domingo, fevereiro 25, 2007

The Banquet (Ye Yan)

China, 2006, 131Min.

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Sinopse: Uma adaptação muito livre de Hamlet de Shakespeare, The Banquet centra-se num império em caos. O Imperador, a Imperatriz, o príncipe legítimo, o ministro e o general, todos eles têm os seus próprios inimigos. Tentarão livrar-se de cada um deles num gigantesco banquete organizado pelo imperador...

Crítica: Ang Lee com Crouching Tiger Hidden Dragon e Zhang Yimou com Hero, fizeram a proeza de transformar o género Wuxia num produto apetecível aos olhos do público ocidental. Mas ao contrário de Lee e Yimou, outros realizadores asiáticos não aproveitaram o sucesso granjeado. Foi o caso de, por exemplo, Chen Caige (Farewell My Concubine) que com The Promise foi espezinhado pela crítica. Curiosamente, Feng Xiaogang, um dos cineastas chineses mais mainstream, tenta se desligar desse epíteto e cria com The Banquet um épico wuxia contrário aos filmes de Zhang Yimou: Teatral, lento, dramático, mas em última estância desapontante.

Descrito como uma adaptação livre de Hamlet de Shakespeare (com algumas referências a outra obra do escritor - Macbeth), The Banquet trata-se de um conto de vingança, que ocorre no seio da famíla real, em plena China, no século X. A história baseia-se na chegada de um novo imperador ao trono (Ge You) que matara o antigo imperador (seu irmão) para ocupar o seu cargo. A imperatriz, agora viúva, interpretada pela estrela internacional Ziyi Zhang, aceita casar com o novo imperador para se proteger. No entanto, com a chegada do príncipe, legítimo hedeiro ao trono e que estivera fora por 3 anos, ela começa secretamente a planear a morte do Imperador. Tudo está planeado para ocorrer durante o gigantesco banquete organizado pelo Imperador. No entanto, cada um tem as suas motivações e ambições, na sede pela conquista do poder...

Com mais de duas horas de duração e um orçamento brutal de mais de 18 milhões de dólares, é infeliz constatar que The Banquet é uma desilusão. Nem a inclusão da super-estrela Ziyi Zhang, para cativar a audiência ocidental ajuda, poie a ela propria também não lhe acenta muito bem o papel da jovem imperatriz, apesar do esforço e trabalho dispendido. Falta-lhe mais qualquer coisa, talvez um pouco mais de presença. Daniel Wu, a jovem estrela de Hong-Kong parece também mal escolhido para interpretar o príncipe Wu Lan, faltando-lhe nitidamente carisma. Já o Chinês You Ge cria um Imperador ambicioso e credível.

O problema principal de The Banquet é o excesso de duração de cada cena, onde nada de significativo se passa, com um ritmo narrativo demasiado lento, teatral e previsivel. Convenhamos que esta história trágica não é nova e a sua previsiblidade não abona muito em cativar o espectador. O principal interesse do filme ocorre durante o banquete organizado pelo imperador, mas até lá já decorreu mais de hora e meia de filme (para quem não adormeceu entretanto).

Há que referir, no entanto, os magníficos cenários e o guarda-roupa de época bastante cuidado, a fotografia em tons negros e vermelhos que acentuam a tragédia e uma música bem elaborada a condizer. Apesar de ser um épico Wuxia, tem poucas cenas de luta, pois o realizador priveligia a parte dramática. No entanto, as cenas de luta apesar de um pouco descontextualizadas, pois parecem não ter nada ver com o tom teatral geral do filme, estão bem coreografadas, embora não sejam nada de especial.

The Banquet não é um mau filme. Trata-se de um épico em larga escala, estéticamente muito belo, dramático e cheio de intrigas. Sofre, no entanto, da sobreposição dos valores de produção sobre os próprios protagonistas, narrativa e argumento. No campo completamente oposto a Hero ou Crouching Tiger Hidden Dragon, agradará sobretudo aos amantes de dramas de época, com uma atmosfera trágica reinante.

Sérgio Lopes