Days of Being Wild (A Fei zheng chuan)

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Crítica: Days of Being Wild é o segundo filme realizado por Wong Kar-Wai mas o seu estilo já se encontra aqui bem definido. A nível de enredo encontramos as histórias cruzadas e os conflitos interiores das personagens, algumas bastante complexas, como o protagonista. Este rejeita as mulheres com quem se relaciona (e mesmo a madrasta, com quem mantém laços de natureza ambígua) e apenas se mostra empenhado em descobrir a mãe. Na verdade, a busca era por si próprio, pela sua verdadeira identidade.
As palavras aqui têm uma importância secundária. Importa construir uma atmosfera, sugerir com uma subtileza admirável estados de alma. Veja-se a cena em que Maggie Cheung fala com Tide de fora do portão, como se estivesse em frente das grades de uma prisão, retrato visual de uma prisão... emocional. Importa também evocar o tempo (outro aspecto característico de filmes de Wong) e os seus efeitos, seja pela referência constante ao minuto que selou eternamente a ligação de Yuddy e Li zhen, seja pelos vários planos de relógios.

Este filme reúne vários nomes sonantes do cinema e/ou da música chinesa. Em grande destaque temos Leslie Cheung, que tem uma prestação assinalável como Yuddy, construindo uma personagem fria e narcisista mas, ao mesmo tempo, apenas perdida. Alguns anos depois ele teria o papel de uma vida em Farewell My Concubine, de Chen Kaige (aos 46 anos pôs termo à vida, deixando a memória de uma carreira de retumbante sucesso na música e no cinema chinês). Refiram-se ainda a contenção de Andy Lau, a exuberância de Carina Lau e a presença da veterana da canção Rebecca Pan. Mas a composição mais tocante acaba por ser a de Maggie Cheung como a frágil Li zhen.
Days of Being Wild é pois um brilhante exemplo da mestria de Wong Kar-Wai, e em como ela já era evidente nos primeiros trabalhos. A poucas semanas de o reencontrarmos em My Blueberry Nights, que abrirá o festival Indie Lisboa, é sempre bom voltar à sua obra extraordinária.
Helena F.
2 Comments:
Mais a juntar na imensa lista de filmes que ainda tenho que ver :)
Por incrível que pareça, só cheguei a ver Amor á Flor da pele (In the Mood for Love) do Wong Kar-wai.
Quero ver My Blueberry nights e 2046, dentre outras obras desse famoso diretor oriental.
Valeu pela dica!
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