sábado, abril 29, 2006

Blue Spring

Japão, 2001,83Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: No ano de término do curso, os estudantes transformam a sua escola uma espécie de sociedade feita à sua medida. O novo líder Kujo ignora todas as leis, mesmo aquelas que determinaram a sua eleição. Com este vazio de poder, cedo se começa a degradar tudo à volta dos estudantes. À medida que chega o fim da escola cada vez estudam mais... violência e morte.

Crítica: Toshiyaki Yododa, ao lado de Hirokazu Kore-Eda, é sem dúvida um dos cineastas japoneses mais instigantes e inteligentes da sua geração. Sabe como ninguem entender os caminhos na busca da auto-afirmação individual diante de uma sociedade que parece soar indiferente, inerte e narcisista. Em Pornostar (1998), a violência foi usada para encontrar respostas para um andarilho urbano invisível; e em Nine Souls (2003) prisioneiros fugitivos buscavam no presente entender o passado que lhe foi negado e tentam preencher essa lacuna. Já em Blue Spring (2001) essa busca serve mais como um rito de passagem da adolescência dos estudantes de um colégio para rapazes rumo ao mundo dos adultos, cujo medo e a vontade de permanecer sempre jovem torneiam a insegurança natural desses estudantes.

O filme mostra a vida de estudantes que pouco se interessam pelos estudos e que vivem com os seus pensamentos vagos, procurando afirmar a sua superioridade em gestos pouco usuais. Por exemplo: aquele que conseguir bater mais palmas no topo do edifício da escola, à beira do precipício, apoiado somente pelos pés, torna-se simbolicamente o líder dos estudantes, conseguindo assim, teoricamente, o respeito dos demais rapazes (!)

Mas como em qualquer amontoado de pessoas onde o poder se apresenta frágil, esses líderes são constantemente convidados para novos desafios, principalmente quando essa superioridade é facilmente posta em causa. É interessante notar a ausência do poder, ou seja, dos professores diante de tal atitude. E quando essa figura nos é apresentada, vemos pessoas inseguras e pouco interessadas em mudar o rumo desses jovens. É como se Toyoda tratasse essa figura adulta como um detalhe figurativo sem muita importância — esteticamente falando.

Para Toyoda, essa busca incessante pelo poder por parte dos estudantes pode ser entendido não como uma forma de afirmação, mas sim como um medo e um motivo para fugir da realidade fora da escola. Eles ficam constantemente contemplando o lado exterior no topo do edifício da escola, seja os prédios, as miúdas, os carros etc. É como se fosse um outro mundo para eles, cuja fronteira fazem por não atravessar. Essa mesma visão distante é a única visão do exterior que Toyoda nos oferece. Não há nada fora da escola. Não há família, não há ruas, não há casas ou lojas. Apenas a escola é o seu mundo.

É ainda mais curioso notar que até o meio do filme não vemos nem a famosa cena dos estudantes a regressarem a casa após as aulas. É como se eles vivessem na escola ou que todo aquele tempo fosse resumido em algum momento em algum dia. A única pista fornecida para sabermos que se trata de um dia diferente dos demais são três flores plantadas pelos estudantes que naturalmente se desenvolvem e vão crescendo.

O realizador apresenta-nos somente dois estudantes que deixam a escola. Nem que seja de uma maneira pouco gloriosa: um sai preso por assassinar um colega e outro que abandona os estudos para se juntar à yakuza. Será que podemos entender que o futuro para esses rapazes será sempre tão tenebrosos assim? Os poucos que conseguem entender esse mundo exterior e encará-lo com naturalidade são desafiados e encarados como covardes traidores.

Blue Spring é um sublime ensaio da indiferença da causa e efeito que hoje norteiam a sociedade japonesa. Os adultos, representados pelos professores, indiferentes à problemática da juventude, que por sua vez, buscam à sua maneira criar um mundo onde possoam entender e serem entendidos com regras próprias, mesmo que fragéis e em constante mudança. O mais interessante é que Toyoda não imprime um estilo forte tecnicamente — isso não quer dizer que ele não tenha estilo —, apenas deixa os personagens e seus factos falarem mais alto. Maravilhoso.

Classificação: 8/10

Ric Bakemon

quarta-feira, abril 26, 2006

Cannes 2006


O cartaz de apresentação do festival de Cannes de 2006 depreende desde logo que é presidido pelo conceituado realizador Wong Kar-Wai. Para quem está familiarizado com o seu peculiar estilo, o cartaz remonta bem às linhas característcas do cineasta (Como em In The Mood For Love por exemplo).

Num festival com uma programação forte onde figuram as novas películas de Pedro Almodovar - Volver ou Sofia Coppola - Maria Antonieta, entre outras, a presença asiática resume-se simplesmente a Summer Palace, de Lou Ye (Su Zhou River), que estará em competição.

Extra competição será possivel visionar o novo dos irmãos Pang (The Eye, Abnormal beauty) intitulado Re-Cycle, bem como Election 2, de Johhny To, a sequela do grande vencedor dos prémios de Hong-Kong 2006, Election.

Sérgio Lopes

terça-feira, abril 25, 2006

Election

Hong-Kong, 2005, 99Min.

Sinopse: De dois em dois anos, chega o tempo de eleição do novo líder da mais antiga Tríade de Hong-Kong. De um lado está Lok (Simon Yam) que segue as tradições do clã, enquanto que o seu concorrente Big D (Tony Leung Ka Fai) que anseia pelo poder a qualquer preço, utiliza todos os meios ao seu alcance para atingir a presidência da tríade, nem que para isso tenha que quebrar a tradição de centenas de anos da sociedade…

Crítica: Esta é a premissa do novo filme do famoso realizador de Hong-kong, Johhny To, que entre outros filmes, conta no seu currículo, com os sucessos comerciais PTU e The Mission, sendo um realizador em actividade há mais de 25 anos. Election, trata-se de nada mais nada menos, que um manual de como se processa a eleição do cargo de líder da sociedade ancestral de Hong-Kong, a tríade Wo Sing, sociedade com raízes e tradição centenárias.

Não se trata de um filme de acção, mas sim de um thriller de contornos políticos, onde a ganância e a luta pelo poder são manipuladas pelo cineasta de forma bastante eficaz, nunca tornando o filme monótono ou desinteressante. Tal como o “Padrinho” de Coppola se centra mais nos conflitos pessoais, também Election desenvolve a narrativa nesse sentido. O argumento resume-se ao jogo de interesses dos dois candidatos a líderes, na busca do artefacto sagrado indispensável para a sua eleição e nos métodos antagónicos utilizados por cada um deles para convencer os membros mais antigos da sociedade (denominados de Tios), para a sua eleição.

Embora possa ser criticável por um argumento bastante linear, Johnny To tem uma realização bastante apelativa conseguindo captar a atenção do espectador até ao clímax final. Contando com um grupo de actores de eleição que compõem um grupo de secundários que são uma mais valia para a película, destaca-se, no entanto, o conceituado actor Tony Leung Kai-Fa, como Big D. A partitura sonora encaixa igualmente na perfeição criando o ambiente que Johnny To pretende.

Election esteve em competição no festival de Cannes de 2005, onde não ganhou nenhum prémio, mas foi o grande vencedor dos prémios de Hong-Kong deste ano, tendo sido galardoado com as distinções de melhor filme, melhor realizador, melhor argumento e melhor actor (Tony Leung Kai Fa). Trata-se de um filme agradável e que se vê de bom grado. A segunda parte, Election 2, já está a caminho.

Classificação: 7/10

Sérgio Lopes

segunda-feira, abril 24, 2006

Novo Filme de Park Chan-Wook


Começou esta semana a rodagem do filme I´m a Cyborg, But That´s Ok, a nova película do conceituado cineasta coreano Park Chan-Wook, responsável pela impressionante trilogia de vingança, composta por Sympathy For Mr. Vengenace, Oldboy e Sympathy For lady Vengeance. O filme será protagonizado pelo cantor Rain e pela actriz Lim Soo-jeong (A Tale Of Two Sisters).

Trata-se de uma rapariga que pensa ser um cyborg de combate para lutar numa guerra pós-apocaliptica e que é levada para um hospital psiquiátrico, onde trava conhecimento com outros pacientes. Vai acabar por se apaixonar por um homem que acredita conseguir roubar as almas das outras pessoas...

Promete...!

Sérgio Lopes

sábado, abril 22, 2006

Cutie Honey

Japão, 2004, 94min

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Cutie Honey não é uma rapariga, mas sim uma androide com superpoderes. Mas os seus poderes esgotam-se e para recarregar energias Honey tem de comer (e como!). À margem da lei, ela age como uma justiceira, para grande irritação de Natsuko, provávelmente a única detective da polícia com competência. As duas, com a ajuda de Seiji, um jornalista metediço, acabam envolvidas numa trama dos Panther Claw para dominar o mundo e salvam-no com... amor!

Crítica: Este é daqueles filmes que se uma pessoa não está devidamente mentalizada para o factor “humor do disparate” é melhor não ver. Nada aqui faz verdadeiramente sentido, mas, o que é que isso interessa verdadeiramente? O filme é super-divertido, alucinado, com efeitos especiais assumidos e uma estética altamente colorida (preparar para doses industriais de cor-de-rosa).

Cutie Honey fez parte de um projecto comemorativo da série de manga, anime e OAVs de autoria de Go Nagai, que também assina o argumento deste filme. Este projecto, com produção dos famosos estúdios da Gainax (Evangelion) e realização de Hideaki Anno, co-autor de Evangelion, além de lançar em DVD todo o material existente até agora de Cutie Honey, produziu este filme e, em paralelo, uma série de 3 novos OAVs de animação, Re: Cutie Honey, que funcionam como uma espécie de complemento do filme.

Como já disse, o grande mérito do filme é ser divertido, mas, analisando um bocadinho mais profundamente, é mais que isso. Todo este universo já é à partida um bocado alucinado e estranho, a heroína, para além de muito pouco convencional, não tem práticamente pudor algum, acaba sendo um exemplo exagerado de como os japoneses encaram a sexualidade, um misto de atrevimento e ingenuidade. Os vilões (melhor dito: vilãs) são completamente narcisistas e nunca vêm para além do próprio umbigo, nem mesmo os companheiros de conquista do mundo.


Os capangas, ou seja, carne-para-canhão, são isso mesmo: carne-para-canhão. O suposto “galã”, Seiji, em vez de proteger Honey (claramente bem mais forte que ele), flirta com ela e Natsuko o tempo todo. E a força policial é do mais incompetente que se possa imaginar, fora a esforçada Natsuko que, por falta de apoio, raramente consegue prender alguma das vilãs.

À primeira até pode parecer um filme extremamente sexista, no modo como as mulheres estão constantemente a ser despidas, mas, dentro do contexto, é tudo tão hilariante que não há feminista que resista (às mais fundamentalistas o melhor é não verem o filme de todo). No fim das contas, neste filme, são as mulheres que dão as cartas: são mulheres que querem conquistar o mundo, são as mulheres as únicas que mostram algum tipo de inteligência e são as mulheres que salvam o mundo.

Fiquei agradávelmente surpreendida com a actriz Eriko Sato, que desconhecia, pois não acompanho as carreiras das idols japonesas, mas que encaixa na perfeição na atrevida, mas totalmente naïf Kisaragi Honey. Também todos os outros actores nos papéis principais foram bem escolhidos e têm uma óptima performance dentro deste universo.

Tecnicamente o filme mostra por vezes as costuras, mas também acho que melhor não pode ser exigido, pois, apesar de ser um live action, este filme poderia ser muitíssimo bem um anime, sem tirar nem por. Tanto que, se se vir Re: Cutie Honey logo a seguir, as diferenças são poucas, só se muda de meio (bem... há mais nudez).

Mas os efeitos especiais são exageradamente engraçados (e muito gráficos), as caracterizações das vilãs excelentes (não há fechos éclair “à lá Godzilla” visíveis) e os cenários e guarda-roupa coloridos, mas a respeitar na totalidade este universo. A acção é de tal forma rápida que é difícil, num primeiro visionamento, apanhar todos os pormenores, mas a realização é fluida, de forma que o espectador é litralmente engolido pelas aventuras de Honey.

Classificação: 7/10

Misato

quinta-feira, abril 20, 2006

Novo filme de Takeshi Kitano

O aclamado realizador japonês Takeshi Kitano, parodia-se a si mesmo no seu mais recente filme Takeshis'. Na sua mais recnte película (já estreada no Japão em Novembro de 2005), numa espécie de abordagem felliniana, Takeshi Kitano interpreta vários papéis da sua carreira cinematográfica, no filme mais bizarro e surreal de sempre.

Podem assistir ao trailer AQUI.

Sérgio Lopes

quarta-feira, abril 19, 2006

Ziyi Zhang no festival de Cannes

A belíssima actriz asiática Ziyi Zhang voltou a ser convidada para fazer parte do júri do festival de Cannes. Ao que parece a actriz parece trer aceite o convite e estrá entre os jurados da edição deste ano do festival Francês. Recorde-se que adicionalmente, Ziyi Zhang estará presente em Cannes para promover o seu mais recente filme The Banquet.

A listagem oficial dos juris será anunciada amanhã, dia 20 de Abril. O festival de Cannes decorre de 17 a 28 de Maio, presidido pelo conceituado cineasta de Hong-Kong, Wong Ka-Wai.

Sérgio Lopes

terça-feira, abril 18, 2006

Female Yakuza Tale: Inquisition and Torture


Japão, 1973, 90Min.

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Sinopse: Ocho é acidentalmente capturada por um cartel de tráfico de droga que utiliza mulheres chinesas para contrabando de droga no Japão ao escondê-la nas suas... vaginas. Ocho é torturada mas consegue escapar, iniciando uma luta contra o bando yakuza, bem como contra um gang de mulheres que roubam...

Crítica: Na década de 60, cineastas como Nagisa Oshima, Shohei Imamura, Kuji Yoshida, entre outros, foram responsáveis por quebrar certos paradigmas que imperavam nos grandes estúdios japoneses. Filmes como “Túmulo do Sol” (Oshima, 1960) ou “Akai Satsui” (Imamura, 1964), não só questionavam valores nacionalistas como também traziam uma nova estética ao cinema japonês. Temas como imigração, delinquência, desemprego, tráfico de drogas, foram aos poucos sendo incorporados no vocabulário cinematográfico.

Isso, de certa forma, influenciou outros realizadores que procuravam nessa essência elementos para produzir os seus filmes, mas que ao mesmo tempo também adicionavam doses de elmentos comerciais para agradar aos estúdios e ao público, que a partir de então passou a aceitar esses filmes em larga escala. Foram deixados de lado, discursos políticos exacerbados dando lugar a elementos de humor e altas doses de sexualidade. E Teruo Ishii foi um desses cineastas a levar esse conceito ao extremo, abusando e exagerando na situação e na caracterização do esteriótipo de seus personagens à margem da sociedade.

Em Female Yakuza Tale, que é a sequência do igualmente formidável “Sex and Fury” (1973), de Norifumi Suzuki, vemos novamente a prsença da bela Inoshika Oshô. Desta vez, ela investiga um grupo de gangsters que traficam drogas usando os orifícios sexuais de meninas de programa. Essa investigação não é uma simples busca pela justiça e pela ordem, mas sim um gesto de vingança de Oshô, que dias antes havia sido humilhada sexualmente por esse mesmo grupo de gangsters.
Ou seja, nesse filme, todos buscam algo que possa significar um resgate da honra, do auto-estima ou simplesmente de dinheiro e levar vantagem em tudo. Ninguem está ali por que tem um coração bonzinho ou se preocupa com o bem-estar da sociedade. Até mesmo a atitude de Oshô possui segundas intenções não só para ela, mas também para outros grupos rivais desses traficantes. Ishii simboliza esse vale-tudo na forma como mostra a ausência da autoridade nos becos imundos onde impera a anarquia e o salve-se quem puder.

No filme, em contraponto ao argumento simples e linear, Teruo Ishii usa e abusa de situações que podem parecer constrangedoras, mas que na verdade são transformadas em aberrações cómicas por meio do exagero, utilizando em closes e planos fechados em nádegas e peitos; ou em situações non-sense, como a histórica batalha entre o grupo de yakuzas e um bando sem fim de mulheres nuas. 200% pink, muitas vezes caprichosamente exibidos em câmera lenta. Por outras vezes, a câmera de Ishii parece inquieta e propositadamente bisbilhoteira, como se estivesse a querer ver tudo e por todos os ângulos e assim satisfazer o olhar curioso do público.

Enfim, talvez o segredo de Ishii nesse filme seja a possibilidade de entender a problemática do Japão pós-guerra através de uma visão cômica e exageradamente cênica, e ao mesmo tempo sem esquecer que esses problemas estejam aí: no beco ao lado.

Classificação: 7/10

Ric bakemon

segunda-feira, abril 17, 2006

Faleceu Kazuo Kuroki

O cineasta japonês Kazuo Kuroki, conhecido pelos seus filmes sobre os bombardeamentos atómicos de Hiroxima e Nagasaki no final da II Guerra Mundial, morreu no passado dia 12, vítimade um ataque cardíaco. Tinha 75 anos.

Kuroki é o autor da trilogia, o «Requiem de Guerra», compreendendo os filmes «Amanhã - Asu», «O Verão de um Rapaz em 1945» e «A Face de Jizo», realizado em 2004 e acolhido triunfalmente pela crítica internacional.

Dizia-se grandemente influenciado pelo cinema francês, nomeadamente por Alan Resnais e o seu filme «Hiroxima meu Amor» (1959).

Toda a sua vida foi perseguido pela recordação de ter escapado, em 1945, a um bombardeamento norte-americano contra a fábrica aeronáutica onde trabalhava com outras crianças na ilha de Kyushu, no sul do Japão:«Continuo a sentir-me culpado de ter sobrevivido a esse ataque», disse no passado Verão, por ocasião do 60º aniversário dos bombardeamentos nucleares e da derrota japonesa.

«Onze dos meus colegas de escola morreram. Fiquei tão traumatizado com a experiência. O meu dever enquanto sobrevivente de guerra é contar histórias dolorosas», afirmou.

O cinema asiático fica assim mais pobre, mas eternamente influenciado pelas películas do mestre Kazuo Kuroki.

Sérgio Lopes

sábado, abril 15, 2006

Cowboy Bebop: Knockin’ on Heaven’s Door

Japão, 2001, 120min

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Sinopse: Num futuro não muito diferente do nosso, com a excepção de que a tecnologia permite a utilização do espaço sideral ao comum mortal, um camião TIR explode numa auto-estrada matando vários civis. Faye Valentine, membro involuntário do grupo de bounty hunters, caçadores de prémios, que tripulam a Bebop é, provávelmente a única testemunha que sobrevive. Na explosão foi espalhado um vírus que, lentamente, aniquilou as outras testemunhas...

Crítica: Apesar de este filme ter sido produzido no seguimento do sucesso da série de televisão homónima (passou no primeiro bloco de anime da SIC Radical), qualquer um o pode ver sem estar familiarizado com as personagens.


Este foi o primeiro filme anime que vi a que pude, com toda a segurança, chamar de FILME. A história é complexa, toda a produção visual, desde o character design (do excelente Toshihiro Kawamoto) à animação, passando pelos cenários, é sublime, extremamente bem feita e complexa. A realização é da melhor qualidade que se pode encontrar em qualquer filme de acção. Tal como na série o tom varia bastante entre o drama de acção e a comédia sarcástica (ver o isqueiro do contacto marroquino de Spike) que lhe dão um ritmo bem interessante e despoletam algumas gargalhadas bem honestas. Ao rever agora o filme, tentei imaginá-lo não em animação mas com actores de carne-e-osso e é bem fácil de o conceber.

No fundo, apesar das ligações óbvias à série (personagens principais, universo ficcional) esta história funciona como um episódio à parte, mas realizado com uma qualidade de cinema. Claro que, se se vir a série antes de ver o filme, é sempre uma mais-valia, no sentido que as personagens principais, Spike, Jet, Faye, Ed e Ein, lá estão mais desenvolvidas, conhece-se o seu passado e outras características impossíveis de “entalar” em duas horas de filme.

É curioso reparar como os acontecimentos do 11 de Setembro, mesmo tendo acontecido uns dias após o lançamento do filme (01.09.2001), têm citações aqui. Aliás as referências, para além do terrorismo, bairro marroquino, etc. são bastante claras, principalmente nas duas torres gémeas desta cidade que, inclusive, são mais uma vez filmadas, à semelhança de como as Twin Towers originais muitas vezes o foram, como um recorte ao pôr-do-sol. Parece que adivinharam!

A nível visual este filme é de um detalhe impressionante, desde os reflexos das “abóboras alegóricas” nos prédios em redor, à magnífica encenação da luta final entre Spike e Vincent, quase toda ela em contra-luz com os fogos de artifício a iluminar o cenário. Numa cena em que Jet se encontra com um ex-colega, detective da polícia, num cinema, o filme a passar no écran é claramente um “western” de Hollywood dos anos 40, com John Wayne. Não tenho dados suficientes para dizer qual é o “western”, mas acredito que o filme exista.

Isto para não falar das cenas de acção, lindamente coreografadas, a fazer lembrar filmes de James Cameron ou mesmo os Matrixes e afins.

A banda-sonora, assinada mais uma vez por Yoko Kanno, é símbolo do seu enorme talento. Já a banda-sonora da série de televisão era invulgarmente extraordinária, talvez até uma das melhores da sua autoria. A do filme continua no mesmo estilo, variando entre o country e rock para o jazz, com algumas variantes de world music (especialidade de Yoko Kanno), com a desculpa de que parte do filme se passa no bairro marroquino. A música neste filme, como o título indica, é muito importante e enriquece enormemente o ambiente, sem perturbar a acção ou ser excessiva.

CLASSIFICAÇÃO: 8/10

Misato

quinta-feira, abril 13, 2006

Fallen Angels (Doh laai tin sai)

Hong-Kong, 1998, 95Min.
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Sinopse: Um hitman, homem desiludido e cansado da vida que leva, embarca no seu último trabalho e depara-se com os sentimentos de atracção e desejo pela sua sexy parceira, que raramente vê. Pela noite dentro de Hong-Kong e toldado pelas dúvidas sobre se é ou não correcto envolver-se com a parceira de longa data, cruza caminho com um homem mudo, que vive a sua vida no mundo da noite assaltando lojas e fazendo-se passar pelos seus proprietários…

Crítica: Mais uma pérola do altamente aclamado realizador de Hong-Kong, Wong Kar-Wai. Considerado como uma espécie de sequela de Chungking Express, retoma o tema da impossibilidade e dificuldade em amar e da solidão. Em Fallen Angels, 3 seres vão-se cruzar numa Hong-Kong apresentada pelo cineasta como taciturna (o filme passa-se apenas à noite), em constante movimento, mas que curiosamente, de certa forma, faz os protagonistas se sentirem desenquadrados (por ventura cansados) do reboliço da grande metrópole.

Ficamos sempre com a sensação que essa Hong.Kong apesar de super movimentada, influencia negativamente os 3 personagens, talvez pelo facto de se sentirem bastante sós. No fundo, Fallen Angels, poderá ser entendido como um ensaio sobre a solidão nas grandes metrópoles, exemplificado nessas três pessoas - o assassino profissional e a sua parceira (a cleaner), e o jovem mudo que vive a sua vida de um modo muito particular.

Como sempre, nas películas de Wong Kar-Wai, a narrativa corre ao ritmo da câmara do realizador, ou seja através da sucessão de imagens, por isso, esteticamente é irrepreensível. Os diálogos não são muito utilizados pelo cineasta. Tal como noutros filmes de Kar-Wai, como 2046 ou In The Mood For Love por exemplo, são substituídos pela descrição das introspecções dos personagens, que assim, transmitem ao espectador os seus sentimentos.
Mais uma vez a banda sonora utilizada tem um papel preponderante no preenchimento dos planos de câmara, acompanhando o estado de espírito dos personagens e transportando-o para o espectador. Em Fallen Angels, a música utilizada é simultaneamente poderosa (talvez até psicadélica) e sentimental. A cena, por exemplo, em que a personagem feminina fuma um cigarro ao som de uma música seleccionada por ela mesma numa jukebox, é de uma beleza assombrosa a todos os níveis.
Tal como noutros filmes de Wong Kar-Wai as personagens são extremamente solitárias e saturadas do stress e angústias urbana. O realizador mantém, portanto, os seus traços característicos e de qualidade. O aspecto visual, a música, os planos de câmara, tudo funciona de forma a que o espectador entre no mundo dos personagens e sinta o que eles sintam. Um filme que alia arte a entretenimento e que não deixa ninguém indiferente.
Classificação: 7/10
Sérgio Lopes

quarta-feira, abril 12, 2006

Hong-kong Film Awards celebram 25 anos!

Os prémios de cinema de Hong-kong celebram as bodas de prata, nada mais nada menos do que 25 anos de existência. Na edição deste ano, no passado dia 8 de Abril, destaque para Election de Johhny To e Perhaps Love de Peter Chan, que foram os grandes vencedores da noite, com 5 e 4 prémios, respectivamente.

Aqui fica a lista completa das categorias mais importantes e respectivos vencedores:

Melhor Filme: Election

Melhor Realizador: Johnny To (Election)

Melhor Argumento: Yau Ngai-Hoi & Yip Tin Shing (Election)

Melhor Actor Principal: Tong Leung Ka-Fai (Election)

Melhor Actriz Principal: Zhou Xun (Perhaps Love)

Melhor Actor Secundário: Anthony Wong (Initial D)

Melhor Actriz Secundária: Teresa Mo (2 Young)

Actor Revelação: Jay Chou (Initial D)

Realizador Revelação: Kenneth Bi (Rice Rhapsody)

Melhor Filme Asiático: Ke Ke Xi Li (China)

Sérgio Lopes

terça-feira, abril 11, 2006

Curse of Lola (Zu Zhou)

China/Hong Kong, 2005, 91Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Quando a dançarina principal da peça Lola é assassinada no seu camarim na noite de estreia, o terror apodera-se do grupo de dança. Com o assassino à solta, o papel principal passa agora para Tian, uma jovem talentosa mas introvertida, com uma infância traumática, cujo único apoio é do seu namorado, Zhen. Quando o assassino volta a atacar Tian começa a suspeitar numa espécie de maldição que recai sobre a personagem Lola, ao mesmo tempo que desconfia do seu próprio namorado Zhen…

Crítica: Trata-se de uma co-produção entre China e Hong Kong, embora a maior percentagem do staff seja chinês. Hong-Kong é mais o apoio à máquina publicitária, uma vez que o cinema mais mainstream na China nunca se pôde desenvolver, devido sobretudo à opressão reinante no país.
Curse Of Lola é o típico filme cuja premissa clássica, bebe das inúmeras influências do cinema ocidental. É a típica história de ciúme e obsessão que suporta os acontecimentose desenvolve a narrativa. Por um lado, é algo de bom pois é um indício de que o cinema Chinês está (ainda que lentamente) a caminhar para se libertar da censura imposta e que finalmente consegue criar películas de puro entretenimento, onde a presença de mais alguma pele à mostra ou de alguma violência não implica o corte dessas cenas.

Por outro lado, para nós ocidentais, que ansiamos por ser surpreendidos pela cinematografia asiática, que normalmente nos apresenta obras de cortar a respiração, ficamos profundamente desiludidos com Curse Of Lola. Isto porque não traz nada de novo a nível de argumento e até de realização. Trata-se de um thriller, vulgar e que cumpre os requisitos mínimos, realizado pela jovem cineasta Li Hong.
Ainda assim, Curse OF Lola, atingiu um sucesso considerável no Japão (mercado sempre difícil para os chineses), conseguindo competir de igual para igual com algumas das mais populares produções cinematográficas japonesas. Para filme de estreia da jovem realizadora, é uma proposta aceitável, embora muito inferior ao que por exemplo se faz na Coreia do Sul. Curse Of Lola não é um filme mau; apenas fraquinho. Há certamente obras bem mais interessantes para visionar no panorama actual do cinema asiático.

Classificação: 4/10

Sérgio Lopes

sábado, abril 08, 2006

Samurai Commando Mission 1549 (Sengoku Jieitai 1549)

Japão, 2005, 119 min.

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Sinopse: Em outubro de 2003 um acidente numa experiência militar transporta uma unidade Jieitai para Período Sengoku, uma era de guerra, há 400 anos atrás. Os responsáveis pela experiência achavam que todos tinham morrido ou simplesmente desaparecido, mas 74 horas depois um samurai dessa época aparece no exacto local onde ocorreu o desaparecimento. Deduzindo que eles foram enviados para o passado por um portal do tempo, os cientistas calculam a próxima abertura do portal para exactamente 2 anos depois do incidente. Para resgatar os soldados, o exército convoca um ex-tenente Yusuke Kashima (Yosuke Eguchi) para liderar o grupo. Mas não é só para resgatar os soldados que o exército organiza essa nova missão (chamada Operation Romeo). Desde que o primeiro grupo desapareceu, surgiu ao pé do Monte Fuji um misterioso buraco negro que suga e consome tudo à sua volta. Os cientistas deduzem que o buraco surgiu devido ao paradoxo no tempo e, para evitar que o Japão e talvez o mundo seja consumido pelo buraco, já que ele cresce cada vez mais, é necessário trazer o grupo de volta e evitar igulamente a mudança do curso da História do Japão!

Crítica: É com grande prazer que debuto no Cineasia comentando uma superprodução japonesa que visionei no cinema em meados de 2005. Como moro no Japão há quase 7 anos, muitas produções asiáticas que só chegam ao ocidente diretamente em video e DVD eu assisto no grande écrân. Samurai Commando Mission 1549 é um remake de GI Samurai, grande clássico de Sonny Chiba de 1979, cujo título original em japonês também era Sengoku Jieitai, mas sem o 1549. O enredo básico de ambos os filmes é sobre uma unidade jieitai (“força de auto-defesa”, pois no Japão não se usa mais o termo “exército” desde o fim da Segunda Guerra) inexplicavelmente transportada para o passado. Imaginem soldados modernos, com os seus helicópteros, tanques e metralhadoras enfrentando samurais montados em cavalos com seus katanás!
Porém, as semelhanças entre as duas produções acabam por aí. Enquanto GI Samurai baseava-se mais num drama sobre relacionamentos interpessoais, Samurai Commando Mission 1549 é um tremendo épico sci-fi, com um enredo bem mais complexo do que o original de Chiba. No filme de Chiba, por exemçlo, não se explicao porquê de os soldados serem transportados para o passado e nem há a preocupação em não assassinar ninguém pra não ocorrer um colapso na história do país.

A actuação sólida de todos os actores e o cuidado com a reconstituição da época, inclusive no dialecto utilizado pelos samurais, são detalhes que saltam aos olhos (e aos ouvidos, pelo menos de quem entende um pouco de japonês).Yosuke Eguchi, um popular actor de TV, interpreta um típico herói charmoso que os japoneses - e principalmente as japonesas - adoram! O veterano Takeshi Kaga é um ótimo vilão de expressão dura e implacável. Kyoka Suzuki é outra actriz popularíssima da TV que fez um óptimo trabalho.

O filme desenrola-se a nível narrativo muito bem e mantém o interesse até o final, com uma inevitável reviravolta na estória. Para quem conhece bem a história do Japão (como o meu pai, por exemplo) essa reviravolta é, de certa forma, previsível, mas não menos interessante. Já para os leigos, como eu e a maioria do público fora do Japão, esse detalhe acaba não tendo o mesmo impacto, mas o filme diverte mesmo assim. O trailer passa a impressão de que o filme é mais movimentado do que realmente é, mas ainda assim eu afirmo : é diversão de primeira!

Curiosidade: Este filme em especial vai ficar marcado eternamente na minha memória por um motivo inusitado : ao entrar no cinema, o realizador Masaaki Tezuka estava a ser entrevistado no palco antes da exibição do filme!!! A sala estava lotada, vários repórteres estavam a cobrir o evento e tal. Pensei que esse tipo de eventos só acontecessem em Tóquio, mas Tezuka veio até Nagano e contou várias curiosidades sobre essa mega-produção, como o facto de se ter sentido como o próprio Kurosawa ao coordenar centenas de figurantes nas cenas de batalha, ou o facto da actriz Kyoka Suzuki ter aceite participar no filme sem sequer ter lido o argumento, só pelo facto de ser um remake de um filme que ela gostava muito. Depois da entrevista de cerca de 40 minutos, foi exibido o filme e, na saída, ele estava a distribuír autógrafos. Logicamente não perdi a oportunidade, pedi para autografar a capa do booklet (que coloquei no Scanner e reproduzi abaixo), dei-lhe um aperto de mão e elogiei o filme. Só faltou eu tirar uma foto pra mostrar a vocês que não estou mentindo, eh eh.

Classificação: 7/10

Takeo Maruyama

quinta-feira, abril 06, 2006

Casshern

Japão, 2004, 141Min.

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Sinopse: No final do século XXI, após 50 anos de uma desgastante guerra mundial que devasta o planeta inteiro, trazendo poluição e doenças devido ao uso de armas químicas e biológicas, uma esperança surge através do Dr. Azuma, um médico capaz de através da manipulação genética, recuperar ou restituir órgãos sem riscos de rejeição, com o objetivo de curar sua esposa. Contudo, algo de misterioso acontece ao invento de Dr. Azuma, o que poderá trazer consequeências nefastas para a humanidade…

Crítica: É esta a premissa de Casshern, o filme do cineasta japonês Kazuaki Kiriya, baseado no famoso anime de 1973. Antes de mais, merece destaque a beleza visual, através do uso de uma fabulosa fotografia. Casshern foi rodado em “blue screen”, tal como “Sky Captain and the world of tomorrow”, por exemplo, onde actores interagem com um cenário virtual. Cenário esse, cuidadosamente e brilhantemente criado. São cores que explodem na tela, parecendo saídas de uma obra de arte. Interessante verficar que cada local tem uma personalidade cromática distinta, sendo o laranja predominante nos centros urbanos, cinza no Sector 7 e assim por diante.

Mas o que faz “Casshern” ser tão apaixonante é o facto de abranger temas como amizade, família, ética, filosofia, política, religião e ainda ser um filme de ação-ficção-científica. Uma laço familiar foi quebrado pelo conflito de interesses entre pai e filho (pela morte e pela guerra), a busca desesperada de um marido pela cura da esposa, o extermínio de um grupo de pessoas, de uma raça por ser diferente das demais, a fé de que algo pode ser feito para mudar o futuro, além de ter uma mensagem antibélica muito forte, como se fosse um filme panfletário contra a guerra.
Como se o que foi dito não bastasse, também as seqüências de acção são espectaculares, embora figurando sempre em segundo plano, pois, em última análise é um filme que deixa o espectador a reflectir, frustrando aqueles mais preguiçosos, que aceitam histórias directas, em detrimento das que necessitam um pouco mais de compreensão. Só a título de exemplo, o estranho raio que dá vida aos “neo-sapiens”, lembra o monólito negro de “2001: Uma odisseia no espaço”…

“Casshern” é emocionante, sério e político. Confesso que não contive as lágrimas, fiquei paralisado até o final dos créditos. Passa uma mensagem belíssima, é visualmente deslumbrante e ainda consegue ser um estrondoso entretenimento. Mais uma prova do crescimento do cinema oriental e das novas tecnologias cinematográficas. Ainda bem que existem filmes como esse.

Classificação: 8/10

Marcus Vinicius

segunda-feira, abril 03, 2006

Princess Aurora (Orora Gongju)


Coreia do Sul, 2005, 106Min.

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Sinopse: Uma série de assassinatos com alguma violência começam a suceder-se a um ritmo cada vez mais crescente, em Seoul. No local do crime é sempre deixado um autocolante da popular série infantil “Princess Aurora” o que deixa a polícia intrigada sobre o motivo e a identidade do assassino…

Crítica: Sempre prolífera, a Coreia do Sul, apresenta aqui mais um thriller de vingança, sobre uma mãe disposta a fazer justiça pelas próprias mãos, no filme de estreia do realizador Coreano, Eun-jin Bang. Estreado no mesmo ano que o fecho da trilogia de vingança de Park Chan-Wook, Sympathy for Lady Vengeance, Princess Aurora, sofre as inevitáveis comparações, pois ambos apresentam uma premissa idêntica, embora com estilos diferentes.

Park Chan-Wook está num outro patamar em relação ao jovem estreante e promissor realizador Coreano. Não que Princess Aurora seja um mau filme, pois é um thriller bem eficaz e bem realizado. Agora compará-lo com o mestre dentro do género é que não é justo, pois nas películas de Chan-Wook tudo é pensado para globalmente atingir a plenitude.

Ainda assim, Princess Aurora, consegue ser uma decente aposta do cinema Coreano, muito às custas da fabulosa interpretação da actriz principal Jeong-hwa Eom, que traça na perfeição o retrato de raiva e desespero de uma mãe que anseia pela vingança sobre aqueles que maltrataram a sua filha. E haverá algo mais perigoso que uma mãe desesperada pela filha? Por outro lado a realização de Eun-jin Bang e o argumento fazem o filme fluir bastante bem a nível narrativo.

No entanto, o jovem cineasta presta pouca atenção aos restantes personagens intervenientes e alguns dos acontecimentos são demasiado convenientes para serem verdadeiramente credíveis. Ainda assim, comporta-se muito bem deixando a explicação sobre as razões que levam à vingança para o final do filme, apresentadas em flashbacks e ainda há tempo para o famoso twist final, aqui mais ou menos previsto para quem prestou atenção ao desenrolar da história. Para filme de estreia, é uma boa proposta, principalmente para quem aprecia thrillers/policiais.

Classificação: 6/10

Sérgio Lopes

sábado, abril 01, 2006

Balas e Bolinhos III em Hong-Kong!

De acordo com o correspondente Cineasia, Paulo Ângelo, a terceira parte do clássico português Balas e Bolinhos, será rodada em Hong-Kong, nos lendários estúdios que na década de 70 se tornaram famosos graças a estrelas como Bruce Lee ou Jackie Chan.

Desta forma, o realizador Luis Ismael (pela terceira vez à frente das câmaras), tenta seguir o exemplo de filmes como Shaolin Soccer e assim, "divulgar e permitir a internacionalização do cinema português, cada vez de maior qualidade".

Parece que já estou a ver alguns diálogos do filme:

Tone: Lookin' at me, chinoca do caralho?
Faisca: Oh tone, manda o chinoca pa terra dele, com dois balázios nos cornos, caralho!!!!!!
Tone: Oh Faisca, mas ele já tá na terra dele...!

E por aí fora...

Sérgio Lopes