Suicide Club (Jisatu Saakuru)
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Crítica: Convenhamos que um filme cuja cena inicial é a de um suicidio colectivo por parte de um grupo de estudantes japonesas numa estação do metro, é no mínimo invulgar e desperta a atenção. As jovens unem as mãos, sorriem e atiram-se para a frente do metro no momento da sua passagem. O sangue e o gore jorra por todo o lado e é sem dúvida uma das cenas de antologia do cinema de terror moderno japonês e não é para qualquer estômago. Tal como aliás todo o filme, intitulado Suicide Club (também conhecido como Suicide Circle).
Não que o filme seja um exercício de gore e violência gratuita como por exemplo algumas películas de Takashi Miike, mas também não é o típico filme de terror teen convencional. Realizado por Sion Sono (realizador conhecido maioritariamente por películas porno gay), Sucide Club pauta-se por um thriller psicológico, com algumas cenas fortes e violentas, por vezes algo paranóico e bastante confuso.
O filme segue a investigação de um detective - Ryo Ishibashi (Audition) com mais uma performance segura e carismática - que após o suicidio colectivo decide investigar. E o que começa por parecer um vulgar filme de terror depressa começa a virar de direcção numa crítica à juventude e sociedade japonesas, aos media e à internet. E aqui começa a confusão, pois o sucedido pode estar ligado a um secreto clube suicida, com indicação prévia num site de internet do número de pessoas que vão morrer, ou pode estar ligado por exemplo a uma banda pop composta por pré-adolescentes que com mensagens subliminares conseguem influenciar os jovens japoneses ao suicídio. E assim, Sion Sono deixa mais interrogações do que respostas, confundindo o espectador.
Poderá, obviamente, Sion Sono querer metaforicamente criticar uma juventude japonesa alienada e viciada na cultura pop, apresentada como superficial e decadente. Porém, é demasiado pretensioso e o impacto dilui-se no meio de tanta cultura pop. Por outro lado a temática do suicidio é bem actual no Japão, aliás, consta-se que o isolamento e a incapacidade de adaptação e integração na sociedade são a causa de milhares de suicídios entre japoneses por ano. Talvez Sion Sono tenha querido transmitir a sua interpretação acerca desse facto. Embora não o faça em pleno, pois a trama vai-se complicando cada vez mais e o final não faz jus ao iníco fulgurante, Sono cria com Suicide Club uma película a que ninguém fica indiferente.
Classificação: 6/10
Sérgio Lopes