sábado, dezembro 16, 2006

A Dirty Carnival (Biyeolhan Geori)

Coreia do Sul, 2006, 137Min.

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Sinopse: Byung-doo, apesar dos seus 29 anos, é o número 2 de um pequeno gang organizado. Vive uma vida solitária e dura, uma vez que tem de sustentar a sua mãe doente e apoiar os seus dois irmãos mais novos. No entanto, quando é convidado para uma missão secreta, Byung-doo sabe que o sucesso da sua investida poderá ser o seu sucesso pessoal, o que lhe poderá remover todas as preocupações que nutre pela sua família...

Crítica: Num ano de 2006, prolífero em policiais de acção na Coreia do Sul (Bloody Tie, Les Formidables, The City Of Violence), A Dirty Carnival destaca-se claramente de entre os demais, quer pela sua complexidade, quer pela sua qualidade. Realizado por Yu Ha (Once Upon a Time In High Scool), A Dirty Carnival narra a ascenção e queda de Byung-doo, um gangster que lentamente vai ganhando o seu espaço numa pequena organização criminosa. Mas não se pense que se trata de um típico filme de gangsters, pois apesar de se ambientar nesse meio do crime, a película assenta num drama familiar.

Byung Doo, apesar dos seus 29 anos, não se sente realizado pois não consegue dar uma vida melhor à sua mãe e aos seus dois irmãos. Aproveitando uma oportunidade no seio do gang a que pertence, despacha um advogado que ameaçava o seu chefe. Lentamente vai ganhando o seu espaço, vai subindo e tendo sucesso na organização. Entretanto, retoma o contacto com um antigo amigo de escola, Min-ho, aspirante a realizador de cinema e que pede para o ajudar a realizar um filme sobre gangsters. De forma insensata, Byung Doo confia no seu velho amigo. Mas também graças a ele, retoma o contacto com a sua antiga paixão, a bela Hyeon-ju...

Toda esta complexidade narrativa e a interligação de sub-plots é brilhantemente equilibrada através de um argumento muito bem delineado, servido por diálogos bem conseguidos e por personagens multidimensionais e bem desenvolvidas, que conferem um carácter emocional e realista ao filme. Todos os actores foram muito bem seleccionados para os seus respectivos papéis, mas Jo In-Seong é brilhante como o protagonista Byung-Doo, com uma performance realista e carismática, capaz de transparecer as mais variadas emoções.

O que começa por ser um filme de gangsters, vai-se transformando num filme sobre relacionamentos e valores de família, ambição e realização pessoal, culminando num clímax que junta todos os elementos num final inesperado e trágico. Apesar das suas duas horas e quinze de duração, A Dirty Carnival nunca é enfadonho, graças à montagem suave e ao uso da música. Ao recorrer à ligeira saturação de cores e ao ambiente citadino do submundo do crime, A Dirty Carnival é, por vezes, comparado a Heat de Michael Mann. No entanto, acho que se aproxima mais de Scarface ou de A BitterSweet Life, pois não é um filme de gangsters vulgar, mas sim mais complexo e rico. Só a título de curiosidade, a tradução literária do título coreano é de Mean Streets. Mas no entanto, optaram pelo título internacional A Dirty Carnival, talvez para evitar comparações...

Sérgio Lopes