Paradise Now

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Sinopse: Dois jovens amigos palestinianos, Khaled e Saïd, são recrutados para cometerem um atentado suicida em Telavive. Após a última noite com as famílias, sem se poderem despedir, são levados à fronteira com as bombas atadas à volta do corpo. No entanto, a operação não corre como esperado e eles perdem-se um do outro. Separados, são confrontados com o seu destino e as suas próprias convicções... O filme realizado em Nablus traz-nos uma visão interior das vidas normais de pessoas em condições desesperadas.
Crítica: Num período em que o conflito entre Israel e a Palestina gera notícias constantes em grande parte dos telejornais, devido aos cenários de tensão quase diária, as abordagens cinematográficas centradas nesta temática começam também a evidenciar-se. Foi o caso do interessante "Syriana", de Stephen Gaghan, ou do soberbo "Munique", de Steven Spielberg, e é também o de "O Paraíso, Agora!" (Paradise Now), que ao contrário dos anteriores não nasce em Hollywood mas da iniciativa do palestiniano Hany Abu-Assad.

Alvo de consideráveis distinções a nível internacional - Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, nomeado para os Óscares na mesma categoria e premiado no Festival de Berlim, entre outros -, o filme poderia ser um dos que se torna foco de atenção mais pela relevância da temática e boas intenções da sua "mensagem" do que pela abordagem que propõe e méritos cinematográficos, mas felizmente Abu-Assad oferece aqui uma prova de sensibilidade e inteligência, suscitando a reflexão sem se tornar estridente, maniqueísta ou oportunista.

Aqui as personagens não são meros instrumentos que se limitam a debitar posicionamentos políticos e morais (embora estes sejam discutidos), antes figuras complexas e credíveis que o filme explora com genuína densidade emocional, nunca abdicando da dimensão humana. A direcção de actores é, por isso, decisiva, e se todos são verosímeis é obrigatório destacar Kais Nashef, brilhante na pele de Saïd, o denso e circunspecto protagonista, muito longe dos lugares-comuns a que são associados muitas vezes os agentes suicidas. Notabilizando-se com uma das mais subtis interpretações do ano, Nashef cativa pelo seguro underacting, cujo olhar desencantado traduz todas as contrariedades de um quotidiano pouco esperançoso.

Pertinente e corajosa, "O Paraíso, Agora!" é uma das melhores obras a estrear em salas nacionais em 2006, despertando o espectador sem cair no pretensiosismo de um filme de tese nem apostando em rodrigunhos fáceis e moralistas. Uma das boas propostas cinematográficas a descobrir, com um olhar diferente sobre um contexto com tanto de conturbado como de actual.
Gonçalo Sá
5 Comments:
Gostei muito deste filme e até o coloquei no meu top de 2006. Surpreendeu-me pela inteligência e pela abordagem a um tema tão delicado!
Esse filme é impressionante porque nos mostra o lado que para nós era um grande buraco negro.
Vale a pena como filme, e ainda mais como informação.
Wasted Blues: Também consta do meu, foi uma bela surpresa.
Museu do Cinema: Concordo, pena ter passado um pouco despercebido.
Filme excelente,
onde procura-se monstrar o lado do qual não obtemos conhecimento,e deixando bem claro a proporção do conflito em que Kalhed e Said vivenciam, fazendo-nos pensar um poucos mais sobre determinada ações.
Ainda tenho uma dúvida em relação ao final do filme que para mim não ficou bem claro, Said aciona a bomba ou ele fica vivo no final do filme?
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