terça-feira, outubro 18, 2005

One missed call


Japão, 2003, 112Min.

Um dos nomes fortes do novo cinema japonês, Takashi Miike tem uma filmografia que proporcionou já vários títulos de culto, sendo o perturbante “Audition – Anjo ou Demónio” talvez o mais emblemático. No seu novo filme, “Uma Chamada Perdida” (Chakushin ari / One Missed Call), o realizador volta a pisar territórios que já lhe são familiares, percorrendo domínios do terror, suspense e fantástico, através dos quais se distinguiu internacionalmente.

A premissa da película assenta em misteriosas mensagens que alguns estudantes universitários recebem nos seus telemóveis, enviadas pelos seus próprios números e que contêm frases proferidas pelas suas próprias vozes. Estas mensagens são normalmente de teor intrigante q.b. e têm as datas de dias depois, datas estas que correspondem ao momento exacto das abruptas mortes dos receptores das mensagens.

Outro filme de terror com adolescentes? Sim, mas “Uma Chamada Perdida”, nos primeiros momentos, aparenta não ser apenas mais um, uma vez que conta com uma interessante ideia de argumento e Miike sabe como proporcionar uma atmosfera suficientemente claustrofóbica e desconcertante… até certo ponto.

Se o filme até arranca de forma intrigante e promissora, com uma curiosa interligação entre as novas tecnologias e os códigos do suspense, quando chega a meio perde o conseguido ritmo e aura enigmática que mantinha até então para se tornar numa colecção de sustos fáceis e histerismos involuntariamente cómicos, que nem sequer dispensam uma sofrível abordagem do sobrenatural.

Desperdiçando a relativa frescura que apresentou na fase inicial, “Uma Chamada Perdida” entra num campo minado de clichés que já se julgavam esgotados e sobre-explorados em “The Grudge – A Maldição” ou “Águas Passadas”, outros filmes de (suposto) terror recentes que caíram também num esoterismo ridículo e nada convincente.Nem sequer faltam os francamente irritantes finais falsos, através dos quais Miike tenta surpreender mas falha ao apostar numa pouco recomendável lógica de “vale-tudo”, tornando a película ainda mais incoerente e, sobretudo, inconsequente.

“Audition – Anjo ou Demónio” já era um filme algo desapontante e sobrevalorizado, mas pelo menos continha ainda sequências de antologia vincadas por uma considerável tensão e desconforto. “Uma Chamada Perdida” conta com dois ou três cenas que sugerem que Miike repita aqui esses escassos momentos inspirados, mas infelizmente a qualidade do filme apenas decresce – e muito – à medida que o desenlace se aproxima. Não deixa de ser um filme perturbante, só é pena que o seja pelos piores motivos.

Classificação: 5/10

Gonçalo Sá

Mais Críticas 1

5 Comments:

Blogger Carlos M. Reis said...

Vi "Phone" (claramente mais aclamado do que este) e achei-o mediano. Como tal, não me parece que tão cedo ponha os olhos nestes "One Missed Call".

O que é bom saber neste filme é que chegou às salas de cinema portuguesas apenas 2 anos depois de ter estreado no seu país. Eu cá não me importava que viessem mais daquelas paragens mesmo com este atraso. Mas é triste não é?

Cumprimentos.

11:15 da tarde  
Blogger gonn1000 said...

Os filmes orientais vão chegando, mas quase todos com esse atraso. Enfim, é melhor do que nada, mas pode ser que o cenário mude se o público começar a aderir mais.

Espero é que venham melhores filmes do que este :S

1:32 da tarde  
Blogger Sérgio Lopes said...

Seguramente o cinema asiático tem filmes excelentes. A nivel do "terror" está um pouco redundante e com falta de ideias. Mas recomendo outros filmes... cumprimentos.

2:47 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Não é que eu seja "do contra" mas eu cá acho este um bom filme... ok, zero originalidade mas ele capta (e repete) as fórmulas de sucesso de filmes como Phone, Ringu, etc. razoavelmente bem, pelo que como tentativa do Miike de fazer um filme mais comercial acho que foi bem sucedido :)

12:03 da manhã  
Blogger Unknown said...

Não concordo com o negativismo tão grande em sua crítica.

Acredito que filmes de terror devam ser avaliados como tais. Alguns elementos são quase indispensáveis nesse gênero, e acredito que apontá-los como clichês é o mesmo que falar isso sobre beijos em um filme de romance.

Este é um bom filme de terror, não no nível de "The Eye" por exemplo, que eu daria um 9/10, mas merecia tranquilamente um 7/10. Não acho correto basear suas notas por preferências por determinado estilo de cinema, como o de autor por exemplo, mas enfim, esta é a minha opinião.

5:41 da tarde  

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