sábado, agosto 05, 2006

Linda Linda Linda

Japão, 2005, 114Min.

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Sinopse: Nozomi no baixo; Kyoko na bateria; e Kei na guitarra resolvem formar uma banda de rock para se apresentar num festival de verão escolar. Sem opções e às vésperas do festival, convidam Song, uma estudante sul-coreana que mal sabe falar japonês, para ser a vocalista da banda. E, assim, iniciam uma contagem regressiva para estarem prontas até a apresentação. As quatro enfrentam toda e qualquer dificuldade de músicos inexperientes que mal sabem afinar seus instrumentos e também mal têm tempo e lugar para ensaiar. Os seus problemas particulares e afazeres estudantis não permitem destinar muito tempo à banda. E, para completar, a única sala da escola disponível para os ensaios é disputada por uma outra banda.

Crítica: À primeira vista, o filme pode parecer mais um filme sobre estudantes adolescentes que criam uma banda para tocarem num festival escolar. Mas um olhar mais atento mostra que o filme vai muito além disso. O que poderia ser um amontoado de clichês do gênero com piadas fáceis e personagens caricatos, revela na verdade, um filme com um olhar mais introspectivo por parte do realizador. Nobuhiro Yamashita não caminha no lugar comum ao usar ângulos inusitados ou cortes rápidos; pelo contrário, tudo acontece às voltas de um enquadramento simples e imóvel, tudo com muita calma e sem pressa.

Por isso, não impõe um estilo que sobressai no filme. Para ele, o mais importante são os seus personagens e o desenrolar da história, que flui com enorme naturalidade. É como se todo o filme fosse fruto de um grande improviso. Mas nem por isso o filme deixa de ter graça. Pelo contrário. A excelente performance das actrizes faz com que cenas como o ensaio silencioso no meio da noite; a simples espera pelo autocarro; e é claro, a energética e vibrante sequência final durante o show são capazes de deixar um delicioso sorriso no rosto com um gostinho de quero mais.

E quem merece aplausos à parte é a actriz sul-coreana Bae Du-Na (Song). Perfeita no papel e com uma enorme carga de carisma, garante momentos mágicos, como os seus ensaios num karaoke e a grande actuação como “frontgirl” de uma banda de rock. Aqui Yamashita novamente acerta ao não esteriotipar demais uma pesonagem estrangeira num país diferente. E usa isso de forma inteligente e a seu favor. Vale ressaltar que todas elas aprenderam a tocar de verdade para actuarem no filme. Ou seja, não poderia ser mais autêntico. É por isso que a banda sonora é igualmente empolgante e garante o alto-astral do começo ao fim.

Já os scores musicais compostos por James Iha (guitarrista do Smashing Pumpkins) feitos para os momentos mais intimistas são também de grande valor e dão um tom mais emotivo ao filme. O realizador, a exemplo de seu outro filme, NO ONE´S ARK (2002), novamente coloca em questão o desafio de atingir um objetivo mesmo com enormes dificuldades pelo caminho e a descrença de todos à volta. E Yamashita novamente faz isso com enorme simplicidade e com inteligência. É um nome a reter.

Classificação: 7/10

Ric Bakemon