terça-feira, dezembro 19, 2006

Ghost In the Shell 2: Innocence

Japão, 2004, 100Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Ano 2032, Batou, personagem fácilmente reconhecível do filme anterior (“Ghost In the Shell”), agente da Section 9, é designado para investigar uma série de assassinatos de figuras importantes da sociedade, supostamente assassinadas por uma série de bonecas/robôs, as Gynoids, que avariam, matam os respectivos donos e de seguida se autodestroem. Na ausência da Major Kusanagi, que desapareceu em misteriosas circunstâncias e deixou fortes memórias a Batou, é-lhe atribuido um novo colega, Togusa, ex-detective da polícia. Os dois perseguem o criador das Gynoids sendo sucessivamente confrontados com a diferença entre homem e máquina, cada vez mais difícil de distinguir.

Crítica: Este filme é uma muito esperada sucessão do anterior êxito, principalmente entre os espectadores ocidentais, “Ghost In the Shell”. Feliz ou infelizmente, pelo meio houve a série dos três filmes do “Matrix” assumida e altamente inspirada neste filme o que torna o tema existêncialista das diferenças entre homem e máquina, animado e não-animado, com alma e sem alma, etc. um pouco gasto.

“Ghost In the Shell 2: Innocence” é um filme muitíssimo bem feito, com cenários em CG (computer graphics) e animações de paisagens e não só, monumentais, perfeitamente integrados com um character design um pouco mais próximo dos desenhos originais da manga de Masamune Shirow, com uma produção técnica e artística sem mácula. Pena é que a realização de Mamoru Oshii continua a ser uma realização mediana de “studio system”, pouco criativa, apesar do luxo do apoio técnico e artístico por trás desta produção.

Toda a temática filosófica é muito interessante, já vem directamente da manga, onde Masamune Shirow se diverte a dissertar e a fantasiar ao ritmo da pena e do pincel, mas neste filme sente-se um excesso de elementos e teorias com muito pouco desenvolvimento e menos ainda as conclusões. A falta de conclusões é de pouca relevância, pois a própria dissertação das diferenças entre homem e máquina é directamente proporcional aos avanços da tecnologia, e portanto as conclusões só poderão vir com as conclusões da própria humanidade. Mas a falta de desenvolvimento faz com que toda a introdução deste tema interessante mas denso, soe a académico, como se de um trabalho de faculdade se tratasse, onde o que interessa é mostrar quantidade e não qualidade. O espectador menos atento acaba por se perder entre tanta teoria e talvez não prestar atenção aos pormenores importantes.

A par da densidade do tema, sente-se falta do sarcasmo e sentido de humor algo perverso da manga, mistura essa que para além de cativar mais para o texto torna-o de mais fácil assimilação e muito mais divertido. Também se sente bastante a falta da major Kusanagi, seja pela sua figura escultórica, mas mais ainda pelo seu humor negro que contrapõe majestosamente a gravidade de Batou e a falta de ambição de Togusa.

Como o filme tem uma direcção artística de primeira e muitíssimo boa, engana muito parecendo um bom filme, com sequências de deixar qualquer um de queixo caído, tal é o deslumbramento provocado. A nível estético encontram-se influências directas de um outro filme, anterior a ambos os “Ghost In the Shell”, e que também já abordava, no início dos anos 80 e com grande sucesso, esta mesma temática, falo de “Blade Runner”. Outra curiosa influência é a do próprio “Matrix”, portanto já em 3ª mão.

Vale pelos cenários e sequências na cidade, pela parada com os elefantes (elementos importantes numa das alegorias mencionadas no filme), pela mansão e pela banda-sonora do mais-que-conhecido Kenji Kawai, que não desilude mas também surpreende pouco.

Classificação:6/10

Misato

3 Comments:

Blogger Jorge Soares Aka Shinobi said...

Caro Sérgio Lopes,

Retribuo os elogios feitos por ti ao meu blogue em geral e à minha pessoa em particular, pois de facto o cine-asia é um excelente espaço, que porventura já merecia ser um site.
Como já referi anteriormente, não ponho de parte uma futura colaboração com o cine-asia, atendendo à excelência do mesmo.
No entanto, de momento quero dedicar-me exclusivamente ao meu cantinho, pois custa-me muito a deixá-lo sem mais.
Um grande abraço, e se um dia apareceres aqui pela minha terra (mais depressa se calhar apareço pela tua, pois apesar de ser madeirense, o meu pai é de Gaia), faz favor de mandar um mail, para tomarmos um café e conversarmos com certeza sobre bastante cinema asiático.

7:38 da tarde  
Blogger Kitato said...

a propósito de Innocence, um amigo austríaco disse-me um dia: não percebi nada, mas foi o melhor filme de animação que já vi.


- boa sorte para o shinobi

7:18 da tarde  
Blogger Sérgio Lopes said...

Tato: Não vi O innocence, por isso não comento. Mas a Msatoé especialista em anime, por isso...

Cumprimentos,

11:38 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home