terça-feira, outubro 31, 2006

Appleseed (Appurushido)

Japão, 2004, 105Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: No ano de 2131, Deunan Knute, acredita estar a lutar numa guerra pelo futuro e preservação da humanidade, mas na verdade a guerra já não existe mais. Quase todos os humanos foram dizimados nessa guerra, e os poucos que sobreviveram vivem numa cidade chamada Utopia, e é para esta cidade que Deunan é levada ao ser resgatada por um grupo de elite tecnológico chamado de E.S.W.A.T.

Crítica: Com uma história sólida, Appleseed é um remake do anime com o mesmo nome, dirigido por Kazuyoshi Katayama, em 1988. A trama do filme gira em torno de uma espécie de guerra política onde alguns humanos lutam para não ter que dividir o mesmo espaço com uma nova e evoluída (por assim dizer) raça de humanos. O desenrolar da trama é bem conseguido e traz algumas agradáveis surpresas.

O anime tem um visual incrível, que mescla a mais moderna computação gráfica com a arte cartoonesca do Japão. E para oferecer o maior nível de realismo na animação, todos os personagens tiveram actores reais, cujos movimentos foram captados e introduzidos na película, por computador. E assim, a impressão que realmente temos ao assistir o filme é que os personagens não são apenas rabiscos ou pixels sem vida, mas sim pessoas que interagem de uma forma muito aproximada à realidade

Percebe-se que o realizador, Shinji Aramaki, se preocupou mais com a animação, propriamente dita, do que com o filme como um todo. Um bom exemplo disso seria uma melhor apresentação dos personagens, explorando melhor o passado de cada um, as suas fraquezas, o relacionamento de Deunan com Briareos, tanto no passado como no presente, também o conflito entre humanos e a nova raça de clones, etc.

O filme apresenta boa acção, história e principalmente um visual inovador no mundo dos animes, apesar de ficar a sensação de querer conhecer mais o universo em que o filme se desenrola. Contudo, trata-se de um filme agradável, que impressiona pelo visual, prende pelo bom enredo e acção e apesar de ser curto, vale a pena conferir no que pode vir a ser o futuro das animações japonesas.

Classificação: 7/10

Monsenhor

segunda-feira, outubro 30, 2006

2º trailer de The Unseeable

The Unseeable, do realizador Wisit Sasanatieng (Tears of the Black Tiger, Citizen Dog) trata-se de uma história de fantasmas sobre uma rapariga que vem para Bangkok em 1946 em busca do seu marido. Existem rumores de que a proprietária do local onde fica hospedada ainda dorme com a sua mulher... entretanto falecida!

Encontra-se disponivel o segundo trailer deste filme proveniente da Tailândia. Podem aceder ao segundo trailer do filme, bem mais movimentado e com cenas de cortar a respiração, clicando AQUI.

Sérgio Lopes

sábado, outubro 28, 2006

Chaos (Kaosu)

Japão, 1999, 90Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: 'Chaos' inicia quando um casal - Takayuki (Ken Mitsuishi) e Satomi (Miki Nakatani) – vão almoçar e Satomi simplesmente desaparece. Subitamente, Takayuki, um homem de negócios, começa a receber estranhos pedidos de resgate. À medida que o relacionamento entre Satomi e o seu raptor, Goro (Masato Hagiwara), é revelada, o filme começa a desenvolver uma narrativa labiríntica, onde nada é o que parece…

Crítica: Posterior a Ringu (Ring), o mega-sucesso que potenciou o boom de produções asiáticas de terror, Chaos, continua a demonstrar a habilidade de Hideo Nakata como contador de histórias, criando tal como em Ringu, um thriller, só que desta feita, mais intenso e com inúmeras reviravoltas de argumento.

Com óbvias influências Hitcockianas, em particular a Vertigo, a obra-prima do mestre de suspense britânico, Chaos é um exercício policial de mistério e suspense, onde nada parece o que é, no qual o espectador vai sendo confrontado com novas e variadas informações e reviravoltas ao longo de todo o filme.

Com uma realização segura e um bom trabalho de câmara, bem como com reviravoltas na narrativa permanentes fruto da montagem em flashback, o espectador vai se inteirando dos acontecimentos e vai sendo surpreendido pelas sucessivas revelações dadas por Nakata, o que faz com que uma história que não é nova, funcione bastante bem e prenda a atenção do espectador do primeiro ao último minuto da película.

Destaque, para além do trabalho do realizador, para as boas interpretações de todo o elenco, com especial incidência para Miki Nakatami, actriz fetiche de Hideo Nakata, habitual presença nas suas películas. È ela o centro de toda a narrativa e é sobre ela que giram todos os acontecimentos e peripécias.

Embora perca algum fôlego na parte final, Chaos é um thriller decente e eficaz e que mostra o potencial do cineasta fora dos domínios do terror. Aliás, na minha opinião, Nakata não é um cineasta de filmes de terror, pois Ringu ou Dark Water, são filmes que provocam o susto através da manipulação do suspense. E nesse campo, Nakata é claramente superior.

Classificação: 6/10

Sérgio Lopes

quarta-feira, outubro 25, 2006

Ressurection (Yomigaeri)

Japão, 2003, 126Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Numa pequena cidade, os mortos, repentinamente, ressurgem diante de seus entes queridos. Uma equipa de estudiosos é enviada ao local para estudar esse estranho fenômeno, que em vez de trazer terror e pânico, traz de volta a esperança e a lembrança dos bons momentos do passado e a oportunidade de preencher lacunas deixadas pela perda e, assim, tentar recuperar o tempo perdido.

Crítica: Um rapaz caminha tranquilamente no meio da floresta até chegar a uma velha casa. Ao bater à porta, quem atende é uma senhora sexagenária, que em princípio parece desconfiar, mas depois diz convicta: “Filho, é você, filho?”. Então descobre-se que realmente se tratava de seu filho desaparecido há mais de 60 anos sem deixar vestígios.Kawada, um agente do governo é enviado ao local, que coincidentemente, é também a sua terra natal. Lá, encontra-se com a sua amiga de infância Aoi, que por sua vez, tenta recuperar da recente perda do seu namorado.

Pode-se dizer que o filme, a partir deste ponto, divide-se em dois. O primeiro, mais sobrenatural, procura apresentar os diversos casos de resurreição que vão surgindo e a maneira como os envolvidos lidam com o inesperado: um senhor e sua filha que reecontram a falecida mãe deficiente auditiva que havia morrido na mesa de parto; uma mulher que tenta recomeçar sua vida familiar com outro parceiro, mas o reaparecimento de seu ex-marido torna-se um obstáculo, e por aí em diante.

A segunda, envolve o relacionamento entre Kawada, Aoi e seu falecido companheiro. Enquanto Aoi, diante dos estranhos fenômenos, sonha com a volta de seu namorado, Kawada busca um lado mais racional e faz com que ela tente esquecer o passado e, céptico, diz que todos esses casos, são factos isolados. Como cobertura a esses dois caminhos, o realizador Akihiko Shiota trabalha ainda a história de um casal de músicos que retorna à parada de sucessos quando um deles retorna à vida. Usando não somente a música deles, mas também o belo relacionamento reatado inesperadamente.

A premissa de pessoas que retornam da morte pode parecer algo assustador, mas neste filme, não deixa de assumir um lado humano diante da realização de um profundo desejo comum a todos nós que é a volta de uma pessoa amada. É exactamente a partir desse espectro que Akihiko Shiota trabalha o tema da resurreição. Esse carga emocional e sentimental aliado ao lado sobrenatural, faz do filme um modo fantástico de pensar e encarar esse fenômeno.

Enfim, a interessante temática, aliada ao excelente trabalho dos actores e um olhar afetivo e correto do realizador sob um tema sobrenatural — sem abusar do sentimentalismo —, faz do filme um belíssimo ensaio sobre como encararmos as dificuldades do presente e como ficar preso ao passado afecta tudo isso.

Classificação: 7/10

Ric Bakemon

domingo, outubro 22, 2006

2 Duo (2 Dyuo)

Japão, 1997, 90 Min.

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Sinopse: Uma viagem emocional, até ao lento deteriorar de uma relação, entre um jovem casal, à beira da ruptura devido às pressões do dia-a-dia.

Crítica: Primeira longa-metragem do japonês Nobuhiro Suwa, "2 Duo", de 1997, revela já alguns dos traços que caracterizam as obras seguintes do realizador, nomeadamente o olhar sobre a vida conjugal, o realismo impresso pelas interpretações de actores que recorrem à improvisação e uma singularidade formal, com planos fixos e longos e enquadramentos incomuns.

Em "2 Duo" o cineasta foca a relação de dois jovens, Yu e Kei, que vivem no mesmo apartamento e aí partilham uma série de momentos que tanto se aproximam de uma terna placidez e cumplicidade como de emoções à beira da combustão, onde vem ao de cima o pior de cada um deles.

À medida que o filme progride, o relacionamento do casal vai evidenciando as suas fragilidades, tornando-se cada vez mais fracturado. Suwa apresenta um duo de personagens disfuncionais, imprevisíveis e desencantadas, mas pouco empáticas, pois estão tão imersas nas suas convulsões emocionais que a sua presença se torna maçadora e por vezes mesmo irritante e penosa.

Alternando sequências centradas no quotidiano do casal com outras onde cada protagonista se expõe individualmente ao espectador (respondendo a perguntas do realizador), esta ficção com elementos documentais nunca consegue, em nenhuma dessas vertentes, fazer com que as tensões das personagens ganhem interesse, convidando a um afastamento e recusa progressivos.

Com uma narrativa elíptica que cedo se esgota, cenas maioritariamente monótonas e sem densidade e personagens cujas motivações ficam por esclarecer, "2 Duo" é um poderoso soporífero de uma hora e meia que parece ter o dobro da duração. Recomenda-se a quem sofra de insónias ou tenha paciência de chinês.

Gonçalo Sá

terça-feira, outubro 17, 2006

The Eye 10 (Gin Gwai 10)


Hong-Kong, 2005, 81Min.

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Sinopse:
4 amigos adolescentes, de Hong-Kong, vão visitar um amigo à Tailândia, Chongkwai. Chongkwai apresenta-lhes um livro intitulado Os Dez Encontros e que mostra 10 métodos diferentes de comunicar com os mortos. E o jogo começa...

Crítica: O terceiro filme da série The Eye intitula-se The Eye 10 (também conhecido por Eye: Infinity). O que começou por um decente filme de terror / suspense (The Eye) e continuou com uma repetição de clichés do original num filme mais orientado para o terror psicológico / drama (The Eye 2), termina em queda livre com um misto de comédia e Terror MTV adolescente, com The Eye 10.

O número 10 significa dez formas diferentes de comunicar com o além e é exactamente isso que os irmãos Pang apresentam na primeira metade do filme. As duas primeiras formas são-nos apresentadas como forma de relembrar as duas anteriores partes da trilogia, (transplante de Córnea - The Eye ; Gravidez - The Eye 2).

As oito restantes formas de comunicar com os mortos vão desde jogar às escondidas num bosque com um gato preto para "chamar" os espíritos, até por exemplo bater numas taças nas ruas tailandesas até que a primeira taça que quebrar, essa pessoa será assolada por um fantasma (!). Os jovens amigos querem experimentar as 10 formas de comunicar com os mortos e obviamente algo corre mal.

São oito formas que derivam da mente dos irmãos Pang baseadas não sei exactamente em quê. Mas enfim... O certo é que a primeira metade do filme é preenchida por essa sucessão de acontecimentos baseados no livro que no entanto, pouco assustam, pois muitas são ridículas e para agravar mais a situação, os efeitos especiais são muito maus e em nada ajudam. A atmosfera característica dos irmãos Pang consegue ser criada a espaços, mas não resulta tão bem. Nem os actores sabem realmente como actuar neste amaranhado algures entre comédia e terror.

Mas não se pense que com The Eye 10, os Pang pretendem assustar o espectador. Antes pelo contrário. A segunda metade do filme é quase uma paródia, quando os jovens regressam a Hong-kong e vêem-se mergulhados na situação criada por eles próprios. Há bolas de basket a assombrar os jovens, realidades paralelas, enfim, um punhado de situações bizarras que não sendo hilariantes, são minimamente engraçadas. O resultado é um produto desiquilibrado e que termina a série The Eye com pouco ou um nenhum fôlego, numa tentativa inglória de dar uma lufada de ar fresco ao franchising.

Classificação: 4/10

Sérgio Lopes

segunda-feira, outubro 16, 2006

2 propostas vindas da Tailândia

O cineasia apresenta duas propostas conpletamente distintas vindas do cinema Tailandês, cada vez com maior número de filmes e maior diversidade de géneros, The Unseeable e The Legend Of Sudsakorn.

The Unseeable, do realizador Wisit Sasanatieng (Tears of the Black Tiger, Citizen Dog) trata-se de uma história de fantasmas sobre uma rapariga que vem para Bangkok em 1946 em busca do seu marido. Existem rumores de que a proprietária do local onde fica hospedada ainda dorme com a sua mulher... entretanto falecida! Podem aceder ao trailer do filme clicando AQUI.

Sudsakorn é o nome de um jovem que tem de utilizar os podere mágicos que possui para defrontar o mal durante o longo caminho a percorrer em busca de seu pai. Trata-se de um épico de aventuras, protagonizado por Chalie Trirat, Penanee Sungkorn, Surachai Sangarkart, Phanudet Watthanasuchat e Patchara Kaewphet, realizado por Kaisorn Buranasing e com estreia Tailandesa prevista para o final de Outubro. O trailer pode ser visualizado, clicando AQUI.

Sérgio Lopes

sábado, outubro 14, 2006

Marathon


Coreia do Sul, 2004, 117Min.

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Sinopse: Embora Cho Won tennha 20 anos de idade, ele tem o cérebro e compreensão do mundo como uma criança de 10 anos., pois sofre de autismo. Sabendo que Cho Won gosta de correr, a sua mãe, Kyong Sook inscreve-o numa variedade de corridas tendo como meta competir numa maratona para atingir o objectivo de qualquer concorrente amador: terminar a corrida em menos de 3 horas. Mas será que essas altas ambições são para benefício do filho ou será dela própria? Será que Cho Won gosta mesmo de correr ou é apenas "ensinado" para concordar com os desejos da sua mãe?


Crítica: Marathon é o filme de estreia do realizador coreano Jeong Yoon-chul e conta a odisseia de um jovem autista Cho won (Cho Seung-woo) e da sua super-protectora mãe, que acaba por descurar o seu outro filho em função da obsessão pelo seu filho autista que requer cuidados constantes. A vontade de Cho Won em correr (ou desejo imposto pela mãe?) e as boas classificações em provas regionais levam a que a sua mãe peça ajuda a um ex-atleta, Yun Jung-won, outrora consagrado, actualmente mergulhado na bebida, para treinar Cho Won para correr a maratona.

No inicio, a relação entre treinador e atleta não é fácil, mas a pouco e pouco vão criando uma empatia tal que é colocada em causa a super-protecção da mãe, questionando se Cho Won faz o que lhe apetece ou aquilo que é vontade de sua mãe e lhe é imposto fazer por ela, ao mesmo tempo que de certa forma, provoca um renascimento em Yun Jung-won, que vê no seu pupilo a motivação que lhe faltou após ter terminado a carreira.

Baseado em factos reais, o realizador coreano passou cerca de dois anos entrevistando o jovem autista no qual baseou a sua história, o que significa que tinha perfeito conhecimento da sua maneira de ser, motivações e objectivos alcançados, podendo criar um filme com bases factuais bem concretas. Todo o peso interpretativo recai sobre os ombros do actor Cho Seung-woo que recria de forma magistral o autista Cho Won. Aparentemente, o actor teve o privilégio de se encontrar com Bae Hyung Jin, o jovem que serviu de inspiração real para o filme, permitindo assim captar todos os seus tiques e maneirismos próprios.

Embora filmado de forma sóbria e eficaz, Marathon não é mais do que um tear jerker que mistura com doses equilibradas drama e humor. Embora com um final provavelmente previsivel, o cineasta coreano consegue manter sempre o ritmo ligeiramente interessante, conduzindo a narrativa a bom porto. Tendo sido um enorme sucesso de bilheteira no país de origem, Marathon é um filme agradável mas não mais do que isso. Um filme que se vê com agrado numa tarde de domingo e que foi claramente feito para um público mais abrangente e mainstream. É uma história de acreditar na concretização de objectivos contra todas as dificuldades.

Classificação: 6/10

Sérgio Lopes

sexta-feira, outubro 13, 2006

Festival de Pusan

A 11ª edição do festival internacional de cinema de Pusan (Pusan International Film Festival - PIFF) decorre entre 12 e 20 de Outubro. O maior festival de cinema asiático conta com um número significativo de filmes do continente, abrindo com o coreano Traces of Love, de Kim Dae-seung (Blood Rain, Bungee Jumping of Their Own) e fechando com o mega-sucesso chinês, a comédia tresloucada Crazy Stone, de Ning Hao.

Aliás a presença dos mais recentes sucessos de bilheteira Sul-Coreanos do ano está garantida com filmes como The Host, City of Violence, A Dirty Carnival, Family Ties, King and the Clown, Woman on the Beach, entre outros.

Será também possivel assistir a uma retrospectiva do cinema coreano produzido sob domínio colonial japonês, bem como algumas películas integradas na corrente gay chinesa.

A 11ª do PIFF irá projectar 245 filmes de 63 países diferentes, doa quais 64 terão estreia mundial absoluta. O cinema europeu ocupa metade da programação, enquanto que um terço estará destinado ao cinema asiático. O cinema norte-americano terá um peso de apenas 10% na programação. Para aceder a toda a programação do festival, visitar o site oficial em AQUI.

Sérgio Lopes

quarta-feira, outubro 11, 2006

Castle In The Sky (Tenkuu no Shiro Laputa)


Japão, 1986, 124min

Página Oficial - Trailer - Fotos

O CASTELO DO CÉU LAPUTA

Sinopse: Sheeta cai misteriosamente do céu literalmente para os braços de Pazu, que vive e trabalha numa pequena cidade nas montanhas. Este encontro leva ambos a uma série de aventuras provocadas pela perseguição de piratas do ar e do exército a Sheeta, que acabam numa busca pela identidade dela e pelo misterioso castelo no céu, Laputa.

Crítica: Mais um filme onde Hayao Miyazaki expressa a sua profunda paixão por máquinas voadoras, desta vez a quase totalidade do filme se passa com os pés muito pouco assentes na terra. É um filme com uma permissa simples, todas as personagens buscam no castelo Laputa um sonho, uma utopia. Sheeta busca a sua identidade, Pazu concretizar o sonho do pai e aprender com a tecnologia, os piratas tesouros e o exército, na personagem de Muska, o poder. A dada altura todos encontram o que buscam, mas nem todos são bem sucedidos e simplesmente os maus são castigados e os bons recompensados, mas não sem algum sacrifício ou a destruição do próprio sonho.

Com um enredo mais político mas ao mesmo tempo mais simples que Nausicaä, Laputa é um filme um tanto desequilibrado, balançando entre peripécias que se arrastam e climaxes imponentes. Mas se algumas partes se prolongam, tudo é compensado com a chegada ao fantástico castelo no céu. Toda a paisagem é lindíssima, a concepção arquitectónica do castelo de uma decadência romântica e é aí que o filme verdadeiramente começa a cativar com a resolução, pouco a pouco, de todos os mistérios.

Também é na fase do castelo que verdadeiramente vemos a mensagem ecológica de Miyazaki em acção, num castelo de uma civilização tecnológicamente avançada mas que, à semelhança de Macchu Picchu (onde muita da paisagem se inspira) ou das cidades dos Maias, foi misteriosamente abandonado. Como tal a natureza tomou conta do lugar indiscriminadamente até tornando o único robô que resta em actividade numa espécie de delicado protector da natureza, ao contrário do seu aspecto beligerante. Neste robô encontro uma outra referência a um importantíssimo filme de animação francês, “Le Roi et L’Oiseau”, de 1980, onde um robô semelhante, delicadamente abre a gaiola de um minúsculo passarinho.

Se prestarmos atenção, a grande maioria dos filmes de Miyazaki são conduzidos por uma protagonista forte (Nausicaä, Kiki, Chihiro, etc.). Neste filme temos uma personagem masculina em pé de igualdade, Pazu. Em muitos aspectos acho-o muito semelhante a Conan (da famosa série de TV “Mirai Shounen Conan” – “Conan, o rapaz do futuro”), na determinação, no engenho e em vários aspectos físicos, a começar pela fisionomia e a terminar nalguma agilidade fora do comum.

Na direcção artística vemos aqui uma confirmação do rumo já anteriormente traçado de paisagens idílicas onde a natureza domina, onde o céu é muito azul e o verde muito verde. A característica mais marcante e invulgar sendo que as poucas paisagens terrestres são extremamente acidentadas, paisagens agrestes onde difícilmente o homem e a sua tecnologia destroem sem critério (mais uma referência a Macchu Picchu). O culminar da beleza desta paisagem é o castelo que lembra certas representações, da pintura do periodo romântico europeu, de um certo Olimpo utópico.

A animação é, como sempre, intocável, abusando, no bom sentido, de cenas aéreas em céus nublados. A banda-sonora é, como sempre, de Joe Hisaishi mas ainda bastante discreta e sem um tema marcante. É um filme espectacular em termos visuais e detalhe, com talvez alguma ressalva para a narrativa ligeiramente desequilibrada.

Classificação: 7/10

Misato

terça-feira, outubro 10, 2006

SItges Film Festival


Decorre na Catalunha, entre 6 e 15 de Outubro, a 39ª edição do festival internacional de cinema da Catalunha - SITGES 2006. A presença asiática está em grande escala, contando com títulos como:

Dragon Tiger Gate, com Donnie Yen.
Exiled e Election 2, de Johhnie To.
The Host, o mega-sucesso Coreano de 2006.
Time, o aguardado regresso de Kim Ki-Duk
Re-Cycle, dos irmãos Pang
Big Bang Love, Juvenile A; outro regresso, desta feita de Takashi Miike e com R. Matsuda.
Duelist, Tokyo Zombie, Strange Circus, ou Crickets, entre outros.

Irá decorrer igualmente uma homenagem ao cineasta Kiyoshi Kurosawa, que para além de receber um prémio pela sua carreira no domínio do terror, irá estrear o seu mais recente trabalho, Retribution.

O programa completo do festival pode ser acediso clicando AQUI.

Sérgio Lopes

domingo, outubro 01, 2006

1º aniversário do CINEASIA!!!!!

Faz hoje um ano que foi criado oficialmente o CINEASIA. O que começou por uma mera vontade do seu criador e fundador, Sérgio Lopes, em escrever sobre cinema asiático, cinema esse com pouca divulgação na blogosfera nacional, tornou-se aos poucos num site de alguma referência para quem quer se iniciar no belo cinema oriental.

Contando com a preciosa ajuda de outros ilustres bloguistas, da blogosfera nacional e brasileira, o cineasia felizmente tem vindo a crescer. Contribuições de Miguel Lourenço Pereira, Gonçalo Sá, Fábio Guerreiro e Francisco Mendes, entre outros, foram (e ainda o são) extremamente importantes para o bom arranque do blogue.

Com o aumento das visitas diárias à medida que o tempo foi passando, mais responsabilidades em actualizar o blogue e mantê-lo interessante, foi necessário implementar. Felizmente, orgulho-me de ter colaboradores regulares que com as suas críticas bem estruturadas e que denotam um conhecimento vasto e profundo da cinemateca asiática, engrandecem o cineasia e permitem ter opiniões diversas, géneros diferentes em análise, e correntes cinematográficas distintas em apreciação.

Muito obrigado a Ric Bakemon, Misato e mais recentemente, Monsenhor e Satyr, pela sua importantíssima contribuição. Pena que o ilustre Takeo Maruyama não tenha o tempo suficiente que lhe permita colaborar no cineasia, pois não só escreve muito bem, como também tem um conhecimento profundo da obra asiática e o privilégio de morar no Japão, onde assiste a algumas películas no… cinema. Mas para matarmos as saudades das suas belas dissertações, esta semana leiam a crítica a SPL- Sha Po Lang, por Takeo Maruyama.

E de facto, 1 ano, passou depressa… Mas o cineasia é um projecto que felizmente tem pernas para andar e do qual muito me orgulho. Continuo, no entanto, a ter um objectivo num futuro próximo. Pretendo que o cineasia ainda possa crescer mais e para isso era importante ter um número de colaboradores que permitisse publicar uma crítica por cada dia da semana. Desta forma, não só se divulgam mais filmes e correntes de cinema, como poderemos igualmente abrir o leque a artigos de opinião e biografias de realizadores asiáticos consagrados. Neste momento, é essa a meta que traço e espero consegui-lo.

Por enquanto, meus amigos, que me visitam diariamente (media de 100 visitas por dia, mais de 2500 visitas mensais, de momento), o cineasia vai hibernar por uma semana. Digamos que vamos tirar umas mini-férias, após um ano de trabalho (e prazer). Mas para que não fiquem sem nada para fazer, aqui fica um pequeno exercício para matar o tempo …

Quem quiser poderá assinar o seu nome, substituindo cada letra pelo som japonês correspondente (à direita de cada letra) :

A- ka * B- tu * C- mi * D- te * E- ku * F- lu * G- ji *H- ri * I- ki * J- zu * K- me * L- ta *M- rin * N- to * O-mo * P- no * Q- ke * R- shi * S- ari * T-chi * U- do * V- ru * W-mei * X- na * Y- fu * Z- zi

Eu dou o exemplo...

Sérgio Lopes (Arikushijikimo Tamonokuari)