhe os elementos mais característicos da sua filmografia é um filme de autor na linha de David Lynch, ou Lars Von Trier.

A acção decorre num estabelecimento prisional futurista (ou será uma prisão na mente dos protagonistas), na qual é investigado o assassinato de um dos prisioneiros, Shiro - um sujeito extremamente violento-, cuja principal suspeita recai sobre o tímido e introvertido Yun, apanhado em flagrante com as mãos sobre o pescoço de Shiro, na altura da sua morte. Mas será que o que as testemunhas viram, foi o que relmente aconteceu? A investigação, levada a cabo pela dupla de detectives, é apenas um pretexto para um estudo de personalidade de dois homens com perfis opostos, com a curiosidade de terem sido detidos no mesmo dia, culpados de crimes em nada ligados...

A narrativa decorre de forma simples mas invulgar com as perguntas dos detectives chapadas no écrân e as respostas a serem obtidas por meio de flashbacks que vão transmitindo o crescimento do relacionamento entre os dois protagonistas no complexo prisional. Embora a nota dominante seja o subjectivo aleado a algum surrealismo, baseado em simbolismos, o filme apresenta um caracter homoerótico que tenta explicar o sucedido, ou seja o assassinato. Cabe ao espectador tirar as suas ilações, pelo que o filme requer uma visualização atenta (até mesmo uma segunda visualização), dado que o ritmo narrativo é lento, não existindo a espectacularidade e montagem frenética por vezes habitual nas suas obras.

Big Bang Love: Juvenile A, aproxima-se mais a nível formal de Gozu, embora comparativamente seja um filme muito mais introspectivo, um verdadeiro filme de autor: Planos longos nos cenários amplos e futuristas da prisão, a quase ausência de música, alusão a vários simbolismos, na tentativa não de achar um culpado, mas sim a culpa no estado emotivo dos personagens. Personagens esses, diga-se muito fortes dado os magníficos desempenhos de Ryuhei Matsuda (cada vez mais associado ao frágil e tímido objecto sexual masculino) e Ando Masanobu, poderoso e extremamente carismático como Shiro.

Big Bang Love: Juvenile A, é pois imperdível. Mais uma vez Takashi Miike volta a impressionar com um trabalho arrojado e experimental, mas que necessita de muita atenção e introspecção, durante os seus curtos 90 minutos de duração.

Sérgio Lopes