Kaze no Tani no Nausicaa (Nausicaä )

Japão, 1984, 116min
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Sinopse: Num mundo de uma ecologia distorcida, Nausicaa, a corajosa princesa do pequeno reino do Vale do Vento, esforça-se em manter pacificamente o instável equilíbrio entre uma natureza de desertos e florestas tóxicas habitadas por insectos gigantes e possíveis invasões de povos vizinhos. Mas o Vale do Vento é invadido, o pai de Nausicaa assassinado e, para poupar o seu povo de mais sofrimento, Nausicaa vê-se envolvida numa guerra inútil contra os insectos enquanto que a solução para uma vida melhor está mesmo debaixo dos seus narizes.
As máquinas voadoras, tema quase sempre presente nos filmes de Miyazaki, têm aqui um papel vital tanto no desenvolvimento da história como na definição das personagens. O Mehve, as asas voadoras de Nausicaa, é o sonho de Ícaro concretizado. Todas as naves do povo do Vale do Vento têm um certo ar robusto mas prático, sendo o Mehve particularmente ágil e delicado. As naves dos Dorok, em contrapartida, são maiores, mais agressivas, escuras e cheias de apêndices. Fora o filme “Porco Rosso”, este é provávelmente o seu filme onde aparelhos voadores têm uma presença mais forte.

Nausicaa é uma rapariga fora do comum, mesmo para o seu povo que a adora, desde miúda que tem uma empatia especial com os Ohmu, uma espécie de reis da comunidade de insectos gigantes, e resolve sempre os conflitos com os insectos sem destruição nem morte. A sua paixão pelas florestas tóxicas, provocadas pelos esporos espalhados pelos insectos choca até o aventureiro Yupa, habituado às agrestes florestas. A oposição do carácter pacifista e ecologista de Nausicaa com o da Princesa Kushana, cruel, implacável e ambiciosa, é mais um demonstrativo da inutilidade da maioria das guerras e de como elas podem ser resolvidas, de forma pacífica, através de negociação e estudo.
Mesmo não sendo tão “de encher o olho” como a maioria dos filmes posteriores, este filme mostra-nos maravilhosas paisagens de desertos ventosos, o verdejante Vale do Vento e as Melancólicas florestas tóxicas. As cenas de acção, principalmente as aéreas, são feitas com uma mestria fora do comum e uma beleza deslumbrante.
Outros elementos clássicos de um filme de Miyazaki também já estão presentes, tais como céus muito azuis, águas límpidas e claras, campos verdejantes, personagens fortes, criaturas estranhas, velhotes com um ar de cara de couro curtido e uma excelente conjugação de momentos em que a história flui e outros mais contemplativos, mas perfeitamente integrados no contexto do filme.
Curiosamente os insectos são apresentados como mais umas vítimas do Homem, o ênfase não é posto em serem horrorosos ou nojentos, mas na demonstração de carácter e densidade psicológica. A certa altura damos por nós a torcer pelos Ohmu e não pelos cruéis Dorok.
Aqui temos uma prova (se é que haveria necessidade de haver provas) de que a animação para ser boa, densa, para adultos, com temas importantes e interessante, precisa essencialmente de um bom tema e de uma boa história aliadas a uma boa realização. A animação, como sempre nos Estúdios Ghibli é impecável e de um cuidado impressionante. O character design é fácilmente reconhecível como sendo um Miyazaki, não é particularmente belo, mas cada personagem e seus adereços são concebidos detalhe meticuloso.
Este é um filme intenso, profundo, cheio de conteúdo, dá que pensar, tem uma mensagem positiva sem ser moralista ou castradora e é muito bem feito de um modo comedido, sóbrio, mas eficaz e sem desperdício.
6 Comments:
Mais uma brilhante crítica da Misato ao que parece ser mais uma obra-prima de Miyazaki!
Este foi o primeiro filme que vi do mestre Miyasaki. Foi amor à primeira vista. Maravilhoso!
Lá está. Há realizadores que marcam. O Miyasaki é um deles, é o "the special one" do cinema de animação. Por acaso, Nausicaa foi a última princesa Ghibli que descobri, já depois da igualmente apaixonada justiceira Mononoke (tb com evidentes preocupações ambientais, tb com amigos muito especiais). Este Vale do Vento faz-me sempre lembrar as corridas de Conan (o rapaz do futuro), o seu arpão, a Lana e o Jimsy, as máquinas voadoras da cidade industrial, a guerra predominante, a esperança.
mea culpa Miyazaki (e não Miyasaki)
Gosto muito mais do Takahata, mas não posso ficar também indifrente ao génio consciente do Miyazaki.
Tato: Realmemnte Miyazaki é um mestre da animação.
Starfox: Mas Isao Takahata também não lhe fica atrás. Basta por exemplo, o magnífico "Grave of The Fireflies"
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