segunda-feira, novembro 28, 2005

Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera

Coreia do Sul, 2003, 103Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Numa altura em que se encontra nas salas de cinema nacionais o mais recente filme de Kim Ki-Duk, “Ferro 3”, nada como relembrar “Primavera, Verão, Outono, Inverno… e Primavera”, que em Portugal pode ser encontrado em DVD.

Sinopse: Ninguém fica imune ao poder das estações e ao seu ciclo anual de nascimento, crescimento e envelhecimento. Nem mesmo dois monges que partilham um mosteiro flutuante, num lago rodeado de montanhas à medida que as estações se sucedem, todos os aspectos das suas vidas são insuflados com uma intensidade que os conduz ambos a uma enorme espiritualidade e tragédia. Porque também eles não conseguem resistir à escalada da vida, aos anseios, sofrimentos e às paixões que nos arrebatam a todos. Sob o olhar atento do Velho Monge, um jovem monge experimenta a perda da inocência quando as brincadeiras se transformam em crueldade; o despertar do amor quando uma mulher entra no seu mundo fechado; o poder assassino do ciúme e da obsessão; o preço da redenção; a iluminação da experiência. Assim como as estações continuam a alternar até ao fim dos tempos, também o mosteiro permanecerá como a morada do espírito, suspenso entre agora e sempre...

Crítica: Mais um filme carregado de misticismo e simbolismo em que a beleza das imagens ditam o desenrolar da narrativa. Kim Ki-Duk desenvolve mais uma história com um carácter emocional extremamente complexo relacionando-o neste caso com a natureza.

No que Kim Ki-Duk surpreende nas suas películas é no carácter de espiritualidade transposto para o écrân e na capacidade de deliberadamente permitir a cada espectador captar, por si mesmo, o que as imagens representam. Possivelmente “Primavera, Verão, Outono, Inverno…e Primavera”, ainda apresenta menos diálogos que “Ferro 3”, o que não é descabido pois a fabulosa fotografia e a partitura musical ajudam a criar um ambiente filosófico e magistral. Mais uma vez há que destacar o trabalho de câmara de Kim-Ki Duk; Num filme praticamente sem diálogos, cada plano filmado, para além de nos transmitir algo, faz desenrolar a narrativa. O realizador tem um sentido de realização fabuloso.

Aqui o protagonismo, para além dos actores, recai também nas paisagens naturais e nos animais. O realismo e a beleza natural do local acrescentam uma sensação quase de magia espiritual à película. Ki-Duk utiliza as estações do ano como metáfora para caracterizar os vários estágios da vida dos personagens, desde o nascimento, infância, adolescência, idade adulta e… desfalecimento. Neste contexto, as estações do ano acompanham o estado de espírito de mestre e aluno. A água tem um papel também preponderante como simbolismo do fio condutor da vida.

Note-se que “Primavera, Verão, Outono, Inverno…e Primavera” é um filme onde foi necessário construir um templo budista no meio de um lago, o que implicou a utilização de alguns meios e o esforço de algumas pessoas, o que prova que os valores de produção na Coreia estão cada vez mais a aumentar, tornando possível a criação grandes pérolas cinematográficas, como esta obra de Kim Ki-Duk.

Com este filme, Kim Ki-Duk cria uma viagem espiritual, mística e universalmente religiosa onde um rapaz e o seu mestre são os protagonistas, num cenário natural edílico. Para visionar, apreciar e interiorizar…

Classificação: 8/10

Sérgio Lopes

Mais Críticas 1 2

10 Comments:

Blogger Sam said...

Caro Sérgio, excelente blog que aqui tens. Vai já para a minha lista de links (em http://sozekeyser.blogspot.com).

Sou grande fã do chamado J-Horror, e este é um endereço indispensável para qualquer interessado do cinema asiático.

Cumprimentos cinéfilos.

3:15 da tarde  
Blogger Sérgio Lopes said...

Obrigado pelos elogios SAM. Vai aparecendo e comentando. Podes colaborar tb...

Cumprimentos,

Sérgio Lopes.

PS: Já vi o teu blog. Muito interessante tb.

3:34 da tarde  
Blogger C. said...

Filme de uma grande sensibilidade e beleza.

Cada vez mais gosto de descobrir a cinematografia oriental. Recentemente descobri "Be With You" e recomendo. Conheces?

Bom blog!

1:37 da manhã  
Blogger Sérgio Lopes said...

ya Nuno.

De facto até ao Outono é a melhor parte do filme. Mas deixa de ser um grnade filme no global não achas?

Cumprimentos,

Sérgio lopes

2:47 da tarde  
Blogger C. said...

Como não tive resposta, volto a perguntar... viste o "Be With You"?

12:24 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Bom exte filme é tao puro e tão inocente k é 1 belu poema d verter as lágrimas e d enxer u koraxão...
NOTA 10!

11:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

isso e horrivel

10:01 da tarde  
Blogger Ana Claudia said...

O filme é bonito, cada vez tenho me percebido mais encantada com o cinema oriental, mas... esse filme não me satisfez de alguma forma e eu me pergunto por quê. Achei a interpretação do jovem assassino um tanto forçada, talvez porque o salto para o ódio não tenha feito um par coerente nesse filme. Não que esse salto não seja coerente; no filme é que ele não me pareceu ter sentido. A atmosfera tranquila do lago monástico parece não comportar o assassinato. Achei demais. O ciúme e a posse poderiam ter provocado dor, mas um crime, nesse filme, pareceu forçado. E a intepretação, como eu disse, não me convenceu. Mas a delicadeza silenciosa da infância e da adolescência rejuvenescem o filme todo. Bonito.

12:40 da manhã  
Blogger Gleo said...

Alguém podeira me responder, por gentileza, qual é o nome da estátua da deidade que o monge coloca no topo da montanha, no final do filme, quando ja é inverno e ele se arrepende do sofrimento que causou aos seres? Só queria o nome da estátua mesmo, se é vajrasattva, Avalokiteshvara ou outro(a)?

10:35 da manhã  
Blogger Alexandre said...

Mais um filme oriental com fotografia impecável e um modo distinto de ver a vida, com o qual temos muito a aprender! Tem uma crítica em
www.artigosdecinema.blogspot.com/2014/12/primavera-verao-outono-inverno-e.html

8:21 da tarde  

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