quinta-feira, agosto 31, 2006

Regresso de Tsukamoto e Ryûhei Matsuda


Depois de Haze, a mais recente média-metragem de Shinya Tsukamoto, onde mais uma vez o cineasta explora um ambiente claustrofóbico e alucinante, chegam noticias que o seu próximo filme será intitulado Nightmare Detective (Akumu Tantei) e contará com o brilhante Ryûhei Matsuda como protagonista.

Nightmare Detective, é um thriller com contornos sobrenaturais cuja sinopse é a seguinte: "Uma detective encontra-se em busca de um bizarro assassino em série. um homem tem a capacidade de entrar nos sonhos das pessoas. Os seus caminhos irão-se cruzar...."

A película tem estreia prevista no Japão no inicio do próximo ano. A página oficial que contém um teaser trailer pode ser acedida clicando AQUI.

Sérgio Lopes

quarta-feira, agosto 30, 2006

New York Korean Film Festival 2006


Desde 2001, o Festival de Cinema Coreano de Nova York (New York Korean Film Festival) tem sido a montra para que a audiência americana conheça alguns dos filmes Coreanos de diversos géneros. Desde filmes mais populares, aos mais polémicos, passando pelos de puro entretenimento, um pouco de todos os géneros tem passado neste festival cada vez mais em crecimento.

Alguns dos filmes que estarão em exibição são o filme de terror A-rang, o drama Grain in Ear ou a comédia My Scary Girl, entre outros. O festival decorre entre 25 de Agosto e 3 de Setembro. Para informações mais detalhadas aceder à página oficial, clicando AQUI.

Sérgio Lopes

segunda-feira, agosto 28, 2006

The King And The Clown (Wang-ui namja)

Coreia do Sul, 2005, 120Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Dois palhaços, que fazem espectáculos de rua, durante a dinastia Chosun, são presos quando representam uma peça que satiriza o rei. São levados para o palácio e ameaçados de execução, a menos que consigam fazer o rei rir-se dessa mesma peça. Entretanto, o rei começa a sentir uma estranha atracção por um dos palhaços…

Crítica: King And The Clown que estreou no dia 29 de Dezembro do ano passado na Coreia do Sul, é um dos maiores sucessos de público nacional do presente ano e até agora, na minha opinião, um dos melhores filmes que vi em 2006. Trata-se de uma película que agarra o espectador do inicio ao fim e que conta um episódio da história da Coreia, nomeadamente a dinastia Chosun e que nos ajuda a compreender o passado de corrupção politica que acabou por conduzir à guerra Norte/ Sul e consequente divisão entre Coreias.

Baseado em factos reais, king and the clown centra a sua narrativa em dois amigos inseparáveis, quase como irmãos, que acabam por ir parar ao palácio do rei, onde irão permanecer como “palhaços reais”, que terão a função de divertir o rei. No entanto, a função destes dois homens vai muito para além do puro divertimento. O rei aproveita as suas peças para fins políticos ao mesmo tempo que começa a sentir um interesse especial por um dos palhaços, o que põe em causa a irmandade dos dois amigos.

Em traços gerais, é esta a intriga de King and the Clown, um filme onde está presente a homossexualidade, ainda que não assumida, pelo menos insinuada. Aliás o título original do filme tem a tradução literal de The King’s Man, o que de certa forma confirma esse conteúdo gay subjacente. O aspecto andrógeno de um dos palhaços potencia essa sugestão.

O certo é que o realizador, Lee Jun-ik, consegue um equilíbrio notável entre todas as componentes: A narrativa prende completamente o espectador do início ao fim, muito por culpa de um argumento muito bem delineado e uma realização sóbria e segura. As fotografias (como na generalidade dos filmes coreanos) è belíssima e a partitura musical adequada. A criação de época com um guarda-roupa colorido e cenários a condizer, é realista e fiel, fazendo lembrar a grandiosidade de produções como Farewell My Concubine de Chen Caige.

Mas o que eleva realmente o filme a um outro nível, são as performances dos dois actores Gam Woo-sung (Spider Forest) e Lee Joon-ki , bem como a química existente entre eles. Quando comunicam um com o outro seja nos diálogos muito bem estruturados, seja nas bem coreografadas peças de teatro de rua, com as acrobacias mirabolantes ou canções, os dois actores enchem completamente o écrân.

No fundo, King and the Clown acaba por ser um tributo à amizade e ao que os verdadeiros amigos fazem uns pelos outros. É um misto de drama histórico de época, com toques de comédia e alguma aventura. São com certeza duas horas bem passadas de puro cinema asiático de qualidade.

Classificação: 8/10

Sérgio Lopes

domingo, agosto 27, 2006

Alguns meses mais...


Já faltam poucos meses para a primeira visualização do filme asiático, provavelmente mais aguardado deste ano, I´m a Cyborg, But That´s Ok, a nova película do conceituado cineasta coreano Park Chan-Wook, responsável pela impressionante trilogia de vingança, composta por Sympathy For Mr. Vengenace, Oldboy e Sympathy For lady Vengeanc

Corriam rumores que seria exibido no Festival de Cinema de Veneza deste ano (extra competição), que decorre de 30 de Agosto a 9 de Setembro, o que seria a oportunidade de assistir à estreia mundial de um dos mais aguardados regressos do panorama asiático. No entanto, Park Chan-Wook (que será membro do júri) desmentiu-o, uma vez que I'm a Cyborg But That's OK, ainda se encontra em rodagem.

O filme será protagonizado pelo cantor Rain e pela actriz Lim Soo-jeong (A Tale Of Two Sisters). Trata-se de uma rapariga que pensa ser um cyborg de combate para lutar numa guerra pós-apocaliptica e que é levada para um hospital psiquiátrico, onde trava conhecimento com outros pacientes. Vai acabar por se apaixonar por um homem que acredita conseguir roubar as almas das outras pessoas...

Como diz o ditado, quem espera, sempre alcança... Por isso, resta-nos aguardar com ansiedade!

Sérgio Lopes

sábado, agosto 26, 2006

Cadaver, terror tailandês


Mai, é uma estudante de medicina que se depara com uma experiência terrivel com um cadáver, objecto de estudo durante a sua lição de anatomia: Rapidamente começa a ter visões de uma mulher sinistra que parece segui-la para todo o lado... Aterrorizada, Mai vira-se para o seu professor, Prakit como a sua única esperança de obter ajuda....

Mais uma película de terror, Cadaver, da sempre prolífera indústria asiática, desta vez proveniente da Tailândia que nos trouxe recentemente o muito bem conseguido Shutter (They are around us) e está prestes a estrear Colic. Cadaver estreou na passada 5ª feira na Tailândia. Abaixo podem aceder ao trailer e página oficial do filme.

Trailer

Página Oficial

Sérgio Lopes

sexta-feira, agosto 25, 2006

Estreia da Semana - O Mito

Atormentado por estranhos sonhos, Jack, um intrépido arqueólogo, vê-se reincarnado em Meng-Yi, um general que se apaixona por Ok-Soo, uma bela princesa coreana prometida ao primeiro imperador da China. Juntamente com o seu amigo William, um cientista famoso, embarca numa aventura para tentar desvendar o mistério por detrás dos seus sonhos. Mas, tanto um como o outro, não podiam imaginar que estão perante aquela que pode ser a maior descoberta da história da China.

Esta é a premissa de "The Myth - O Mito", o regresso de Jackie Chan a produções um pouco mais sérias e sangrentas, com o reencontro entre Chan e o realizador Stanley Tong, habitual parceria nos diversos filmes "Supercop". Vale a pena ir ao cinema ver Jackie chan, num registo completamente oposto das comédias light em série, "Hora de Ponta" e "Shangai Nights", entre outras.

Página Oficial

Trailer

Sérgio Lopes

quinta-feira, agosto 24, 2006

"Don't Look Back" triunfa em Locarno

A película Coreana "Don't Look Back" venceu o grande prémio do Festival Internacional de Locarno que decorreu recentemente na Suiça. Trata-se de mais uma prova cabal do valor inegável e da extrema qualidade do cinema asiático em geral, particularmente o oriundo da Coreia do Sul.

Trata-se do filme de estreia do realizador Kim Young-nam, que foi assistente de realização no sucesso "Woman is the Future of Man" e consiste num drama introspectivo que segue a vida de três pessoas diferentes na actualidade na Coreia. O filme irá agora percorrer uma série de festivais de cinema Europeus após ter atingido a brilhante distinção em Locarno.

Sérgio Lopes

terça-feira, agosto 22, 2006

Kaze no Tani no Nausicaa (Nausicaä )

Japão, 1984, 116min

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Num mundo de uma ecologia distorcida, Nausicaa, a corajosa princesa do pequeno reino do Vale do Vento, esforça-se em manter pacificamente o instável equilíbrio entre uma natureza de desertos e florestas tóxicas habitadas por insectos gigantes e possíveis invasões de povos vizinhos. Mas o Vale do Vento é invadido, o pai de Nausicaa assassinado e, para poupar o seu povo de mais sofrimento, Nausicaa vê-se envolvida numa guerra inútil contra os insectos enquanto que a solução para uma vida melhor está mesmo debaixo dos seus narizes.

Crítica: Talvez o único filme de Miyazaki baseado numa manga do mesmo, este primeiro filme dos Estúdios Ghibli representa, desde logo, as preocupações principais do realizador: a ecologia e a sua paixão por máquinas voadoras. De todos os filmes dele, Nausicaa é o filme onde a temática da ecologia ocupa quase a totalidade do filme, imediatamente seguida de um modo pacífico de resolver conflitos face a um mundo em guerra.

As máquinas voadoras, tema quase sempre presente nos filmes de Miyazaki, têm aqui um papel vital tanto no desenvolvimento da história como na definição das personagens. O Mehve, as asas voadoras de Nausicaa, é o sonho de Ícaro concretizado. Todas as naves do povo do Vale do Vento têm um certo ar robusto mas prático, sendo o Mehve particularmente ágil e delicado. As naves dos Dorok, em contrapartida, são maiores, mais agressivas, escuras e cheias de apêndices. Fora o filme “Porco Rosso”, este é provávelmente o seu filme onde aparelhos voadores têm uma presença mais forte.

Mesmo ainda não tendo a exuberância de alguns dos filmes posteriores, de ser um filme mais comedido, a sua história é extremamente complexa e apaixonante. Parece que toda a indignação de Miyazaki pelo que os homens andam a fazer ao planeta Terra foi canalizada para este filme.

Nausicaa é uma rapariga fora do comum, mesmo para o seu povo que a adora, desde miúda que tem uma empatia especial com os Ohmu, uma espécie de reis da comunidade de insectos gigantes, e resolve sempre os conflitos com os insectos sem destruição nem morte. A sua paixão pelas florestas tóxicas, provocadas pelos esporos espalhados pelos insectos choca até o aventureiro Yupa, habituado às agrestes florestas. A oposição do carácter pacifista e ecologista de Nausicaa com o da Princesa Kushana, cruel, implacável e ambiciosa, é mais um demonstrativo da inutilidade da maioria das guerras e de como elas podem ser resolvidas, de forma pacífica, através de negociação e estudo.

Mesmo não sendo tão “de encher o olho” como a maioria dos filmes posteriores, este filme mostra-nos maravilhosas paisagens de desertos ventosos, o verdejante Vale do Vento e as Melancólicas florestas tóxicas. As cenas de acção, principalmente as aéreas, são feitas com uma mestria fora do comum e uma beleza deslumbrante.

Outros elementos clássicos de um filme de Miyazaki também já estão presentes, tais como céus muito azuis, águas límpidas e claras, campos verdejantes, personagens fortes, criaturas estranhas, velhotes com um ar de cara de couro curtido e uma excelente conjugação de momentos em que a história flui e outros mais contemplativos, mas perfeitamente integrados no contexto do filme.

Curiosamente os insectos são apresentados como mais umas vítimas do Homem, o ênfase não é posto em serem horrorosos ou nojentos, mas na demonstração de carácter e densidade psicológica. A certa altura damos por nós a torcer pelos Ohmu e não pelos cruéis Dorok.

Aqui temos uma prova (se é que haveria necessidade de haver provas) de que a animação para ser boa, densa, para adultos, com temas importantes e interessante, precisa essencialmente de um bom tema e de uma boa história aliadas a uma boa realização. A animação, como sempre nos Estúdios Ghibli é impecável e de um cuidado impressionante. O character design é fácilmente reconhecível como sendo um Miyazaki, não é particularmente belo, mas cada personagem e seus adereços são concebidos detalhe meticuloso.

Este é um filme intenso, profundo, cheio de conteúdo, dá que pensar, tem uma mensagem positiva sem ser moralista ou castradora e é muito bem feito de um modo comedido, sóbrio, mas eficaz e sem desperdício.

Classificação: 8/10

Misato

segunda-feira, agosto 21, 2006

Rinne, de Takashi Shimizu - Trailer

Um professor universitário inicia um massacre num hotel turístico, matando 11 hóspedes e funcionários. Enquanto filma os seus actos com uma câmara 8mm, ele esfaqueia aas suas vítimas, uma a uma, enquanto elas tentam fugir. Trinta e cinco anos depois, Matsumura (Kippei Shiina) é um realizador que quer transformar esse crime em filme. Entitulado Memory, ele convida a actriz Nagisa Sugiura (Yuuka) para interpretar a heroína de seu projeto. Mas, quando o início das filmagens se aproxima, Nagisa começa a ter alucinações e sonhos assustadores...

É esta a premissa do novíssimo filme de Takashi Shimizu (Ju-Hon, Marebito), integrado no J-Horror Hexagon Project, o terceiro filme após Kansen (Infection, 2004) e Yogen (Premonition, 2004). O filme de Shimizu tem o título de Rinne (Reincarnation) e pode ser comprado em DVD no site da Amazon. O trailer final pode ser acedido clicando AQUI.

Sérgio Lopes

sábado, agosto 19, 2006

PTU

Hong-Kong, 2003, 87Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Durante uma noite, um polícia em vésperas de promoção perde a arma e um chefe de um gang é assassinado. Um grupo de polícia de choque em patrulha parte em busca da arma e outro grupo de investigação tenta descobrir o assassino do chefe do gang. Entretanto, o pai do chefe de gang assassinado jura vingança...

Crítica: P.T.U. (Police Tactical Unit), é uma espécie de polícia de intervenção de Hong-Kong que normalmente patrulha as ruas durante a noite em grupos de 6 agentes, tal como um pelotão. O filme foca a patrulha efectuada por um dos pelotões da PTU, cujo líder é amigo de um agente veterano, cuja arma foi roubada. Ao mesmo tempo lutas entre gangs rivais vão se intrometendo no caminho dos agentes, tudo ocorrendo numa só noite.

PTU é um filme de baixo orçamento, realizado com reduzidos meios (muitos dos actores secundários são elementos do staff de Johnnie To), assumindo-se como um exercício de estilo, em que o argumento pouco importa. A premissa é simples, a câmara opta por longos planos e o visual sobrepõe-se ao resto. A nível narrativo, Johnnie To vai construindo o ambiente de tensão (por vezes de forma demasiado lenta) para um final em 5 minutos, no mínimo confuso e completamente fora do ritmo base do filme.

Se a ideia era fazer um filme visualmente diferente, isso realmente foi conseguido. Numa Hong-Kong praticamente deserta, To filma as ruas utilizando apenas a luz artificial dos postes de iluminação, recorrendo poucas vezes a iluminação adicional, o que permitiu captar um ambiente soturno e surreal, criando uma atmosfera de tensão permanente. Curioso é o realizador ter dito que não teve dinheiro adicional para a iluminação. O certo é que doutra forma não teria captado esse ambiente tão peculiar…

Destaca-se igualmente uma partitura sonora que acompanha bastante bem os momentos de tensão (num filme com muito poucas falas), bem como as interpretações irrepreensíveis dos consagrados actores Simon Yam e Suet Lam. No fundo PTU, não é um mau filme, mas está longe de ser perfeito. Pena que tudo exprimido dê um resultado final desigual. No entanto, é um filme que merece a sua visualização, contudo não comparável a The Mission ou Election, as obras mais conceituadas do cineasta.

Classificação: 5/10

Sérgio Lopes

sexta-feira, agosto 18, 2006

Estreia da semana - Sonhar com Xangai


Qing Hong é uma jovem de dezanove anos, que pertence a uma típica família imigrante, recolocada na província de Guizhou, vinda de Xangai, nos anos 60. O seu pai está ansioso para voltar para Xangai, mas, para Qing Hong, mudar é complicado porque está apaixonada por Hong Gen, um jovem rapaz de uma família pobre local...
Esta é a premissa de Sonhar com Xangai, a estreia asiática da semana entre nós. O filme do realizador chinês Xiaoshuai Wang foi nomeado para a Palma de Ouro do festival de Cannes de 2005, tendo saído vencedor do prémio especial do júri do festival. Por isso valerá a pena dar uma saltada ao cinema para ver Xangai Dreams.
Sérgio Lopes

quinta-feira, agosto 17, 2006

Kim Ki-Duk descontente no seu país

Foto de Time, de Kim Ki-Duk

Kim Ki-duk diz-se imensamente triste com o trato de que tem sido alvo na Coreia desde sempre. Pelo menos, foi o que o conceituado cineasta referiu na sua mais recente conferência de imprensa. O realizador deu-se mesmo ao luxo de referir que está seriamente a pensar em deixar de estrear os seus próximos filmes na Coreia do Sul. 3-Iron foi um fracasso de bilheteira em 2004, enquanto The Bow apenas esteve em exibição na Coreia durante uma semana...

Apesar dos prémios internacionais que tem recebido em festivais tão importantes como Cannes, Venez ou Berlim, Ki-Duk queixa-se de falta de apoio nacional, numa latura em que está prestes a estrear o seu novíssimo filme, o amplamente aguardado Time, com estreia Coreana a 24 de Agosto n Coreia e lançamento simultâneo em DVD. Nessa altura, dependendo dos resultados de bilheteira, Kim Ki-Duk tomará uma decisão definitiva.

Nota: Cliquem na imagem para aceder ao trailer de Time.

Sérgio Lopes

terça-feira, agosto 15, 2006

Re-Cycle (Gwai Wik)


Hong-Kong, 2006, 108Min.

Página Oficial -
Trailer Hi Med Low - Fotos

Sinopse: Ting-Yin é uma escritora de sucesso que começa a escrever o seu novo livro. Após rascunhar um capítulo, ela pára de escrever e envia o arquivo para o lixo. Mais tarde, ela começa a ter visões, como a de uma mulher que aparece repetidas vezes em determinados lugares. Esses fenômenos não têm explicação e Ting-Yin passa a achar que o que escreve acontece no mundo real...

Crítica: O desempenho apenas mediano das duas sequências de THE EYE caminha junto com um certo desgaste que apresenta o terror oriental, resultado de uma falta de renovação e de criatividade em apresentar novas idéias. Os irmãos Oxide e Danny Pang, não só se apercebem disso, como também tentam renovar o gênero num filme de certa forma metaliguístico, onde fazem do exagero a sua principal ferramenta para tentar neutralizar a previsibilidade, transformando o filme muito mais do que um filme de terror, mas sim uma fantasia que nos remete até a obras de Charles Dickens (“Um Conto de Natal”) e “Alice no País das Maravilhas”.

A mais recente produção dos Pang incorpora todos os elementos que estavam presentes, não só nos seus filmes anteriores, mas como também em grande parte dos filmes asiáticos de horror de culto. Mais do que explorá-los, eles simplesmente colocam-nos enfileirados, transformando o filme num verdadeiro desfile de aberrações com mulheres de cabelos comprido, crianças com cara de mal, águas escorrendo pelas paredes etc. Ao mesmo tempo, não esquecem os elementos dramáticos, como dramas familiares e amorosos, além de dualidades espirituais apresentadas principalmente em THE EYE 2. Mas mais do que isso, utilizam clichês como vultos em segundo plano, sons misterioros ao telefone, pessoas estranhas no elevador etc, tornando os sustos altamente previsíveis. Além de forçar em demasia um ambiente aterrorizador, mesmo quando ele simplesmente não existe, resultado do abuso dos scores sonoros e, novamente, do exagero.

Em Re-Cycle, temos Ting Yin, uma escritora de sucesso que, após três romances, resolve escrever um livro sobrenatural batizado justamente de “Re-Cycle”. Ao mesmo tempo, um antigo namorado que a havia abandonado há mais de oito anos reaparece. À medida que ela escreve o livro, estanhos acontecimentos tomam conta da sua vida. Aos poucos, vê-se consumida por esses fenômenos até perceber que está diante de um pesadelo sem saída onde a realidade e a fantasia se fundem. Assim, tenta desesperadamente encontrar uma saída. Um pesadelo que mescla ambientes em ruínas com elementos fantasiosos de lembranças apagadas que lembram de certa forma THE CELL (Tarsem Singh, 2000).

Apesar do certo mistério que cerca a primeira metade do filme, onde se questiona o que seria aquele universo paralelo onde se encontra a protagonista principal, aos poucos o filme torna-se altamente previsivel; mesmo assim, os irmãos Pang procuram trabalhar o enredo o máximo possível adiando um mistério, por muitos, já solucionado. Mas a derrapagem crucial fica mesmo nos momentos espirituais, filosóficos e religiosos, onde eles tentam empurrar para nós um tema bastante trabalhado em seus filmes anteriores, que multiplicado pela dose de exagero natural do filme, torna-se um elemento desgastante.

Exagero que combinado com o uso demasiado de clichês e sua forte previsibilidade fazem do filme um exercício de paciência, onde prevalece um sentimento misto de chatice e que estamos diante de um ridículo. Apesar disso, é inegável a qualidade visual apresentada em RE-CYCLE. Os cenários; a fotografia em tons monocromáticos opacos alternando com momentos extremamente saturados; fazem do filme um deleite visual de um mundo sobrenatural. No final, fica a impressão que os realizadores queriam mesmo dar um desfecho ou até mesmo uma releitura para o gênero que o consagraram. Principalmente quando se coloca a figura dos Pang no lugar da escritora Ting Yin, que em certo momento do filme tem a seguinte fala: “Uma parte do que escrevo é inspirado em acontecimentos que vivi”.

Classificação: 5/10

Ric Bakemon

segunda-feira, agosto 14, 2006

Loft, Theatrical Trailer


Uma escritora premiada está com uma branca e não consegue escrever o seu próximo livro, sujeito a prazos. Para se concentrar na escrita pede ao editor que a leve para um local longe do bulício da cidade, com carisma e tectos altos. Ela fica muito satisfeita com a escolha do editor, mas começa a ter experiências estranhas derivadas de acontecimentos de um passado recente e distante que envolvem o edifício em frente ao seu.

Trata-se do novo filme de Kiyoshi Kurosawa (Pulse, Brght Future) que passou no Indie Lisboa deste ano e terá a sua estreia japonesa prevista para o próximo dia 9 de Setembro. A colaboradora cineasia, Misato, teve o privilégio de o visionar e podem aceder à sua crítica clicando AQUI.

Theatrical Trailer

Site Oficial


Sérgio Lopes

sábado, agosto 12, 2006

Dark Tales Of Japan (Suiyô puremia: sekai saikyô J horâ SP Nihon no kowai yoru)

Japão, 2005, 93min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse:
Cinco dos maiores cineastas Japoneses de filmes de terror, prometem oferecer uma viagem aos limites mais longínquos do medo... São cinco curtas, num só filme, intituladas: The Spiderwoman, Crevices, The Sacrifice, Blond Kwaldan e Presentiment.

Crítica: A acção começa num autocarro que viaja numa estrada à Lost Highway e faz uma paragem perto dum cemitério onde apanha uma mulher idosa e com aspecto estranho que pergunta: querem ouvir uma história de arrepiar? E aí começa "Tales of Terror", que no fundo são 5 contos de terror com a mulher idosa como fio condutor da narrativa entre eles como se estivesse a contá-los ao espectador.

São 5 curtas, de 5 realizadores japoneses, entre os quais o único realmente conceituado é Takashi Shimizu (Ju-Hon,Marebito). Apesar de publicitado como uma obra de 5 dos maiores realizadores do J-Horror, nomes consagrados como Hideo Nakata (The Ring, Dark Water) ou Kiyoshi Kurosawa (Pulse, Loft), não fazem parte da antologia, uma produção para TV, filmada em exclusivo em video digital. Vamos então a uma pequena descrição dos segmentos que compõem Dark Tales Of Japan:

"Spiderwoman" (KUMO-ONNA), realizado pelo argumentista de "Dark Water", Yoshihiro Nakamura, baseia-se num repórter que vende imensos jornais Às custas de uma lenda urbana, sobre uma mulher que é metade aranha. Bizarro? claro que sim. è um segemento que gostaria de ter visto realizado por Takashi Miike. com certeza iria ser violento e ainda mais bizarro... Não é um segmento totalmente satisfatório, para além de sem nexo, mas dá para rir...

"Crevices" (SUKIMA), pelo realizador de "Ring 0", Norio Tsuruta, é superior a Spiderwoman. Após o desaparecimento de um inquilino, o senhorio chama o seu melhor amigo para investigar. Chegados ao aprtamento, encontram-no selado e com um video do último dia de vida do inquilino... "Crevices", mesmo não sendo nada de especial, consegue ser mais interessante e assustador.

"Sacrifice" (ONAMAKUBI), realizado por Kôji Shiraish. Uma mulher é perseguida pelo seu colega de trabalho obcecado por ela e também por magia negra, ao mesmo tempo que a sua mãe fica extremamente doente e relembra memórias de infância de uma cabeça gigante, sem corpo, que habitava em sua casa... Trata-se do segemnto mais bizarro, mais longo e mais desenvolvido. é uma proposta interessante.

"Blonde Kaidan" (KINPATSU KAIDAN), pelo realizador de entre outros, Ju-Hon e Marebito, Takashi Shimizu. É o segmento mais curto e infelizmente o menos conseguido. Trata de um japonês que em visita a Hollywood fica fascinado pelas loiras americanas. Chegado ao quarto de hotel, é assombrado pelo que parece ser o fantasma de uma loira... Terrivelmente inócuo e ineficaz. Uma pena, vindo do realizador consagrado que é Shimizu.

"Premonition" (YOKAN), pelo realizador de Infection, Masayuki Ochiai, é a história bizarra de um executivo desonesto, conhece 3 almas invulgares à espera da sua morte... è um segmento muito bem realizado, bem interpretado, com excelente ambiente macabro e claramente o melhor dos 5 segmentos que compõem Dark Tales Of Japan.

Em resumo, Dark Tales Oj Japan, não é eficaz como um todo. A maior parte dos segmentos em vez de meter medo, por vezes fazem-nos rir, de serem um pouco ridículos. Por outro lado, remonta um pouco a Twilight Zone. E tal como na série americana, nem todos os epsódios eram garantia de extrema qualidade. Nesse sentido, Dark Tales Of japan, vale a visualização, pois entre as lendas urbanas japonesas, o espectador contará com alguns sustos e também algumas gargalhadas.

Classificação: 5/10

Sérgio Lopes

terça-feira, agosto 08, 2006

Yesterday Once More (Lung Funk Dau)

Hong-Kong, 2004, 99Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos


Sinopse:
Sammi Cheng e Andy Lau juntam-se como um par de cleptómanos, amantes, que se separam quando se apercebem que para manter um relacionamento é necessário partilhar muito mais do que o simples vicio de roubar...


Crítica:
Johnnie To, considerado um dos mais proeminentes e reputados realizadores de Hong Kong, possui uma filmografia com mais de 25 anos e tem gerado obras que se relacionam com formatos mainstream a par de outras que seguem uma vertente mais alternativa e independente.

"Yesterday Once More" (Lung Fung Dau) denota essa dualidade do seu cinema, mesclando géneros e referências para narrar a conturbada relação – que não chega a ser de amor/ódio, mas quase – entre um jovem casal da alta sociedade para quem a vida é um jogo e o risco é uma realidade constante. Alex e Mandy Thief, apesar de divorciados, partilham ainda uma peculiar cumplicidade e desafiam-se mutuamente, desenvolvendo em paralelo os seus hábitos cleptomaníacos desde a adolescência.

Johnnie To foca as peripécias que se centram em torno de um belo e valioso colar que o novo noivo de Mandy lhe oferece mas que é repentinamente roubado por Alex. A partir daqui, "Yesterday Once More" segue as convenções do filme de golpe, apostando em algumas reviravoltas assim como num recurso frequente ao humor (desde o burlesco à screwball comedy).

No entanto, os tons leves e lúdicos dos primeiros dois terços do filme são interrompidos quando o realizador envereda inesperadamente por domínios do drama amoroso e oferece alguns momentos mais melancólicos, longe da vertente ligeira e espirituosa que dominou a acção até aí. Esta mistura é desequilibrada, tendo em conta que a primeira fase da película, embora divertida, é algo inconsequente, e a segunda não chega a despoletar um impacto emocional significativo, tornando "Yesterday Once More" num híbrido desigual.

Johnnie To acerta na escolha dos protagonistas - Andy Lau e Sammi Cheung, cuja química possibilita certos episódios bem conseguidos -, assim como num argumento que é, por vezes, engenhoso, mas o balanço não vai além de uma mediania curiosa e simpática. Muito pouco, portanto, dados os múltiplos elogios e vénias de que o cineasta é alvo, mas que dificilmente se aplicam a um filme com tanto de agradável como de efémero.

Classificação: 5/10

G
onçalo Sá

sábado, agosto 05, 2006

Linda Linda Linda

Japão, 2005, 114Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Nozomi no baixo; Kyoko na bateria; e Kei na guitarra resolvem formar uma banda de rock para se apresentar num festival de verão escolar. Sem opções e às vésperas do festival, convidam Song, uma estudante sul-coreana que mal sabe falar japonês, para ser a vocalista da banda. E, assim, iniciam uma contagem regressiva para estarem prontas até a apresentação. As quatro enfrentam toda e qualquer dificuldade de músicos inexperientes que mal sabem afinar seus instrumentos e também mal têm tempo e lugar para ensaiar. Os seus problemas particulares e afazeres estudantis não permitem destinar muito tempo à banda. E, para completar, a única sala da escola disponível para os ensaios é disputada por uma outra banda.

Crítica: À primeira vista, o filme pode parecer mais um filme sobre estudantes adolescentes que criam uma banda para tocarem num festival escolar. Mas um olhar mais atento mostra que o filme vai muito além disso. O que poderia ser um amontoado de clichês do gênero com piadas fáceis e personagens caricatos, revela na verdade, um filme com um olhar mais introspectivo por parte do realizador. Nobuhiro Yamashita não caminha no lugar comum ao usar ângulos inusitados ou cortes rápidos; pelo contrário, tudo acontece às voltas de um enquadramento simples e imóvel, tudo com muita calma e sem pressa.

Por isso, não impõe um estilo que sobressai no filme. Para ele, o mais importante são os seus personagens e o desenrolar da história, que flui com enorme naturalidade. É como se todo o filme fosse fruto de um grande improviso. Mas nem por isso o filme deixa de ter graça. Pelo contrário. A excelente performance das actrizes faz com que cenas como o ensaio silencioso no meio da noite; a simples espera pelo autocarro; e é claro, a energética e vibrante sequência final durante o show são capazes de deixar um delicioso sorriso no rosto com um gostinho de quero mais.

E quem merece aplausos à parte é a actriz sul-coreana Bae Du-Na (Song). Perfeita no papel e com uma enorme carga de carisma, garante momentos mágicos, como os seus ensaios num karaoke e a grande actuação como “frontgirl” de uma banda de rock. Aqui Yamashita novamente acerta ao não esteriotipar demais uma pesonagem estrangeira num país diferente. E usa isso de forma inteligente e a seu favor. Vale ressaltar que todas elas aprenderam a tocar de verdade para actuarem no filme. Ou seja, não poderia ser mais autêntico. É por isso que a banda sonora é igualmente empolgante e garante o alto-astral do começo ao fim.

Já os scores musicais compostos por James Iha (guitarrista do Smashing Pumpkins) feitos para os momentos mais intimistas são também de grande valor e dão um tom mais emotivo ao filme. O realizador, a exemplo de seu outro filme, NO ONE´S ARK (2002), novamente coloca em questão o desafio de atingir um objetivo mesmo com enormes dificuldades pelo caminho e a descrença de todos à volta. E Yamashita novamente faz isso com enorme simplicidade e com inteligência. É um nome a reter.

Classificação: 7/10

Ric Bakemon

sexta-feira, agosto 04, 2006

Cinderella - Theatrical Trailer


Realizado por Bong Man-dae, conhecido por filmes onde a nota dominante são as cenas de sexo, chega, já em Agosto, Cinderella, uma película na qual o realizador parece querer mudar completamente de registo, enveredando pelos caminhos do terror.

Cinderella aposta no tema polémico da cirurgia plástica, num grupo de jovens estudantes universitárias obcecadas pelo aspecto fisico, o que as vai levar a uma espécie de maldição. Podem aceder ao theatrical trailer clicando AQUI.

Sérgio Lopes

quinta-feira, agosto 03, 2006

New York Asian Film Festival 2006 - Vencedor


O New York Asian Film Festival 2006, evento anual que permite visionar uma série de filmes asiáticos em Nova York, foi um sucesso ainda maior que as anteriores edições. Como sempre, o público elege o melhor filme do festival no denominado "Audience Award". Este ano a disputa foi muito renhida entre o filme japonês, "Always" e o mega sucesso coreano "Welcome to Dongmakgol". Saiu vencedor "Always", mas com muito poucos votos de diferença.

Always, de Takashi Yamazaki, trata-se de um drama nostálgico sobre os habitantes de um bairro pobre em Tokyo, durante o milagre económico do final da década de 50. A película de Yamakazi teve o dom de fazer com que os espectadores saissem do cinema a chorar ou a rir, e irá juntar-se assim aos ilustres vencedores de edições anteriores, MY SASSY GIRL, PING PONG, PLEASE TEACH ME ENGLISH e THE TASTE OF TEA, como vencedores do "Audience Award".

Uma palavara para Welcome to Dongmakgol, um épico Coreano, grande sucesso de público, sobre uma aldeia montanhosa isolada nos anos 50, que não se apercebe minimamente que a guerra da Coreia se está a desenrolar mesmo ali abaixo da montanha. Poucos votos separaram os filmes, por isso, a película coreana pode-se considerar igulamente vencedora (embora não oficialmente).

Sérgio Lopes

quarta-feira, agosto 02, 2006

Novo Trailer de Luxury Car

Um homem, já idoso, embarca numa viagem à grande cidade, em busca do seu filho, para que a sua esposa tenha a oportunidade de o ver uma última vez na vida. Pelo caminho encontra a sua filha que faz da prostituição o seu modo de vida. Contudo, ambos acabam por unir esforços para encontrar o rapaz...

O filme de Wang Chao, interpretado por Tian Yuan, Wu You Cai, Li Yi Qing e Huang He, foi apresentado no festival de Cannes em competição, tendo saído vencedor do prémio "Un certain regard" . O novo trailer de Luxury Car encontra-se disponivel para visualização, clicando AQUI.

Sérgio Lopes

terça-feira, agosto 01, 2006

Gohatto (Taboo)

Japão, 1999, 100Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Sozaburo, um jovem de dezoito anos, torna-se um dos membros dum esquadrão de samurais especialmente seleccionados pelo Shogun, conhecidos como Shinsengumi. Os guerreiros, extremamente hábeis no uso de espadas, são treinados para matar quem se opuser ao regime do Shogun. Sozaburo envolve-se numa relação homossexual com alguns dos guerreiros do grupo...

Crítica: Gohatto / Taboo, explora a homossexualidade entre samurais, na pele de um jovem que pelas suas características efeminadas, começa a ser alvo de cobiça por parte dos colegas também aspirantes a samurais. Sim… antes de Brokeback Mountain, já Nagisa Oshima, conhecido entre nós pelo filme “O Império dos Sentidos”, em 1999, explorava o sempre controverso tema da homossexualidade, mas dessa vez, entre samurais.

Polémicas à parte, Taboo é um exercício visualmente assombroso e deliberadamente narrado de forma lenta, de modo a que as personagens se desenvolvam naturalmente. Nagisa Oshima cria um ambiente negro e poderoso, que literalmente nos transporta para a era Shogun. Com poucas cenas de batalha, resumindo-se quase em exclusivo ao treino dos wanna be samurais, Oshima prefere focar a sua atenção nos conflitos interpessoais no acampamento, centrados sempre na pessoa de Sozaburo, interpretado de forma magistral por Ryuhei Matsuda, que cria um personagem no exterior de aparência frágil, e belo (é o objecto de desejo de muitos colegas), mas que interiormente é bem mais forte do que se possa pensar.

O restante elenco cumpre perfeitamente o seu papel, destacando-se obviamente Takeshi kitano, no papel de um dos professores do acampamento, igual a si próprio. No entanto, para quem vai à procura de um filme sobre samurais ficará desiludido. Não é essa a intenção de Oshima. O cineasta toca num tema polémico no Japão e talvez por isso, muita coisa fique por responder. O final do filme deixa muitas coisas em aberto, quase como que para o espectador reflectir e decidir a posição a tomar.

Taboo é um filme que no fundo se pode traduzir como uma metáfora sobre o poder da beleza. Tal como Brokeback Mountain, os estereótipos macho são completamente derrubados. Cowboy Gay? ou Samurai gay? é coisa que não existe. Pelos vistos, para Oshima, existe (e nós sabemos que sim), é um tabu e continuará a ser. E o filme de Oshima, longe de ser uma obra-prima e apesar de demasiado lento e pouco incisivo, consegue pelo menos, a espaços, deslumbrar, perturbar e deixar o espectador a pensar.

Classificação: 6/10

Sérgio Lopes