Primeiro filme Timorense

Realizado por Ivete de Oliveira, o filme assenta na improvisação, suportado no estilo documentário. Uma crítica mais aprofundada a Sirana, bem como o respectivo trailer podem ser visualizados AQUI.
Sérgio Lopes
Crítica: Unknown Pleasures é a terceira longa-metragem de Jia Zhang-ke, rodada em 19 dias com um orçamento baixo e sem autorização estatal, ou seja, trata-se ainda de uma obra “underground” que não pôde ser exibida legalmente nas salas de cinema chinesas.
O título do filme é retirado de uma canção que se ouve em vários momentos deste e faz referência aos “prazeres desconhecidos” do Ocidente, nomeadamente a dita cultura pop, que invade a vida dos jovens do filme sem que isso lhes traga quaisquer benefícios ou particular satisfação. Xiao Ji veste-se como qualquer jovem ocidental, tem um corte de cabelo estiloso mas passa os seus dias vagueando pelas ruas, muitas vezes em busca de Qiao Qiao, uma rapariga que conhece a dançar num concurso publicitário e que é sevaramente controlada por um homem mais velho. Bin Bin é um jovem igualmente desocupado, cuja namorada aspira a entrar na universidade para estudar Comércio Internacional. As perspectivas de futuro da namorada, em tudo contrastantes com as suas, e as críticas da mãe, que o considera um inútil, levam-no a tentar alistar-se no exército mas é impossibilitado de o fazer quando descobre ter hepatite.
Unknown Pleasure foi, tal como os dois primeiros filmes de Jia, filmado em Shanxi, na cidade de onde o realizador era originário. O filme é um retrato notável da juventude chinesa das cidades pequenas, com muito do Ocidente ao seu dispor mas sem utilidade a dar a tudo o que tem acesso. Apáticos, vivem os dias sem grande ânimo ou convicções. Esse desinteresse está bem patente nas várias cenas em que são mostradas notícias televisivas reportando problemas com os EUA ou com com as Falun Gong, às quais as personagens não prestam grande atenção.
A incomunicabilidade está bem patente na cena em que Bin Bin e a namorada estão sentados lado a lado no sofá sem sequer olharem um para o outro e sem conseguirem manter um diálogo substancial. A forma que encontram para “falar” é cantar em uníssono uma canção em karaoke na televisão.