terça-feira, agosto 08, 2006

Yesterday Once More (Lung Funk Dau)

Hong-Kong, 2004, 99Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos


Sinopse:
Sammi Cheng e Andy Lau juntam-se como um par de cleptómanos, amantes, que se separam quando se apercebem que para manter um relacionamento é necessário partilhar muito mais do que o simples vicio de roubar...


Crítica:
Johnnie To, considerado um dos mais proeminentes e reputados realizadores de Hong Kong, possui uma filmografia com mais de 25 anos e tem gerado obras que se relacionam com formatos mainstream a par de outras que seguem uma vertente mais alternativa e independente.

"Yesterday Once More" (Lung Fung Dau) denota essa dualidade do seu cinema, mesclando géneros e referências para narrar a conturbada relação – que não chega a ser de amor/ódio, mas quase – entre um jovem casal da alta sociedade para quem a vida é um jogo e o risco é uma realidade constante. Alex e Mandy Thief, apesar de divorciados, partilham ainda uma peculiar cumplicidade e desafiam-se mutuamente, desenvolvendo em paralelo os seus hábitos cleptomaníacos desde a adolescência.

Johnnie To foca as peripécias que se centram em torno de um belo e valioso colar que o novo noivo de Mandy lhe oferece mas que é repentinamente roubado por Alex. A partir daqui, "Yesterday Once More" segue as convenções do filme de golpe, apostando em algumas reviravoltas assim como num recurso frequente ao humor (desde o burlesco à screwball comedy).

No entanto, os tons leves e lúdicos dos primeiros dois terços do filme são interrompidos quando o realizador envereda inesperadamente por domínios do drama amoroso e oferece alguns momentos mais melancólicos, longe da vertente ligeira e espirituosa que dominou a acção até aí. Esta mistura é desequilibrada, tendo em conta que a primeira fase da película, embora divertida, é algo inconsequente, e a segunda não chega a despoletar um impacto emocional significativo, tornando "Yesterday Once More" num híbrido desigual.

Johnnie To acerta na escolha dos protagonistas - Andy Lau e Sammi Cheung, cuja química possibilita certos episódios bem conseguidos -, assim como num argumento que é, por vezes, engenhoso, mas o balanço não vai além de uma mediania curiosa e simpática. Muito pouco, portanto, dados os múltiplos elogios e vénias de que o cineasta é alvo, mas que dificilmente se aplicam a um filme com tanto de agradável como de efémero.

Classificação: 5/10

G
onçalo Sá