Blue Spring
Japão, 2001,83Min.
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O filme mostra a vida de estudantes que pouco se interessam pelos estudos e que vivem com os seus pensamentos vagos, procurando afirmar a sua superioridade em gestos pouco usuais. Por exemplo: aquele que conseguir bater mais palmas no topo do edifício da escola, à beira do precipício, apoiado somente pelos pés, torna-se simbolicamente o líder dos estudantes, conseguindo assim, teoricamente, o respeito dos demais rapazes (!)
Mas como em qualquer amontoado de pessoas onde o poder se apresenta frágil, esses líderes são constantemente convidados para novos desafios, principalmente quando essa superioridade é facilmente posta em causa. É interessante notar a ausência do poder, ou seja, dos professores diante de tal atitude. E quando essa figura nos é apresentada, vemos pessoas inseguras e pouco interessadas em mudar o rumo desses jovens. É como se Toyoda tratasse essa figura adulta como um detalhe figurativo sem muita importância — esteticamente falando.
É ainda mais curioso notar que até o meio do filme não vemos nem a famosa cena dos estudantes a regressarem a casa após as aulas. É como se eles vivessem na escola ou que todo aquele tempo fosse resumido em algum momento em algum dia. A única pista fornecida para sabermos que se trata de um dia diferente dos demais são três flores plantadas pelos estudantes que naturalmente se desenvolvem e vão crescendo.
Blue Spring é um sublime ensaio da indiferença da causa e efeito que hoje norteiam a sociedade japonesa. Os adultos, representados pelos professores, indiferentes à problemática da juventude, que por sua vez, buscam à sua maneira criar um mundo onde possoam entender e serem entendidos com regras próprias, mesmo que fragéis e em constante mudança. O mais interessante é que Toyoda não imprime um estilo forte tecnicamente — isso não quer dizer que ele não tenha estilo —, apenas deixa os personagens e seus factos falarem mais alto. Maravilhoso.
Classificação: 8/10