quinta-feira, janeiro 31, 2008

Estreia da semana – Lust, Caution


Estreia hoje em Portugal o mais recente filme de Ang Lee. Lust, Caution adapta uma história da escritora Eileen Chang ambientada na Xangai dos anos 40 durante a ocupação japonesa. Vencedor do Leão de Ouro no último Festival de Veneza (ler notícia do Cine-Ásia), Lust, Caution marca o regresso do realizador à China após Crouching Tiger, Hidden Dragon, já de 2000.
O filme encontra-se em exibição em vários cinemas de Lisboa e num cinema do Porto. O conto de Eileen Chang foi recentemente editado pela Relógio d’Água. São ambos a não perder.
Para ler uma pequena entrevista a Ang Lee publicada hoje no jornal gratuito Metro cliquem aqui.

Helena F.

domingo, janeiro 27, 2008

The Host em Dvd

Os habitantes de Seul observam surpreendidos em plena luz do dia um estranho objecto pendurado na ponte do rio Han... na realidade, uma monstruosa criatura mutante, que ao despertar começa a devorar todos que cruzam seu caminho. Um dono de quiosque à beira-rio contempla horrorizado como a besta captura a sua filha e a leva consigo. Enquanto o exército fracassa repetidamente nas suas tentativas de destruir o monstro, este homem simples de muita coragem e a sua família decidem empreender uma caçada por sua própria conta, na esperança da sobrevivência da miúda...

É esta a premissa do melhor Monster Movie de 2007, finalmente disponível em Dvd em Portugal. Trata-se do filme coreano The Host - A Criatura e vale bem a pena a sua visualização.

Sérgio Lopes



segunda-feira, janeiro 21, 2008

Zhou Yu’s Train (Zhou Yu de huo che)


China/Hong Kong, 2002, 95 min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Zhou Yu é uma artista de porcelana chinesa que se apaixona por um poeta e todas as semanas percorre centenas de quilómetros de comboio para se encontrar com ele. Entretanto surge na vida de Zhou Yu um outro homem, um descontraído veterinário que se cruza com ela no comboio. Quando a distância do poeta se torna demasiado longa para ser percorrida, Zhou Yu vê-se confrontada com a necessidade de escolher se quer continuar à espera dele ou se precisa de mudar de rumo.

Crítica: Realizado por Sun Zhou, Zhou Yu’s Train é um drama romântico, mas de um romantismo poético, não ostensivo. Há uma certa herança de alguns filmes de Hong Kar Wai, que se nota não só no romantismo da história como na opção por algumas cenas em câmara lenta ou pela banda sonora. Os planos recorrentes de comboios em movimento acentuam uma ideia de viagem também interior, com partidas e retornos como o próprio percurso pessoal da protagonista. Em muitas cenas do filme a vastidão do espaço, seja ele rural ou urbano, parece esmagar os protagonistas e o comboio pode ser visto como o meio que lhes permite vencer esse condicionalismo, suprimindo as distâncias e possibilitando o encontro como a pessoa amada (Zhou Yu visita o poeta viajando até ele de comboio, o veterinário conhece e encontra Zhou Yu no comboio). Quando não há maneira de superar essa separação por meio do comboio, o que sucede quando o poeta vai trabalhar para o Tibete, a relação fica condenada.


Além da importância real e simbólica do comboio, há o mistério da figura de Zhou Yu. Mulher real ou musa ou apenas criação de um artista? Ou todas? As dimensões confundem-se, sendo essa confusão acentuada pela presença de outra personagem feminina que percorre o filme. Ambas são encarnadas pela fabulosa Gong Li, cuja interpretação domina todo o filme, embora seja bem secundada pelas prestações masculinas de Tony Leung Ka-Fai, que veste bastante bem a pele do poeta, e Sun Honlei, igualmente convincente como o veterinário.

Além da bonita, e algo triste, banda sonora, há ainda que referir a deslumbrante fotografia, predominando os tons vermelhos.
O filme resulta pelo seu equilíbrio, conseguindo mostrar situações e evocar estados de alma sem exageros, sempre na medida certa, fluindo com a harmonia de uma melodia. A ideia de poesia, que facilmente se associa a Zhou Yu’s Train, não vem apenas dos poemas de um dos protagonistas mas sim do filme no seu conjunto. Dele retemos um certo tom melancólico e uma aura enigmática que continua a fascinar muito depois do filme terminar. Hora de meia de uma beleza frágil e misteriosa, que se recomenda vivamente a apreciadores deste género de filmes.


Helena F.