segunda-feira, janeiro 21, 2008

Zhou Yu’s Train (Zhou Yu de huo che)


China/Hong Kong, 2002, 95 min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Zhou Yu é uma artista de porcelana chinesa que se apaixona por um poeta e todas as semanas percorre centenas de quilómetros de comboio para se encontrar com ele. Entretanto surge na vida de Zhou Yu um outro homem, um descontraído veterinário que se cruza com ela no comboio. Quando a distância do poeta se torna demasiado longa para ser percorrida, Zhou Yu vê-se confrontada com a necessidade de escolher se quer continuar à espera dele ou se precisa de mudar de rumo.

Crítica: Realizado por Sun Zhou, Zhou Yu’s Train é um drama romântico, mas de um romantismo poético, não ostensivo. Há uma certa herança de alguns filmes de Hong Kar Wai, que se nota não só no romantismo da história como na opção por algumas cenas em câmara lenta ou pela banda sonora. Os planos recorrentes de comboios em movimento acentuam uma ideia de viagem também interior, com partidas e retornos como o próprio percurso pessoal da protagonista. Em muitas cenas do filme a vastidão do espaço, seja ele rural ou urbano, parece esmagar os protagonistas e o comboio pode ser visto como o meio que lhes permite vencer esse condicionalismo, suprimindo as distâncias e possibilitando o encontro como a pessoa amada (Zhou Yu visita o poeta viajando até ele de comboio, o veterinário conhece e encontra Zhou Yu no comboio). Quando não há maneira de superar essa separação por meio do comboio, o que sucede quando o poeta vai trabalhar para o Tibete, a relação fica condenada.


Além da importância real e simbólica do comboio, há o mistério da figura de Zhou Yu. Mulher real ou musa ou apenas criação de um artista? Ou todas? As dimensões confundem-se, sendo essa confusão acentuada pela presença de outra personagem feminina que percorre o filme. Ambas são encarnadas pela fabulosa Gong Li, cuja interpretação domina todo o filme, embora seja bem secundada pelas prestações masculinas de Tony Leung Ka-Fai, que veste bastante bem a pele do poeta, e Sun Honlei, igualmente convincente como o veterinário.

Além da bonita, e algo triste, banda sonora, há ainda que referir a deslumbrante fotografia, predominando os tons vermelhos.
O filme resulta pelo seu equilíbrio, conseguindo mostrar situações e evocar estados de alma sem exageros, sempre na medida certa, fluindo com a harmonia de uma melodia. A ideia de poesia, que facilmente se associa a Zhou Yu’s Train, não vem apenas dos poemas de um dos protagonistas mas sim do filme no seu conjunto. Dele retemos um certo tom melancólico e uma aura enigmática que continua a fascinar muito depois do filme terminar. Hora de meia de uma beleza frágil e misteriosa, que se recomenda vivamente a apreciadores deste género de filmes.


Helena F.

3 Comments:

Blogger Sérgio Lopes said...

mais uma fantástica review Helena! Beijinhos

10:11 da tarde  
Blogger Nuno said...

Olá Helena,

Mais uma explêndida análise a um filme, parabéns.
Vi o filme e gostei muito, ainda mais com a minha actriz asiática favorita...a Li Gong.
Mais que um filme...é um poema

Nuno

10:48 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Creio que a Gong Li é também a minha actriz asiática favorita. Pelo menos da actualidade. Aliás, não é só a minha favorita da Ásia, é uma das minhas favoritas ponto ;)

11:09 da tarde  

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