quinta-feira, maio 31, 2007

The Good, The Bad and The Weird - Posters

The Good, the Bad, and the Weird (sugestivo título), é um western que decorre nas planícies de Manchuria e diz-se que será o trabalho mais acessivel até à data do cineasta Kim Jee-woon.

Aqui fica a sinopse: Nos anos 30, o mundo está um caos; a península Coreana é dominada pelos Imperialistas Japoneses e a única salvação é a fuga para as remotas e vastas planícies da Manchuria. Alguns Coreanos inevitavelmente tornam-se bandidos para poderem sobreviver. Tae-gu (The Weird) é um assaltante de comboios que consegue obter um mapa que indica a existência de um tesouro da dinastia Qing algures enterrado na Manchuria. O mapa é também procurado por Chang-yi (The Bad), um bandido assassino, que ataca o comboio na mesma altura que Tae-Gu. No final do intenso tiroteio, eis que surge Do-won (The Good), um caçador de recompensas, que procura capturar Tae-Gu. Os três homens cedo se irão aperceber que a luta pelo mapa irá atraír ainda mais inimigos e terão que unir esforços, apesar das suas personalidades antagónicas...

Kim Jee-Woon (A Tale Of Two Sisters, A Bittersweet life) prepara-se para criar o que nas suas próprias palavras define como o primeiro western oriental. Contando com um elenco de luxo, com três dos principais actores coreanos do momento, Lee Byung-Heon de "A Bittersweet Life", Jung Woo-Sung de "Muse", e Song Kang-Ho de "The Host" e "Memories of Murder", o filme orçado em 10 milhões de dólares chegará aos cinemas locais em 2008. Mais informações serão colocadas assim que estiverem disponíveis.

Sérgio Lopes

segunda-feira, maio 28, 2007

Vencedores asiáticos em Cannes

Findo que está o festival de Cannes, mais uma vez, a presença asiática esteve em grande arrecadando dois prémios. O filme The Mourning Forest (A Floresta de luto), que concorreu à Palma de Ouro e foi derrotado pelo modesto filme Romeno "4 luni, 3 saptamini se 2 zile", arrecadou o grande prémio do júri. A película de Naomi Kawase trata da relação emtre uma anciã local e uma jovem, nas montanhas do Japão ocidental.

Destaque igualmente para a actriz Jeon Do-yeon que venceu o galardão de melhor actriz por Secret Sunshine. O cinema asiático volta a deixar marcas positivas no festival de Cannes, provando a sua importância no panorama cinéfilo actual.

Sérgio Lopes

domingo, maio 27, 2007

Trailer completo de "Breath"

Finalmente já se encontra disponível o trailer completo de Breath, o novo filme de Kim Ki-Duk. Será a primeira vez que Ki-Duk irá dirigir um actor não coreano, mais concretamente o taiwanês Chen Chang (O Tigre e o dragão). Rodado em apenas 10 dias, ao que tudo indica será mais um trabalho com pouquíssimos diálogos com a deliciosa e cativante premissa de uma história de amor envolvendo um prisioneiro que "lentamente se começa a apaixonar pela mulher que decora a sua cela". Parece que a recepção ao filme, recentemente em Cannes, foi bastante boa.

Para aceder ao trailer completo, basta clicar AQUI.

Sérgio Lopes

quinta-feira, maio 24, 2007

Boy (Shonen)

Japão, 1969, 105Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Inspirado em fatos reais, o filme retrata a vida de um miúdo de 10 anos e sua família que viaja pelo Japão praticando atariya, um tipo de golpe onde uma pessoa simula ter sido atropelada para então extorquir dinheiro dos motoristas...

Crítica: Assistir a um filme do realizador Nagisa Oshima é viajar por um país sem maquilhagem e despido de todas as máscaras de certa forma criadas por conterreâneos como Ko Ichikawa ou Yasujiro Ozu. Aquele Japão perfeito, socialmente homogêneo, lutando e reerguendo-se dignamente no pós-guerra dá um lugar a um país hipócrita, socialmente injusto e que se expõe diante de um orgulho irracional. Assim, Oshima não tem medo em explorar temas que giram em torno da juventude perdida, da politica, da marginalidade e pervenções sexuais dentro desse universo da maneira mais controversa possível.

Em Boy, essa munição é logo disparada no início onde vemos os créditos escritos em vermelho sob o sol da bandeira do Japão pintada de negro, representando um país em luto com os valores absolutamente perdidos. Vale a pena lembrar que esse desenho do sol negro também foi uma forma que os coreanos — povo defendido por Oshima arduamente — usavam para atacar os japoneses.

É interessante notar que uma primeira leitura da sinopse acima, poderia sugerir a acção de yakuzas ou delinquentes juvenis, mas o espantoso é descobrir que os deliquentes em questão são uma família comum de classe baixa que vive de golpes para sobreviver. Assim, o filme retoma o tema da deliquência em família apresentada em Ai to Kibo no Machi (1959), onde o filho, estimulado pela mãe, vende pombos que sempre acabam retornando novamente a eles, para então serem novamente vendidos, num verdadeiro ciclo simbólico de imobilidade social, exactamente a mesma visão apresentada em Boy, onde o símbolo inatingível, desta vez, é o automóvel, objecto de trabalho deles.

Claro que Oshima, ao utilizar uma criança como principal foco de resistência de suas idéias, gera um choque muito maior, ainda mais quando nos lembramos da máxima do clichê do discurso social da criança ser o futuro da humanidade. No filme, a criança é simplesmente chamada de boya (miúdo) e assemelha-se como outro qualquer, usando um uniforme escolar (embora não frequente a escola) e um boné (símbolo de personalidade dos miúdos japoneses).

Quem se faz de vítima nos primeiros atropelamentos é a mãe, mas no decorrer do filme, o miúdo assume o seu lugar quando percebe o desgaste dela e descobre que os ganhos poderiam aumentar com ele como vítima. De certa forma, o filme possui um tom autobiográfico, uma vez que Oshima perdeu o pai aos 6 anos de idade e, assim, teve que assumir as responsabilidade da família, mesmo que nominalmente.

Aos poucos, ele e a mãe ganham independência e percebem que o papel do pai é meramente burocrático, de persuação física e até mesmo de fraqueza, quando ele pretende diminuir os golpes para não chamar tanta atenção. Mas os dois continuam sem ele. Novamente vemos Oshima a dar à mulher um papel dominante, mostrando-as como ser superior, enquanto os homens são mostrados como tolos, mascarados somente com uma capa patética de autoridade física. Enfim, Boy é um filme riquíssimo em detalhes simbólicos. É, portanto, mais um grande exemplo do cinema provocativo de Oshima e da sua visão corajosa, reflexiva e provocativa da sociedade japonesa. Absolutamente obrigatório.

Ric Bakemon

terça-feira, maio 22, 2007

Novo filme sobre Bruce Lee...

Finalmente o regresso de Bruce Lee, o mago das artes marciais e ícone cinematográfico. parece que o realizador Stanley Kwan (Everlasting Regret) após regressar do festival de Cannes se vai dedicar à realização de um filme sobre o actor Bruce Lee. A acção irá se centrar na juventude de Bruce Lee, contando parte da sua vida nas idades 10 e 15 anos, bem como também na idade adulta. Para já pouco mais se sabe sobre o projecto.
Assim que estiverem disponiveis mais informações, serão postadas no cineasia.
Sérgio Lopes

sábado, maio 19, 2007

Novo banner do cineasia

Boa tarde a todos os que frequentam este humilde espaço. De vez em quando, sentimos a necesidade de mudar algo em nós, mudar o nosso look... Foi o que sucedeu ao cineasia que decidiu fazer uma espécie de refresh e criar um novo banner. Tivemos, para isso, a ajuda do nosso colaborador Marcus Vinicius, a quem desde já agradeço. Agora coloco-vos um desafio: Quais os filmes que vão passando no banner do cineasia? Eu dou uma ajuda... um deles é o Infernal Affairs eh eh. è fácil malta. Vamos ver quem consegue... Abraços.

Sérgio Lopes

sexta-feira, maio 18, 2007

My Bluberry Nights divide Cannes

Palmas em metade da sala, mas breves e pouco vigorosas - o novo filme de Wong Kar Wai, um dos mais amados estilistas visuais contemporâneos, abriu ontem o 60.º Festival de Cannes, no Sul de França. A generalidade da crítica - incluindo fãs do autor do superlativo melodrama "In the mood for love" - terá ficado desapontada com o primeiro filme em língua inglesa do autor chinês.

"My blueberry nights" é um 'road movie' sentimental que atravessa a América a partir de Nova Iorque para contar uma melancólica história de amor fracassado entre uma mulher traída e um assombrado empregado de bar. A obra fica marcada pela estreia em cinema da cantora Norah Jones, aposta pessoal de Wong Kar Wai que terá escolhido a inexperiente actriz antes de ter sequer uma história desenhada. Jude Law, Natalie Portman e Rachel Weisz completam o elenco.

O visual altamente estilizado em tonalidades fortes, com neons a pontuar os quadros cinemáticos e o aproveitamento feliz da grande paisagem americana serão mesmo o melhor do filme, que concorre para a Palma de Ouro.

Nota: Fonte - JN de 17/05/2007

Sérgio Lopes

quarta-feira, maio 16, 2007

I'm a cyborg, but that's ok (Saibogujiman kwenchana)

Coreia do Sul, 2006, 105Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Num hospital psiquiátrico, uma rapariga que julga ser uma cyborg de combate apaixona-se por um rapaz que pensa ter o dom de roubar as almas das pessoas...
Crítica: Park Chan-Wook, criador da fabulosa trilogia de vingança composta por Sympathy for Mr. Vengeance, Oldboy e Sympathy for Lady Vengeance, muda radicalmente de registo com a comédia de laivos românticos I'm a Cyborg, But That's Ok. O filme volta a ter como protagonistas pessoas com dificuldade de comunicação e com perdas familiares, ou seja, a temática favorita do cineasta continua presente. No entanto, a forma como aborda essa temática é mais ligeira e acessivel ao grande público.
O filme acompanha a vida de dois doentes internados num hospital psiquiátrico, Young-goon (Su-jeong Lim), uma rapariga traumatizada pela vivência com uma avó esquizofrénica e que acredita ser uma cyborg de combate com a missão de aniquilar os enfermeiros que levaram a sua avó para longe. É vê-la a conversar com máquinas de vending e a não se alimentar, pois receia que o seu organismos cibernético rejeite os alimentos e fique "avariada". O outro personagem central é Park Il-sun, interpretado pelo conhecido ídolo POP coreano Rain, que personifica alguém que diz ser capaz de "roubar" as almas dos outros doentes. Os dois irão se apaixonar e ajudar mutuamente a superar os seus devaneios mentais.

I'm a Cyborg But That's Ok mostra o mundo próprio de cada um dos doentes confinados naquele espaço, isolados do mundo. Park Chan-Wook consegue que cada um deles doentes crie empatia com o público e é vermos uma galeria de personagens sui generis a desfilar pelo écrân. A nível estético, o jogo de cores utilizado, bem como o cuidado na adequação dos cenários é sublime. Destaque também para a interpretação poderosa do duo de protagonistas com destaque para uma performance extremamente carismática da bela Su-jeong Lim, aterrorizante quando coloca os dentes postiços de sua avó.

O problema está no argumento pouco elaborado e na indefinição narrativa do caminho a seguir. Não é difícil fazer um filme cómico com personagens num sanatório., mas talvez o cineasta tenha pretendido provar que consegue fazer um filme para toda a família, mesmo apoiado na temática da marginalização da sociedade e do isolamento. O facto de o cantor Rain ser o protagonista obviamente é um factor chamativo para o público local. I'm a Cyborg but that's ok, pauta-se por uma comédia romântica invulgar, com traços surreais (à Michel Gondry), tecnicamente irrepreensivel, ams que fica uns furos abaixo do exigivel. Não é um filme mau, mas sabe a pouco...

Sérgio Lopes

terça-feira, maio 15, 2007

Presença asiática em Cannes

O festival de Cannes, que começa no próximo dia 17, conta com forte presença asiática quer em competição oficial, quer fora da competição, desde já com a notícia do novo filmede Wong Kar Wai, "My Bluberry Nights", com honras de abertura do certame. Outros títulos a ter em conta são "The Forest of Mogari", do cineasta japonês , vencedor do prémio Camera d'Or, em 1997; "Secret Sunshine", do coreano Lee Chang-dong, cujo anterior trabalho "Oasis" saiu vencedor de Veneza em 2002; "Triangle", trabalho a três mãos dos conceituados realizadores Johnnie To, Tsui Hark, e Ringo Lam; "The Red Ballon", o remake do clássico francês, por Hou Hsiao-hsiene;Ploy, o novíssimo do Taiwanês Pen-ek Ratanaruang (desta feita sem a colaboração de Christopher Doyle) e claro está, o novíssimo e aguardado mais recente trabalho de Kim Ki-duk "Breath", entre outros.
O festival de Cannes promete assim uma programação diversificada, com propostas asiáticas intercaladas com os já habituais (infelizmente) blockbusters americanos.

Sérgio Lopes

segunda-feira, maio 14, 2007

I don't want to sleep alone... luz verde para a estreia!

Parece que é desta que o controverso filme de Tsai Ming-Lian I Don't Want To Sleep Alone vai finalmente estrear em terras da Malásia. Depois de censurado e banido dos cinemas locais, o cineasta aceitou efectuar cinco cortes no filme e assim garantir que seja projectado na Malásia, no próximo dia 17 de Maio (curiosamente coincidente com o início do festival de cinema de Cannes). Tsai efectuou ele mesmo os cortes e assegura que ainda assim o filme é digno de ser visto. No entanto, irá estrear em apenas uma única sala... A boa notícia é que já foram vendidos mais de 2000 bilhetes o que significa que as duas semanas previstas para o tempo de exibição do filme estão ultrapassadas e o cineasta pretende prolongar por mais uma semana pelo menos. Bem visto.

Sérgio Lopes

domingo, maio 13, 2007

Trailer de Ploy

O realizador taiwanês Pen-ek Ratanaruang cujo currículo contém o excelente Last Life In The Universe e o sofrível Invisible Waves, apresenta o seu novo trabalho intitulado Ploy. Trata-se de um drama psicológico, com forte carga erótica, no qual três estranhos se encontram fechados num único quarto de hotel... O trailer encontra-se disponível AQUI.

Parece ser um filme intimista e que se espera que marque o regresso do cineasta aos filmes de qualidade. Ploy será projectado no próximo festival de Cannes, em competição Oficial.

Sérgio Lopes

quinta-feira, maio 10, 2007

Little Red Flowers (Kan Shang)

China, 2006, 92Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Pequim, 1949. Qiang é um pequeno rapaz de olhar vivo e irrequieto que é matriculado num colégio interno dadas as ausências prolongadas dos pais. No colégio, há regras rígidas e Qiang não as consegue seguir: precisa de ajuda para se vestir e ainda faz xixi na cama. A sua rebeldia impede-o de ganhar as desejadas flores vermelhas, com que são premiados apenas os bons alunos. Mas em vez de se tornar um bom aluno, Qiang, começa uma pequena rebelião, convencendo os seus colegas de que a professora Li é um monstro disfarçado que come crianças.

Crítica: Em 1949, um colégio interno de Pequim recebe o seu mais novo morador, Qiang, rapaz de quatro anos que encara com relutância o futuro no seu novo lar. Obrigado a adaptar-se a um novo quotidiano que impõe regras e hábitos diferentes dos que conhece, o protagonista de "Pequenas Flores Vermelhas" sofre dificuldades na adaptação a um novo sistema, adoptando uma conduta que destoa da da maioria dos colegas e não sendo, por isso, premiada pelos pelas professoras (com as tais flores vermelhas que dão título ao filme).

Ambientado na China maoísta, a mais recente película de Zhang Yuan é um drama que parte das experiências do pequeno Qiang para relatar como funcionam os sistemas de controlo e os contrastes que reforçam ou diluem entre a esfera individual e colectiva. Ao conviver com outras crianças educadas de forma distinta da sua, Qiang terá de aderir aos códigos que as orientam sob pena de - e é o que ocorre - ser marginalizado e ignorado, seja por não ter autonomia suficiente ou por ter comportamentos considerados desadequados a certas situações.

"Pequenas Flores Vermelhas" começa por arrancar de forma promissora, já que Yuan consegue delinear uma credível atmosfera realista, com suporte determinante nas convincentes interpretações de todo o elenco (em especial do protagonista, Bowen Dong), o que é um feito notável tendo em conta que este é constituído maioritariamente por crianças.Seguindo uma estrutura episódica, a narrativa vai seguindo peripécias do dia-a-dia do infantário, de onde sobressai uma rígida rotina que se verifica em todos os momentos, das refeições à higiene pessoal. Embora foque um universo infantil, o filme evita rodriguinhos fáceis e aposta numa salutar secura emocional, ganhando ainda pela caracterização tridimensional das crianças, que nunca são reduzidas a estereótipos.

Um bom desenvolvimento inicial nem sempre leva, contudo, a que uma obra seja plenamente conseguida, e infelizmente "Pequenas Flores Vermelhas" acaba por ir perdendo o rumo à medida que se vai aproximando do desenlace. Depois de um interessante ponto de partida, Yuan parece não ter um programa especialmente trabalhado para o seu filme, repetindo situações desnecessariamente e deixando a narrativa cair na monotonia. Desperdiça-se, assim, a oportunidade de mergulhar num contexto que oferecia interessantes possibilidades, que ficam por concretizar devido a um argumento que se torna circular e inconsequente.

De "Pequenas Flores Vermelhas" guarda-se então o impacto de algumas cenas, de onde sobressai um sóbrio e perspicaz olhar de cineasta, mas lamenta-se que não sejam tão frequentes como seria desejável e que não estejam servidas por uma narrativa mais estruturada e coesa. Espera-se que o próximo filme de Yuan faça jus aos elogios que apontam a sua filmografia como uma das mais sólidas do novo cinema chinês, porque a julgar pelo seu trabalho mais recente a impressão que fica é a de uma mediania que só seduz pontualmente.

quarta-feira, maio 09, 2007

Indie Lisboa 2007 - Análise

Esta edição do Indie Lisboa pode se considerar uma edição vencedora para o cinema asiático. Para além da extensa, inédita na Europa e quase completa retrospectiva de Shinji Aoyama, com a exibição de 14 filmes do realizador, entre os quais o último “Korogi” (“Crickets”), ainda houve uma vasta exibição de filmes asiáticos, contando entre eles alguns vencedores (“Love Conquers All”, Malásia, “Kiyumi to Sayuri”, Japão e “Adults Only”, Malásia) mas também “Exiled”, de Johnnie To, Hong Kong e “Opera Jawa”, Indonésia, entre muitos outros.
Tal como em edições anteriores, é físicamente impossível assistir a tudo, portanto, para além dos filmes premiados, não me foi possível ver parte dos filmes, nomeadamente de Shinji Aoyama e o último de Takashi Miike, “Big Bang Love, Juvenile A”. Dentro do que me foi possível ver, as surpresas foram muitas e as desilusões poucas, sendo uma delas “A Scanner Darkly”, o muito falado filme de Richard Linklater onde as personagens interpretadas por Keanu Reeves, Winona Ryder, entre outros, são animadas por cima, adoptando um grafismo de banda-desenhada, mas efeito esse que se tornava enervante desviando a atenção para o resto do filme. “Exiled” também foi, para mim, uma desilusão, sendo apenas mais um filme de gangsters de Hong Kong, com a variante de que, desta vez, se passava em Macau. É um bom filme para quem viveu ou é de lá e quer matar saudades.
Entre as muitas surpresas contam-se “Viva”, um divertido filme em que se recria o universo dos filmes de Russ Meyer e John Waters, realizado por uma mulher multifacetada que para além de protagonizar o filme, também toca música, entre outras funções. Outra surpresa foi “La Antena” um filme Argentino que é uma homenagem a filmes do expressionismo alemão e russo com uso pleno das novas tecnologias, aliado a uma história comovente. Destacaria também “Forever”, Holanda, “China, China” de João Pedro Rodrigues, “Analog Days”, Estados Unidos, “Electroma”, Daft Punk, “Herbie Hancock’s Possibilities”, Estados Unidos, e “Cuidado, as portas vão abrir”, Rússia, “Papá Lobo”, Coreia do Sul e “Um dia de sol” da secção ‘Indie Júnior’.
Shinji Aoyama, Herói Independente
Os filmes de Shinji Aoyama são muito variados, passando pelos mais diversos géneros. Segundo o próprio, exceptuando o terror, que talvez aborde em breve, por causa de uma promessa que fez a Kiyoshi Kurosawa, de que não faria filmes de terror enquanto o amigo os fizesse. Mas algo em comum se pode achar nos filmes de Aoyama, a temática da morte e do amor. Apesar desta temática constante os filmes dele acabam sempre bem, não propriamente com um final feliz, mas com as personagens a conseguirem conviver com os problemas que se lhes colocaram ao longo da narrativa de um modo bastante saudável.

São filmes com um ritmo lento, compassado, mas que nos dão tempo para prestar atenção aos pormenores que, de certa forma, compõem as personagens e a situação. Ao contrário de Kiyoshi Kurosawa, Shinji Aoyama não aposta tanto na imagem, preferindo cenários naturalistas com uma fotografia de cores pouco saturadas. Por outro lado as bandas-sonoras são rigorosamente pensadas, tanto nas ambiências que geram como nas letras das eventuais canções, que aparecem, na grande maioria, apenas nos genéricos finais. Outra característica comum nos filmes dele são as histórias e personagens completamente insólitas em situações aparentemente normais e naturalistas, aliadas a um humor muito japonês, talvez pouco acessível ao público ocidental.

Dentro do que me foi possível ver, destaco “Mike Yokohama: Forest With no Name”, simplesmente uma delícia, a participação de Seijun Suzuki em “Embalming” e a alusão ao Sebastianismo em “Korogi”.

Shinji Aoyama é um fã do cinema português, encontrando-se entre os seus realizadores preferidos Manoel de Oliveira (ele aspira poder filmar até aos 100 anos à sua semelhança), José César Monteiro e Pedro Costa. Fascinado com “O Estado das Coisas” de Wim Wenders, ele teve pena de não ter sido possível visitar as Azenhas do Mar, durante a sua estadia, mas garante que o fará em breve, quem sabe se quando algum dia fizer um filme por cá.

Este ano o ‘Indie Lisboa’ voltou à sua sala original, o Cinema São Jorge, aliando-se esta ao grupo da Av. de Roma, o Fórum Lisboa, King e Londres. Esta adição teve a vantagem de haver mais salas, possibilitou as ‘Lisbon Talks’ e as sessões de filmes com música ao vivo. A desvantagem foi que, apesar da existência do ‘Indie Bus’, o facto de ser de hora-a-hora, não facilitava assim tanto as deslocações entre avenidas e sessões. Outra desvantagem foi a opção de os fins-de-noite também acontecerem no São Jorge, sala que tem mais condições para o fazer, mas que limitou o convívio das pessoas envolvidas no festival já que a maioria se encontrava centrada na Av. de Roma, tanto os profissionais como o público. Estas desvantagens continuam a ser apenas pontuais, pequenos erros a corrigir, num festival que está a crescer e que ainda tem muito para dar. Só a possibilidade de poder ver alguns filmes que nunca serão exibidos comercialmente e muito provávelmente nem terão edição em DVD disponível por cá, é de ouro e de aproveitar.

sábado, maio 05, 2007

Zhang Yimou acusado de plágio na China

Zhang Yimou, o mais premiado realizador chinês, responsável por House Of The Flying Daggers e Hero, entre outros, foi acusado de plágio pelo Conselho Consultivo Político do Povo Chinês, informou a agência estatal Xinhua. A acusação foi feita pelo presidente da Associação Chinesa de Literatura Teatral e membro do Conselho Consultivo chinês, Wei Minglun, segundo o qual, o último filme do célebre realizador, Curse of the Golden Flower, foi baseado no romance dramático oriental Thunderstorm, que nem sequer é mencionado. "O filme, aparentemente, é um plágio. Embora o livro tenha sido citado em algum acto promocional, o argumento original não faz citação formal alguma ao filme. Também não foi feito agradecimento algum nos créditos", reclamou Wei.

Thunderstorm foi escrito por Cao Yu, um dos autores contemporâneos mais célebres da China e usado anteriormente em outros filmes e séries de TV do país asiático. Segundo as leis chinesas de propriedade intelectual, os direitos sobre as obras perduram por 50 anos após a morte dos autores. Assim, os de Cao Yu, falecido em 1996, continuam em vigor.

Curse of Golden Flower, ambientada na dinastia Tang (séculos 7-10), transformou-se num sucesso de bilheteria nacional, como todos os filmes de Zhang Yimou, embora muitos tenham criticado alguns detalhes do filme, como seu barroquismo, a violência gratuita e os excessivos decotes das actrizes. A atriz principal do filme é a ex-companheira e Yimou, Gong Li, que trabalhou com ele nos anos 80 e 90. Três filmes de Zhang Yimou já disputaram o Oscar de melhor filme estrangeiro – Ju Dou em 1990, Raise the Red Lantern em 1991 e Hero em 2002.

Marcus Vinicius

quarta-feira, maio 02, 2007

Dead End Run

Japão, 2003, 59Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos


Sinopse: Média metragem de 60 minutos, dividida em três partes, ou mesmo se quisermos, três histórias diferentes. O único elemento comum é que começam sempre por nos mostrar uma personagem cuja fuga termina num beco sem saída. Sem alternativa, o confronto com o seu “perseguidor” é inevitável...

Crítica: “Last Song”, “Shadow” e “Fly” são as três curtas-metragens que formam esta obra cujo começo é sempre o mesmo: um personagem correndo e fugindo desesperadamente e que, ao final, sempre acaba encontrando o destino de forma misteriosa e inesperada.

Em “Last Song”, um personagem esconde-se num beco após uma fuga desenfreada. Logo sente que alguem se aproxima e, assim, prepara a sua defesa, mas ele acerta, na verdade, numa rapariga que apenas passava pelo local. O desespero da fuga logo dá lugar ao sentimento de culpa ao matar uma inocente. De repente, a rapariga dá sinais de vida, desperta e inesperadamente, começa a dançar como se celebrasse aquele encontro...

“Shadow” continua pelo mesmo caminho. A fuga de um yakuza (Masatoshi Nagase) termina quando ele encontra o seu perseguidor. Os dois, frente a frente, tentam acertar as contas, mas Nagase começa a ter visões confusas e vê em si mesmo o seu opositor...

Finalmente, em “Fly”, vemos Tananobu Asano a fugir da policia (o único episódio onde vemos realmente quem são os perseguidores). Ao ser encurralado no topo de um edifício, encontra uma rapariga que estava prestes a se suicidar e usa-a como escudo...

São três curtas onde Sogo Ishii mais uma vez consegue extrair mais sentimento por meio das imagens que mil palavras poderiam demonstrar. É exactamente esse vazio, preenchido pelas imagens, às vezes alucinantes, como em “Electric Dragon 8000V” ou simplesmente contemplativas, que formam um quebra-cabeças onde pode-se entender simplesmte como vazio ou até mesmo genial.

É por isso que, mais uma vez, o realizador nos apresenta uma obra onde temos a sensação de estar diante de um mistério que somente ele poderia decifrar. Mas é diante desse fascinante desconhecido, aliado ao sempre espetacular apuro visual (e montagem, fotografia e realização) que faz deste filme mais um exercício de paciência e de observação diante do inusitado e do inesperado. Mas o que seria de um filme com elementos experimentais se eles não mexem com os nossos sentidos? Sogo Ishii fá-lo, e muito bem.

E se, por um lado, não temos uma fácil degustação, encontramos diversos caminhos a serem percorridos onde a única dica são os títulos dos curtas, fora isso, o caminho é logo e por nossa conta. Por isso, é bom correr...

Ric Bakemon