sexta-feira, fevereiro 01, 2008

The Road Home (Wo de fu qin mu qin)


China, 1999, 89 min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Luo Yusheng regressa à sua aldeia-natal para ajudar a mãe a preparar o funeral do pai. Esta quer uma grande cerimónia, seguindo a tradição de trazer o corpo em cortejo da morgue da cidade até à aldeia gritando ao morto que estava a voltar a casa, para que este não se ‘esquecesse do caminho’. No entanto, na aldeia restam poucas pessoas para que tal seja exequível. Enquanto pensa numa solução, Luo Yusheng evoca o tempo em que os pais se conheceram e redescobre a importância da sua história de amor e do sentido de pertença a uma comunidade.

Crítica: O filme desdobra-se em dois tempos: um presente, filmado a preto-e-branco, onde acompanhamos o retorno do filho à aldeia, e um passado, filmado a cores, que representa a memória que o filho tem do tempo em que o pai, Luo Changyu, chegou à aldeia e a mãe, Zhao Di, se apaixonou por ele. Ambos são narrados pelo filho e ambos levam, cada um à sua maneira, ao encontro de uma solução para o funeral do pai.

A maioria do filme passa-se nesse passado evocado. Vemos o pai a chegar à aldeia ainda jovem, como professor, e a mãe, igualmente muito jovem, a deixar-se fascinar por ele. Analfabeta, ela apaixona-se pelo ‘som da sua voz a ler’ e expressa a sua afeição numa série de tentativas de aproximação que são correspondidas por breves instantes, pois vêm ser interrompidas quando Luo Changyu é levado da aldeia para ser interrogado (apesar de presentes, as referências políticas estão bastante mais esbatidas que noutros filmes do realizador). No entanto, há uma vontade individual que triunfa, neste caso a de Zhao Di, que estoicamente espera o regresso do enamorado. Frisa-se aliás a sua importância a dada altura quando nos é dito que ela fora a primeira mulher da aldeia a expressar livremente o seu amor.

Ao lembrar a história dos pais, Yusheng redescobre um sentido de pertença à sua terra, na qual se tornara um estranho. E compreende finalmente a insistência da mãe em fazer um funeral em grande, tratando de reunir todos os meios necessários para que tal se realize. No entanto, há outra faceta do pai que o filho descobre: o seu papel de professor da aldeia, cargo que exercera durante décadas. A sua morte representa, de certa maneira, a morte também da escola, que Yusheng tentará impedir.

Este filme marca o início da colaboração do realizador Zhang Yimou com a actriz Zhang Ziyi, que teve aqui a sua estreia no cinema. Durante alguns filmes (The Road Home, Hero, House of Flying Daggers), Ziyi veio substituir a musa do realizador, Gong Li (que regressou a colaborar com o autor em Curse of the Golden Flower).
Longe da monumentalidade de filmes como To Live ou, mais recentemente, Hero, embora mantendo o espantoso trabalho de fotografia, The Road Home é um trabalho bem mais intimista, seguindo com a calma de um pequeno lugarejo rural, acompanhando o passar das estações. Uma proposta bem recomendável para aqueles que apreciam esta faceta menos espectacular de Zhang Yimou ou para aqueles que, simplesmente, ainda não a descobriram.

Helena F.

5 Comments:

Blogger Nuno said...

Olá Helena,

Um bom filme do melhor realizador Chinês da actualidade e, para mim, um dos melhores do mundo. Um filme sem a espectacularidade das mais recentes grandes produções de Yimou Zhang, mas da fase mais dramática e intimista do realizador. Vi tudo o que é de Yimou Zhang...e gostei de todos.
Parabéns por mais esta análise

Nuno

10:54 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Obrigada pelas palavras! Zhang Yimou é certamente um dos mais conhecidos realizadores chineses, embora pessoalmente prefira Wong Kar-Wai e esteja a descobrir maravilhada obras de Cheng Kaige, Jia Zhang-ke e outros autores contemporâneos com estilos diferentes.
Não vi todos os filmes de Zhang Yimou, mas vi uns quantos, tanto mais antigos como os mais recentes, e este The Road Home tocou-me imenso pelo seu intimismo, pela forma belíssima de contar uma história tão simples... É certamente uma paragem recomendada na sua filmografia.

11:01 da tarde  
Blogger Nuno said...

Helena,

Sou também um grande admirador da obra de Wong Kar-Wai, do qual vi uma dezena de filmes. A par de Yimou Zhang e do Coreano Kim Ki-Duk são os meus 3 realizadores asiáticos (vivos) preferidos.

Nuno

5:27 da tarde  
Blogger Unknown said...

Eu gostava de ver o filme.
Sabe dizer-me se existe versão em DVD e se há versão em Português?

7:05 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Vi este filme numa edição espanhola que incluía legendas em português mas creio que existe em edição portuguesa. Pelo menos está noticiada no site DVDpt: http://www.dvdpt.com/o/o_caminho_para_casa.php

12:57 da manhã  

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