sábado, julho 15, 2006

Haze

Japão, 2005, 49Min.

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Sinopse: Um homem acorda confinado num minúsculo cubículo. Não sabe onde está nem se lembra como foi lá parar. O que o mais aterroriza é que quanto mais sangra, e aumentam as suas insuportáveis dores, mais pequeno o cubículo se vai tornando...

Crítica:
O mensageiro de um mundo apocalíptico condenado ao caos, seja ele no futuro ou no presente, simbolizado em constantes transformções de corpos e mentes humanas transtornadas e vítimas de uma perversa sociedade em constante mutação, molda uma visão desesperadora e claustrofóbica a partir de um personagem sem nome interpretado pelo próprio Tsukamoto, que certo dia acorda dentro de um misterioso cubículo. O espaço, além de escuro e intransponível, é mínimo, ao ponto que é impossível não sofrer danos físicos para se mover dentro daquele espaço.

Encaixotado, vê o seu desespero aumentar à medida que não consegue encontrar respostas do porquê de estar naquela situação atordoante; ao mesmo tempo que os seus apelos por ajuda também são negados pelo mundo exterior. A única visão desse mundo exterior é feita por meio de uma pequena fenda onde se tem uma visão sanguinária onde pessoas gritam desesperadamente e têm os seus corpos mutilados como um cenário do purgatório de Dante. Será melhor ele permanacer onde está, ao invés de procurar uma saída? Não, como quase todos os seres humanos, sempre há um falso optimismo onde se imagina um futuro melhor que o presente.
Assim, o rapaz persiste na busca de uma saída daquele cubículo até encontrar uma misteriosa rapariga que jura saber onde fica a saída. Tsukamoto, o realizador, novamente exercita nesta média-metragem, um ensaio sobre até quando pode suportar o ser humano sob situações adversas. Mas ao contrário dos seus primeiros filmes, onde ele colocou em evidência o corpo humano, em Haze ele mantem a idéia do seu filme anterior, Vital, onde a mente se sobressai sobre o corpo, mas sem esquecer a conexão do corpo com a mente, numa visão apocalíptica do ying e yang.

Se em Vital temos um personagem que disseca o corpo da namorada para relembrar momentos de sua vida, em Haze vemos um personagem que busca uma resposta e uma explicação (passado) para o momento alucinante que está a viver. O filme, nos seus quase 50 minutos, vai além de uma simples jornada surreal e aterradora repleta de desesperos e indagações de um homem preso num túnel sem saída, é uma viagem misteriosa rumo ao imaginário de uma mente pertubada agarrada a intermináveis labirintos que muitas vezes pode ser mais claustrofóbio e aterrorizador que qualquer buraco sem saída. Afinal não existe lugar mais misterioso e intrigante que a mente humana. Tsukamoto que o diga.

Classificação: 6/10

Ric bakemon