quinta-feira, junho 28, 2007

The Messengers

EUA, 2007, 84Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Para fugir ao ritmo frenético de Chicago, a família Solomon decide deixar tudo para trás e instalar-se numa casa de campo na Dakota do Norte. Os deslumbrantes campos de girassóis da quinta compõem aquele que parece ser o cenário ideal para Roy e Denise e para os seus dois filhos: Jess, de 16 anos, e Ben, de 3 anos. Mas o inicial comportamento estranho de Ben – que aparenta ter visões - levanta suspeitas a Jess e cedo a família é confrontada com a existência de forças maléficas dentro daquela que parecia ser a casa perfeita...

Crítica: The Messengers trata-se da primeira aventura em solo americano do duo de peso do terror asiático, os irmãos Danny e Oxide Pang, responsáveis por algumas das obras mais marcantes do terror oriental recente, tais como, o tríptico 'The Eye', 'Ab-Normal Beauty' ou 'ReCycle', entre outros. E tal como noutras incursões do género, infelizmente, o resultado é muito pouco satisfatório. Ainda que o culto à volta dos irmãos Pang seja devido sobretudo a alguns primores técnicos na realização dos seus filmes, o facto é que exceptuando "The Eye" e eventualmente "Bangkok Dangerous", os seus trabalhos são regra geral algo irregulares.
Em The Messengers acompanhamos uma família que muda para um meio rural, tentando escapar de um problema familiar e recomeçar a sua vida longe da grande metrópole, num local calmo, sereno e onde a famílai procura uma certa reunião. O problema (como seria de esperar) está na casa para onde vão habitar, onde estranhos fenómenos ocorrem e em vez da família colher a paz e a serenidade requerida, embarca num turbilhão de incertezas e medos... Onde é que já vimos isto antes? Em inúmeros filmes do género....

Os irmãos Pang vão fazendo o que podem, não muito, pois o argumento é vulgar e não têm muito por explorar. Os actores são meros veículos para as ocorrências estranhas, sem dimensão, exceptuando talvez a jovem actriz principal, centro da acção e cujo papel aparece um pouico mais desenvolvido. O resto é o mesmo de sempre, ou seja, planos onde a enfatização da música e as aparições bruscas dos fenómenos fantasmagóricos, tentam provocar o susto e o inesperado no espectador. O problema é que já não é inesperado...

Consta-se ainda que os irmãos Pang foram obrigados, pela produtora, a refazer algumas cenas após finalização do filme, pois não estavam satisfeitos com o resultado final do filme. Isto prova que os cineastas não tiveram total liberdade para a realização do filme, facto aliás que sucede com muitos outros realziadores, até mesmo os americanos. O resultado obviamente fica aquém das expectativas. The Messengers não sendo um mau filme, pauta-se por uma mediania constante. Vê-se e logo se esquece. Resta questionar a razão das incursões de cineastas asiáticos em domínio americano, com resultados pouco satisfatórios, muito aquém daquilo que produzem no país de origem.

Sérgio Lopes

terça-feira, junho 26, 2007

Gong Li no novo filme de Tim Burton?

Gong Li (Curse of the Golden Flower, Memoirs of a Geisha) poderá ser a actriz principal do mais recente projecto do visionário realizador Tim Burton intitulado "Ripley, Believe It or Not", um biopic, sobre o autor e artista americano Robert L. Ripley. Burton encontra-se também em negociações com o comediante Jim Carrey, para actor principal, uma vez que Johnny Depp, o actor fetiche do cineasta, declinou o projecto.

Gong Li fará o papel da namorada chinesa de Carrey, utilizado o seu próprio nome "Gong Li". O filme, com um orçamento de 150 milhões de dólares, incidirá sobre a vida atribulada do artista americano e a sua recheada experiência de vida. As filmagens iniciarão no próximo inverno, sendo que a estreia de "Ripley, Believe it or not" está prevista para 2009. Mais informações serão colocadas no cineasia, asssim que estiverem disponiveis.

Sérgio Lopes

segunda-feira, junho 25, 2007

Novo filme de Mamoru Oshii

Conhecido internacionalmente pelos filmes da franquia "Ghost in the Shell", Mamoru Oshii irá realizar "The Sky Crawlers", longa de animação que deve ser lançada no Japão em meados 2008, segundo informa a produtora japonesa Prodution I.G. O trabalho será baseado na saga literária homônima escrita por Hiroshi Mori. A história decorre num presente alternativo, onde humanos geneticamente concebidos para serem sempre adolescentes, conhecidos como "kildren", lutam numa guerra como diversão para o povo.

Após ler o original, Oshii o louvou como "um trabalho que deveria ser transformado num filme para os jovens de hoje". "É hora de encarar essa nova percepção de nossa existência através dos kildren, que vivem indefinidamente numa juventude perpétua, e esse tema deve ser lidado agora", declarou o cineasta. Destacam-se das suas obras o já citado "Ghost in the Shelll" e "Patlabor". Na sua filmografia predominam animações futuristas e bastante estilizadas, geralmente com um olhar muito pessimista em relação à humanidade.

Marcus Vinicius

sexta-feira, junho 22, 2007

Estreia da semana - The Banquet

Uma adaptação muito livre de Hamlet de Shakespeare, The Banquet centra-se num império em caos. O Imperador, a Imperatriz, o príncipe legítimo, o ministro e o general, todos eles têm os seus próprios inimigos. Tentarão livrar-se de cada um deles num gigantesco banquete organizado pelo imperador...

É a estreia da semana, do realizador Feng Xiaogang, um dos cineastas chineses mais mainstream, um épico a larga escala, com Ziyi Zhang e Daniel Wu, como principais protagonistas. Podem ler a crítica a The Banquet, anteriormente colocada no cineasia, AQUI.

Sérgio Lopes

quinta-feira, junho 21, 2007

New York Asian Film Festival 2007


O New York Asian Film Festival (NYAFF) é um evento anual que proporciona aos americanos da cidade de Nova York desfrutar do melhor cinema asiático actual. Em parceria com o site Subway Cinema, são visionados dezenas de filmes asiáticos recentes sendo escolhidos 30 considerados os mais interessantes e que estarão em competição durante o festival.

O NYAFF decorre entre 22 de Junho e 8 de Julho. Em 2005, o evento registou uma audiência superior a 7000 esoectadores e a edição de 2006 suplantou em muito este número. Em cada edição, são os próprios espectadores que votam e escolhem o que é considerado melhor filme galardoado com o prémio NYAFF Audience Award.

Os vencedores das últimas edições foram: MY SASSY GIRL (Coreia do Sul - 2002), PING PONG (Japão - 2003), PLEASE TEACH ME ENGLISH (Coreia da Sul - 2004), e THE TASTE OF TEA (Japão - 2005) e ALWAYS (Japão - 2006). Este anos decorre a sexta edição. Oportunamente o cineasia divulgará o grende vencedor da edição deste ano. Entretanto para ver a lista de filmes em competição, clicar AQUI.

A lista de filmes a exibir este ano é impressionante contendo entre muitas outras propostas interessantes os novíssimos filmes de Takashi Miike (Big Bang Love Juvenile A), Park Chan Wook (I'm a Cyborg But That's Ok), Johnnie To (Exiled), ou Kiyoshi Kurosawa (Retribution). Imperdível! Pena que seja nos EUA...

Sérgio Lopes

quarta-feira, junho 20, 2007

Alone... estreia 5ª feira!

A dupla de realizadores tailandeses Parkpoom Wongpoom e Banjong Pisanthanakun, responsáveis por uma das melhores propostas de terror mais recentes, 'Shutter', regressam, com nova película de terror, desta feita sobre gémeas siamesas, intitulada Alone. O filme estreia já amanhã, na Tailândia, e a expectativa é enorme após o sucesso tremendo de Shutter.

A sinopse é a seguinte: “Pim (Marsha Watanapanich) muda-se para a velha casa onde nasceu. Lá experencia aparecimentos súbitos de memórias perturbantes e a sensação de que alguém, ou algo, a move para o seu lado direito. Quando a verdade é descoberta, Pim apercebe-se que tivera uma irmã siamesa, ligada a ela pela anca..."

Encontra-se disponível o site oficial em flash que contém uma série de bónus, incluíndo um trailer de alta definição, disponível para download em formato quicktime, AQUI.

Sérgio Lopes

terça-feira, junho 19, 2007

Lisbon Village Festival - Presença Asiática

De 07 a 24 de Junho, cinema digital vindo de todo o mundo, exposições protagonizadas por novas tecnologias e festas ao som de grandes DJs da actualidade colocam novamente Lisboa no mapa das grandes metrópoles internacionais. Trata-se da segunda edição do Lisbon Village Festival. A secção dedicada ao cinema designa-se Village International D-Cinema Festival (VIDCF) e decorrerá entre 18 e 24 de Junho.

No que toca à presença asiática, o VIDCF, fruto da parceria com o festival nipónico Skip City International D-Cinema, recebe, entre 19 e 21, as seguintes curtas: Bluebottle, de Mamiko Hiwatari; Hello Horizon, de Nobuyuki Yoshikawa; Sakura Sakura, de Makoto Yamaguchi; bem como a longa metragem, The Summer Of Stickleback, de Mayu Nakamura.

Cliquem no logo do festival, para informações mais detalhadas, incluindo todo o programa do festival.

Sérgio Lopes

domingo, junho 17, 2007

Novo épico protagonizado por Andy Lau

Encontra-se disponível o trailer do épico ‘Three Kingdoms: Resurrection of the Dragon’ protagonizado por Maggie Q (estrela internacional de Die Hard 4) e Andy Lau (Infernal Affairs, Protegé), baseado numa das mais importantes peças de literatura chinesas, do escritor Luo Guangzhong “Romance of the Three Kingdoms” que proporcionou igualmente material para o novo de filme de John Woo Battle of Red Cliff.

Com um orçamento de mais de 25 milhões, esta mega-produção chinesa promete arrasar as bilheteiras. Em algumas cenas serão utilizados cerca de 40.00 extras, o dobro dos utilizados na trilogia "Lord Of The Rings".

Trailer

Página Oficial

Sérgio Lopes

quarta-feira, junho 13, 2007

After The Rain (Ame Agaru)

França/Japão, 1999, 91 Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Misawa (Akira Terao) é um ronin (samurai sem mestre), que juntamente com a sua esposa anda pelo mundo à procura de emprego. Numa noite, eles são surpreendidos por uma enchente e ficam numa pequena estalagem ao lado de pessoas muito necessitadas. Misawa sai em busca de mantimentos para essas pessoas, utilizando toda a sua técnica de samurai, e desperta a atenção do lorde do feudo local...

Crítica: Koizumi foi assistente de realização de Akira Kurosawa durante 28 anos, desde 1970, inclusive passando pela crise que o realizador sofreu desde Dodeskaden, mas pode ver a recuperação do mesmo com Derzu Uzala e assim por diante. Ame Agaru foi o último argumento escrito pelo mestre criador de Seven Samurai, baseado num conto do escritor Shugoro Yamamoto.

A história trata de pontos bem interessantes, como a mudanças dos tempos, por exemplo. Misawa, ao ser convidado pelo Lorde do feudo para fazer uma demonstração no seu castelo. Mas como ele quebrou o código de ética dos samurais, ele atraiu a ira dos veteranos, que também invejaram a sua técnica e seu talento. É um drama pessoal e simultaneamente colectivo, pois retrata que a era onde os samurais reinavam acabou, cuja nova era é pobre e decadente. Misawa sente isso, ao mesmo tempo em que sente essa mudança de valores, ele não se conforma com a pobreza das pessoas ao redor, tanto que sai de sua conduta para lhes providenciar comida.

Porém se o argumento é interessante, tecnicamente logo se vê que Koizumi não é Kurosawa, nem de longe. Fica claro que uma coisa é o mestre, o professor, aquele que é considerado o ‘imperador’ do cinema oriental, e outra coisa bem diferente é o seu aprendiz, seu aluno, esforçado e só, nada de espetacular ou especial. Ame Agaru é uma obra que fica presa à comparação, a constante citação, ou melhor, a constante recorrência as obras de Kurosawa. Não que a obra seja de todo má, mas a impressão que fica é que o realizador apenas copiou o estilo. Akira Terao, excelente actor, mantém o ritmo e a vontade do expectador de continuar assistindo.

Talvez o único que poderia tirar Ame Agaru do papel seria seu criador. Se Koizumi quis fazer uma homenagem ao mentor, ele obteve algum êxito. Mas como tentativa de se igualar ao imperador, bem... então falhou completamente. Por mais que o cinema asiático e japonês esteja numa óptima e constante evolução, é praticamente impossível surgir um novo Kurosawa. A meu ver, seria algo como surgir um novo Chaplin, alguém que de alguma forma reinventou o cinema.

Marcus Vinicius

sábado, junho 09, 2007

Dorm (Dek Hor)

Tailândia, 2006, 110Min.

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Sinopse: Chatree é uma criança que no seu sétimo ano lectivo é enviado para um colégio interno pelo pai, para que consiga melhorar as notas. À chegada ao seu novo dormitório, terá que enfrentar não só as outras crianças que fazem a vida negra ao novo aluno, mas também os mistérios sobrenaturais que povoam o dormitório...

Crítica: Realizado por Songyos Sugmakana e saído directamente da Tailândia, país proveniente do belíssimo filme de terror Shutter, chega-nos Dorm, mais uma excelente proposta que mescla o sobrenatural com a problemática da adolescência e da reclusão familiar. Dorm não é o típico filme de fantasmas, aliás pode-se dizer que terror, propriamente dito, até tem pouco, embora a campanha de marketing se tenha empenhado em transparecer que a base do filme era o terror.

E de facto Dorm não é um filme de terror, mas antes um filme com uma atmosfera reinante arrepiante e desconfortável, mas focalizado nos problemas de adolescência e inadapaatção do jovem Chantree, transferido para um colégio interno, por ordem maioritariamente de seu pai. Chantree sente-se injustiçado e inadaptado ao seu novo espaço , um dormitório, onde se contam histórias de fantasmas que assolam o local durante a noite...mas lentamente o jovem vai se entrusando no seu novo ambiente e cria uma amizade muito forte com Vichien, um jovem que todos os dias, pelas 6 da tarde desaparece misteriosamente e que só Chantree parece conseguir ver...
Dorm situa-se algures entre "El Espinazo del diablo" de Guillermo Del Toro e "O Sexto Sentido" de M. Night Shyamalan, sendo que se aproxima bastante mais da película do mexicano, não só na forma, como até no conteúdo, na medida em que o jovem cineasta tailandês estrutura toda a sua narrativa numa base emcional, sendo a parte sobrenatural, um mero suporte da acção. A parte sobrenatural existe e assusta a espaços, com truques algo batidos mas aplicados de forma eficaz (ranger de portas, cães a uivar, uso da música em crescendo) mas o facto do climax ocorrer a meio, durante a projecção de um filme no colégio, obriga a que a toada do filme se desprenda um pouco da parte sobrenatural e caminhe na direcção do estudo de personagens e relacionamento entre Chantree e Vichien.

Nesse sentido, Dorm acaba por ser um filme que se consegue descolar dos habituais clichés do género. Songyos Sugmakana utiliza constantemente tons de cinzento para tornar o dormitório um local sinistro, que principalmente quando filmado à noite é de facto arrepiante. O filme é ben estruturado e ritmado e o argumeto bem delineado investindo sempre na parte emocional e humana dos personagens, dando assim maior credibilidade aos acontecimentos sobrenaturais, até porventura provenientes do isolamento e medo.

Vencedor do urso de vidro no festival de Berlim, bem como de uma menção especial para Sugmakana no mesmo festival, Dorm pauta-se por um filme que abana as convenções do género horror. Um filme diferente e nada convencioal dentro do género que merece a nossa atenção.

Sérgio Lopes

segunda-feira, junho 04, 2007

Kamikaze Taxi


Japão, 1995, 170Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Um jovem yakuza procura vingança quando a sua namorada prostituta morre após uma sessão com um poderoso político japonês com um gosto especial por tortura. Inicia então uma missão 'kamikaze' para fazer justiça... pelo caminho encontra um taxista recentemente regressado ao Japão após ter vivivido na América do Sul e que luta contra a pobreza.

Crítica: Com certeza você já ouviu falar do termo “dekassegui”, que designa os brasileiros descendentes de japoneses que vão ao Japão para tentar uma vida melhor. Essa foi uma palavra literalmente inventada no Brasil, mas que ganhou força internacionalmente; sendo hoje incorporada até no vocabulário do Japão. Mas, deixando aspectos linguísticos de lado, e voltando ao lado mais socioeconômico, o assunto ganha uma dimensão cada vez maior no Japão na medida em que o país não consegue sair da recessão de mais de uma década e na medida em que o número de dekasseguis aumenta. Aos poucos, eles vão se incorporando na cultura japonesa invadindo até as telas de cinema.

Caso típico é o filme “Kamikaze Taxi”. Poderia ser simplemente mais um dos milhares de filmes sobre a Yakuza, se não tratasse exatamente desse assunto. O filme começa como um documentário, que serve para posicionar historicamente o espectador, lembrando até o estilo de Kinji Fukasaku em “Battle With Honour and Humanity”. Além de citar factos históricos e entrevistar dekasseguis, o realizador afirma que há 150 mil “estrangeiros” que abandonaram os países de criação e retornaram ao Japão como cidadãos de segunda classe; existem 90 mil Yakuzas; e o país tem uma quantidade de políticos corruptos além do desejado. E que, às vezes, esses grupos se cruzam. É o que ocorre nesse filme.

Tatsuo (Tatsuya Takahsahi) é um aspirante a Yakuza que recebe sua primeira missão: recrutar garotas de programa para o corrupto senador Domon (Naito Taketoshi). Para essa tarefa, leva sua amante e a colega Tama (Reiko Katayama). O senador Domon, ex-kamikaze, é um típico político japonês que vê na retórica nacionalista e no orgulho pós-guerra o seu combustível eleitoral e de crítica a grupos contrários. No encontro, Domon acaba matando a amante e ferindo Tama. Após escapar, Tama conta a Tatsuo que Domon mantém uma boa quantia de dinheiro escondida em um vaso em sua casa. Ambicioso e com um sentimento de vingança, Tatsuo reúne alguns amigos e roubam a casa do senador.

O que parecia ser uma missão de sucesso, acaba virando um pesadelo. O clã da Yakuza protegido por Domon descobre a traição de Tatsuo e vai atrás do bando. Todos os amigos de Tatsuo são mortos impiedosamente. Ele consegue escapar e acaba contratando um taxista para levá-lo a Tóquio para se vingar do clã. O taxista é justamente o dekassegui Kantake Kazumasa (Koji Yakusho), que saiu do Japão quando criança e imigrou para o Peru, e que retornara ao Japão para tentar ganhar a vida com taxista. Kantake — que guarda consigo um grande segredo — é um típico dekassegui: retraído e com muita saudade de casa. É ainda semi-analfabeto na língua japonesa e constantemente pede ajuda a seus passageiros para identificar ruas num guia.

Durante a viagem, o cineasta Masato Harada expõe o mundo da Yakuza e dos dekasseguis num simples táxi, fazendo um confronto entre os dois mundos aparentemente incongruentes. Tatsuo é um típico jovem japonês, que através da geografia, expõe a sua ignorância e indiferença pelo mundo fora do Japão. “Não é na União Soviética?”, pergunta sobre a localização do Peru. Kantake, por sua vez, tenta compreender o mundo da honra e da fidelidade presente na sociedade japonesa e se mantém fiel a seu passageiro, mesmo sabendo que ele é um Yakuza jurado de morte. Aos poucos, os dois vão entendendo o mundo do outro e vão descobrindo que as afinidades entre eles são bem maiores do que pensavam, criando uma relação, ao mesmo tempo, amistosa e estranha. Mas o melhor do filme fica para o final surpreendente e extremamente pesado e crítico.
Enfim, o filme expõe de forma escancarada o problema da imigração e sua relação com a sociedade japonesa a diferentes níveis. Fica registado que a trilha sonora é totalmente composta por músicas típicas dos Andes e, durante os créditos, são mostradas fotos de habitantes da região, numa clara homenagem do diretor ao povo andino. Estamos diante de um belíssimo filme de três mundos diferentes: Yakuza, dekasseguis e políticos; e, como diz o filme, às vezes eles se cruzam...

sábado, junho 02, 2007

Linger, de Johnnie To

Johnnie To, um dos mais consagrados cineastas de Hong-Kong, cujo nome foi construído com base nos thrillers criminais sobre a tríade local, muda completamente de registo com o seu próximo filme, ao que parece um pequeno drama romântico intitulado, Linger, protagonizado por Vic Zhou e Bing-Bing Li.
Eis a frase promocional: Vida atribulada, corações destroçados, amores inesqueciveis... O reaparecimento de um amor perdido trará de volta o sentimento desvanecido do amor. Será real ou apenas um pedaço de uma memória perdida? mas podemos escolher a nossa memória. Revela uma verdade insopurtável, enquanto a verdadeira perfeição vem sempre anexada aos nossos arrependimentos...

Mais informações serão colocadas no cineasia, assim que estiverem disponiveis.

Sérgio Lopes