domingo, outubro 22, 2006

2 Duo (2 Dyuo)

Japão, 1997, 90 Min.

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Sinopse: Uma viagem emocional, até ao lento deteriorar de uma relação, entre um jovem casal, à beira da ruptura devido às pressões do dia-a-dia.

Crítica: Primeira longa-metragem do japonês Nobuhiro Suwa, "2 Duo", de 1997, revela já alguns dos traços que caracterizam as obras seguintes do realizador, nomeadamente o olhar sobre a vida conjugal, o realismo impresso pelas interpretações de actores que recorrem à improvisação e uma singularidade formal, com planos fixos e longos e enquadramentos incomuns.

Em "2 Duo" o cineasta foca a relação de dois jovens, Yu e Kei, que vivem no mesmo apartamento e aí partilham uma série de momentos que tanto se aproximam de uma terna placidez e cumplicidade como de emoções à beira da combustão, onde vem ao de cima o pior de cada um deles.

À medida que o filme progride, o relacionamento do casal vai evidenciando as suas fragilidades, tornando-se cada vez mais fracturado. Suwa apresenta um duo de personagens disfuncionais, imprevisíveis e desencantadas, mas pouco empáticas, pois estão tão imersas nas suas convulsões emocionais que a sua presença se torna maçadora e por vezes mesmo irritante e penosa.

Alternando sequências centradas no quotidiano do casal com outras onde cada protagonista se expõe individualmente ao espectador (respondendo a perguntas do realizador), esta ficção com elementos documentais nunca consegue, em nenhuma dessas vertentes, fazer com que as tensões das personagens ganhem interesse, convidando a um afastamento e recusa progressivos.

Com uma narrativa elíptica que cedo se esgota, cenas maioritariamente monótonas e sem densidade e personagens cujas motivações ficam por esclarecer, "2 Duo" é um poderoso soporífero de uma hora e meia que parece ter o dobro da duração. Recomenda-se a quem sofra de insónias ou tenha paciência de chinês.

Gonçalo Sá

1 Comments:

Blogger Misato said...

É em toda a evolução da relação, na tentativa de retratar o relacionamento puro entre duas pessoas/personagens que está a magia do cinema de Nobuhiro Suwa. Não são filmes para ver com espírito analítico mas com a empatia das experiências de vida do quotidiano de cada um.

Até ao Indie Lisboa não achava grande interesse nos filmes dele, mas ao ver a sua obra, ouvi-lo e perceber a imensidão que está por trás de uma projecção num écrã, aprendi a não subestimar um certo tipo de cinema só porque não corresponde aos ritmos e parâmetros do cinema popular actual a que estou mais habituada.

1:49 da manhã  

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