sexta-feira, junho 30, 2006

Girls kick some ass!

Para quem quiser ver umas gajas a dar uma valente porrada (desculpem este português machista) vem aí Cool Dimension, o filme de Yoshikazu Ishii conhecido maioritariamente por ser um responsável pelos efeitos especiais de alguns filmes japoneses (Godzilla Final Wars, por exemplo). O elenco é formado por Yôko Mitsuya, Mitsuho Ôtani, Mika Shigeizumi, Satoshi Nikaidô, Satoshi Matsuda, Ayumi Kinoshita, Yuka Ônishi, Miyû Yamamoto, Tamio Kawachi, e Kenichi Endô e estreia já amanhã no Japão. Podem fazer o download do trailer e aceder à página oficial abaixo.

quarta-feira, junho 28, 2006

Próximos filmes de Johnnie To

Johnnie To acaba de anunciar um acordo com a produtora Meridian Pictures, responsável pela produção de, entre outros, Seven Swords. O acordo visa a realização de 3 a 4 filmes de grande orçamento nos próximos seis anos.

O primeiro projecto já é conhecido: Vai-se intitular Butterfly Flies e será protagonizado por Li Bing-bing e Vic Chow numa história sobre uma rapariga que tem uma discussão com o namorado instantes antes deste morrer num acidente. Rapidamente a rapariga entra em depressão e acaba por encontrar o fantasma do seu namorado... Johnny To a experimentar o J-Horror clássico? Vamos aguardar pela estreia, em principio em 2007.

Sérgio Lopes

terça-feira, junho 27, 2006

Samaritan Girl (Samaria)

Coreia do Sul, 2004, 95Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Yeo-Jin é uma jovem adolescente que ainda vive com o seu pai, viúvo. A sua melhor amiga, Jae-Young, é prostituta. Yeo-Jin ajuda-a marcando os encontros com os clientes e vigiando a policia. Juntas mantêm o sonho de juntar dinheiro e fugir para a Europa. Mas um dia, Yeo-Jin comete uma distracão fatal e Jae-Young é apanhada pela policia, resultando daí um acidente com trágicas consequências. Jae-Young morre e Yeo-jin embarca numa espécie de viagem de redenção, aos clientes habituais de Jae-Young...

Crítica: Os heróis de Kim Ki Duk são antes de mais outsiders, não anti-sociais. Eles têm a crueldade inocente das crianças. Assim como o indivíduo que invade as casas desocupadas em 'Ferro 3', não para roubar, para nada, aliás; apenas para pernoitar, lavar a roupa, consertar aparelhos avariados e ir embora. Assim como o velho que mantém uma menina no barco em ‘The Bow’ até ela atingir a maioridade e casar-se com ele: ela inconsciente de que está a privar-se de uma vida lá fora, ele inconsciente de estar a causar algum mal a ela.

Em compensação, é de fora do universo fechado destes outsiders, da sociedade dita normal, que vemos um desfile de maldade: os pescadores que vêm pescar no barco do velho em ‘The Bow’ vêem malícia na relação da menina com o velho. Em 'Ferro 3': a mulher que é agredida pelo marido, o casal que se desentende mesmo em férias, os policias corruptos.

Em Samaria, duas amigas têm o sonho de juntar dinheiro, ir para a Europa. Uma delas prostitui-se, a outra tem certa repulsa por isso, mas não consegue se opor. Aqui entra a personagem outsider típica de Kim Ki Duk: a menina que se prostitui envolve-se com os seus clientes, interessa-se por eles e até mesmo sente prazer no seu ofício. Numa operação policial, acaba por se atirar pela janela e morre. A sua amiga, transtornada e culpada pela sua morte, resolve redimir-se da culpa tendo relações com os antigos clientes e devolvendo-lhes o dinheiro. Uma outsider, também ela.

Um outsider sozinho poderia ser motivo de desprezo, riso ou estranheza: aqui entra o génio de Kim Ki Duk. O pai da menina, detective policial, numa patrulha corriqueira, encontra a filha a prostituir-se. O outsider agora tem uma família que ele faz sofrer, a despeito da sua crueldade inocente ou inconsciente. O pai não consegue castigar a filha directamente, talvez por lhe reconhecer a inocência, a inconsequência, e passa a procurar os clientes dela e vingar-se neles. Mais uma vez a sociedade normal e doente: homens de família que saem com uma prostituta adolescente que poderia ser sua filha.

Incapaz de vingar-se directamente na filha prostituída, mas ao mesmo tempo incapaz de aceitá-la na sua hediondez, vemos o pai abandoná-la à própria sorte numa cidade distante, como um animal ferido (ele ou ela?), numa cena perturbadora. Impossível saber quem mais sofre: ela, abandonada, ou ele, abandonando-a. Não se trata, para Kim Ki Duk, de condenar ou criticar a sociedade - embora essa crítica naturalmente apareça. Trata-se antes de uma espécie de voyeurismo: Kim joga os seus outsiders no palco social, hostil a eles em geral, e observa o comportamento e as reações de ambos os lados.

Classificação: 8/10

Pedro Ayres

sábado, junho 24, 2006

Happy Together (Chun guang zha xie)

Hong-Kong, 1997, 96Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Ho Po-Wing (Leslie Cheung) e Lai Yui-Fai (Tony Leung) saem de Hong Kong em direção à Argentina, em busca de um trabalho e uma vida melhor. Eles querem chegar às Cataratas do Iguaçu, desejo que representa acima de tudo um novo recomeço para o ora calmo, ora turbulento romance entre eles. De nada adianta, já que o comportamento instável e volúvel de Fai só causa mais dor em Wing. A chegada de um outro nativo de Hong Kong, o heterossexual introspectivo Chang (Chang Chen), fará com que Wing pense em retornar à sua cidade natal e definitivamente abandone Fai à sua própria sorte.

Crítica: Exílio, deslocamento, ausência, nostalgia. Algo a ser contado sobre Hong Kong, ou sobre possivelmente, Buenos Aires. Maio de 1997. Meses antes de a ilha passar pelo processo histórico de transferência de colónia britânica ao poderio chinês. Esse é o momento de produção da película de Wong Kar-Wai, “Felizes Juntos”. O filme é um marco para o cinema de Hong Kong e também para o cinema oriental. É a primeira vez que um realizador local recebe um prémio no Festival de Cannes no mesmo ano. O título "Happy Toghether” (tradução oficial em inglês) refere-se a uma música da banda pop The Turtles.

O título chinês (Chunguang Zhaxie) é completamente distinto ao inglês e embaraçosamente traduzido. O título em chinês quer dizer “Algo sexy” a ser mostrado, uma frase incomum, que pode ser usada para advertir mulheres que mostram um excesso ao cruzarem as pernas. Nesse sentido, a escolha do realizador para um segundo título “The Buenos Aires Affair”, é realmente significativa, pois no filme ocorre um caso amoroso na cidade argentina de Buenos Aires. Paradoxalmente, o ressoar feminino que o título chinês aponta está completamente ausente no filme. Pelo contrário, direciona-se a uma narrativa exclusivamente masculina, com ausência de personagens femininos.

Observa-se a tentativa de se recriar Hong Kong em Buenos Aires realizando o filme fora do limite geográfico referencial do realizador. Como um road-movie semelhante aos norte-americanos (Easy Rider), a atmosfera captada pelas imagens conduz a um sentimento de exílio, de diáspora, de lar perdido, de nomadismo pós-moderno. Pessoas que se deslocam do local de origem em função de acontecimentos políticos e sociais conturbados, redefinindo parâmetros, entrando em outros sistemas sígnicos que os deixam confusos. Algo como um começar de novo. O encontro com o desconhecido num país completamente distinto, como a Argentina, uma atmosfera fria, o exacto oposto geográfico e temporal de Hong Kong.

É com toda a miscelânea acima que o realizador resolve produzir e filmar sem saber exactamente o que seria narrado, sem ter a trama pronta. Ressoando como algo caótico, as seis semanas em Buenos Aires consistiriam numa filmagem sobre tempo, espaço, identidade e isolamento. E é disso que o filme trata. Sobre tempos e espaços que podem coexistir simultaneamente. Sobre identidades móveis, flutuantes, o mundo globalizado, instantâneo, caótico. Um relacionamento amoroso que é frustrado pelas circunstâncias nas quais a dependência psicológica concorre com o medo ao isolamento, à dor e à solidão. O filme aborda a homossexualidade a partir de um locus de enunciação heterossexual. A proposta não é ser panfletária à causa, mas demonstrar que a dor de um relacionamento amoroso contém um traço universal, independente da orientação sexual de quem o experimenta.

Não existe a crença em identidades únicas e essenciais. Os protagonistas são sujeitos desterritorializados, imersos no contexto em que o único possível é o encontro, a experiência humana, a sobrevivência caótica. O sentido diaspórico ocorre na narrativa fílmica, especialmente ao atestar a referência histórica televisiva à morte do líder chinês Deng Xiaoping. Ou seja, pode-se inferir o registro do momento histórico conturbado, a passagem de poder de uma nação para outra, o desejo de escapar, de conhecer algo novo, embora sem participação direta nos acontecimentos, sem tratar-se de uma militância política. Vai se perfilando, nestes comentários iniciais, atmosferas semelhantes no texto de Puig e no filme.

Os chineses em Buenos Aires – como os argentinos Gladys e Leo – vivem a experiência do deslocamento territorial como etapas de construção identitária a partir e situados na alteridade. Na primeira cena do filme de Kar Wai o espectador depara-se com os passaportes dos chineses (Yiu-Fai e Wo Po-Wing) que, ao abandonarem o lugar de origem, encontram-se imersos na solidão melancólica e soturna de Buenos Aires. A mescla de cores fortes filtradas na película acompanha a atmosfera da história, marcada pela separação e união cíclicas.

Dessa forma, pode-se considerar que o recurso fotográfico de alternância de cores, as imagens aceleradas e o movimento da câmera na mão são escolhas que nos permitem realizar uma leitura norteada pelo elemento político de união e separação entre países cuja estrutura antiga vai desmoronando no mundo globalizado. E o filme demonstra a maneira como este fenômeno de separação e união políticas pode ser deslocado e colocado para a reflexão na simples história do relacionamento de dois sujeitos.Duas pessoas que, face à impossibilidade de lograr felicidade pela união, acabam por simplesmente circular nos bordes de uma metrópole latino-americana e receber dela elementos culturais que se juntam e misturam a seus sistemas sígnicos e podem ser experimentados como próprios.

De Puig, Kar-Wai toma emprestada a atmosfera urbana, a ambientação kitsch e os signos do camp. O kistch está nas cores baratas do quarto de Yiu-Fai, no sentimentalismo reprimido dos dois amantes e na representação das Cataratas do Iguaçu em um abajour. O camp, no filme, relaciona-se à relação homossexual vivida pelo casal, que, mesmo que não seja destaque na história, a relação da homossexualidade e os movimentos engajados de libertação sexual, ela está presente para enfatizar que certos tipos de relacionamentos e angústias podem ser vivenciados por sexos iguais (ou não).

Continue a ler a crítica a Happy Together AQUI

sexta-feira, junho 23, 2006

Estreia da Semana - Samaria

Yeo-Jin é uma jovem adolescente que ainda vive com o seu pai, viúvo. A sua melhor amiga, Jae-Young, é prostituta. Yeo-Jin ajuda-a marcando os encontros com os clientes e vigiando a policia. Juntas mantêm o sonho de juntar dinheiro e fugir para a Europa. Mas um dia, Yeo-Jin comete uma distracão fatal e Jae-Young é apanhada pela policia, resultando daí um acidente com trágicas consequências. Jae-Young morre e Yeo-jin embarca numa espécie de viagem de redenção, aos clientes habituais de Jae-Young...

Trata-se de Samaritan Girl (Samaria), o filme de Kim Ki-Duk que finalmente estreia em Portugal, passados quase dois anos (!). Samaria, foi realizado entre as duas obras-primas do realizador Primavera, Verão, Outono, Inverno e... Primavera e Ferro3, numa altura em que o seu novo filme Time é aguardado com imensa expectativa. Brevemente será colocada no cineasia a crítica a Samaria.

Sérgio Lopes

quinta-feira, junho 22, 2006

Takashi Miike não pára!


Pois é, Takashi Miike tem um ritmo de trabalho frenético e realmente não pára! O realizador japonês acaba de finalizar os seus últimos dois projectos, Waru (estreado no japão em fevereiro e com lançamento em dvd por terras nipónicas em breve) e Big Bang Love (este último até teve a sua premiere no festival internacional de Berlim também em Fevereiro) , já para não mencionar o segmento rodado para TV, Master of Horror: Imprint.

E enquanto Taiyo No Kizu (a.k.a. Scars on the Sun) se encontra em pós-produção já se sabe que em 2007 será rodado um filme de acção "para ser apreciado por adultos e crianças" nas palavras de Miike, intitulado Tenderness, sendo que foi encomendado a Miike um remake de elevado orçamento, do clássico japonês Daimajin, de 1966, pela Kadokawa-Herald Pictures, com estreia prevista para 2008. Ufa...

Sérgio Lopes

quarta-feira, junho 21, 2006

God's Left Hand, Devil's Right Hand - Trailers


God's Left Hand, Devil's Right Hand (Kami no hidarite akuma no migite)
de Shûsuke Kaneko é a adaptação para cinema de um manga com o mesmo nome, da autoria de Kazuo Umezu, perito em comics japoneses de terror.

Contando com um elenco forte e alguns cameos por parte de estrelas de renome, God's Left Hand, Devil's Right Hand (Kami no hidarite akuma no migite), conta-nos a odisseia de uma série de assassinatos perpretados por um ilustrador amador a morar apenas com a sua filha inválida. À medida que os crimes se vão sucedendo, Sou, uma criança de seis anos desenvolve uma espécie de sexto sentido que lhe permite criar uma forte ligação com as ocorrências levando mesmo à sua hospitalização. Sou conta com a ajuda da sua irmã para o retirar desse estado de letargia, mas há medida que se vai envolvendo na investigação, ficará à mercê do assassino...

O filme terá a sua premiere no Fantasia Festival de Montreal, canadá, em Julho deste ano, estando igualmente previsto o lançamento em sala no japão na mesma altura. Abaixo estão os links para os trailers do filme e respectivo site oficial.

Teaser Trailer High Low
Trailer de Cinema High Low
Site Oficial


Sérgio Lopes

terça-feira, junho 20, 2006

Novo thriller de terror coreano - Arang


Dois detectives investigam um duplo homicidio e deparam-se no seu trajecto com uma mulher, que terá sido presumivelmente assassinada há cerca de 10 anos atrás. Será um fantasma? Esta revelação levará a acontecimentos terriveis para os dois detectives... Arang será protagonizado por Song Yun-Ah (Lost In Love) e Lee Dong-wook (My Girl) e terá estreia prevista a 29 deste mês. O trailer está disponivel para visualização clicando AQUI.

Sérgio Lopes

segunda-feira, junho 19, 2006

Aegis (Bôkoku no îgisu)

Japão, 2005, 120Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Isokaze, um cruzador japonês, durante manobras de treino, é sequestrado por um grupo de terroristas pró-militares de um país asiático, liderados por Yeung Fan, que por sua vez, é ajudado por um grupo de militares japoneses movidos por um sentimento de vingança diante da desconfiança com a política militar de seu país, segundo eles, omisso.O objetivo de Yeung Fan é usar Isozake para disparar uma poderosa arma norte-americana chamada Aegis contra a cidade de Tóquio.

Crítica: Aos poucos, o Japão parece estar a levantar as suas armas depois de um período de hibernação forçado após o término da Segunda Guerra Mundial. Na vida real, os primeiros passos foram dados com o envio de militares para o Afeganistão e Iraque, numa prova de apoio à aventura norte-americana nesses países. Hoje, congressistas nacionalistas procuram incorporar valores nacionais e culturais aos estudantes na tentativa de reviver o espírito do guerreiro samurai diante de um imperador com um papel simbólico e de um país que tem a sua liderança na região ameaçada pelo gigante vizinho, China, sem falar dos incontáveis esforços para reaver os cidadãos sequestrados pelos norte-coreanos e tirar o Japão da mira dos mísses daquele país comunista. Ou seja, motivos não faltam.

Sabemos que a vida imita a arte e vice-versa. No campo artístico, esse renascimento acontece na produção de filmes que procuram traduzir essa nova combinação geopolítica, principalmente nas relações instáveis com os países vizinhos, principalmente a China e a Coréia do Norte. Um desses filmes é Aegis, um thriller militar que é uma adaptação do best-seller homônimo de Harutoshi Fukui, que também escreveu “Lorerei”, adaptado para o cinema um pouco antes de Aegis. O que se sucede é um amontoado de cenas de acção repetitivas com clara influência hollywoodiana onde dois oficiais desarmados enfrentam heroicamente um grupo inteiro de rebeldes.

Fica impossível não fazer uma comparação com filmes do gênero “Die Hard”, protagonizados por Bruce Willis (Assalto ao arranha-céus, Assalto ao aeroporto, Die-Hard – A Vingança). Preso à completa falta de criatividade, o filme transforma toda e qualquer situação em deja-vus constantes e apela para o exagero no uso da banda sonora na tentativa de criar o mínimo de tensão. Até mesmo o discurso crítico em relação à política militar japonesa se perde num amontoado de clichês, num filme sem ritmo e sem objectividade, com interpretações medianas do elenco, apesar do esforço de actores consagrados, como Hiroyuki Sanada e Masanobu Ando.

O realizador Junji Sakamoto tentou transformar a obra num produto mais reflexivo, mas claramente ficou longe de atingir esse objectivo. A sensação que fica é que faltou coragem no aprofundamento do tema. Tão pouco conseguiu transformá-lo numa simples obra de entretenimento de fim de semana e ousar mais nas cenas de acção e no desenvolvimento dos personagens principais. Os poucos momentos críticos não assumem independência quando visto na sua totalidade. Além disso, em nenhum momento do filme é citado explicitamente de qual país pertencem os terroristas, embora pistas indiquem que eles venham da China, enquanto que no livro, eles são norte-coreanos. Isto, obviamente é deliberado, para não ferir susceptibilidades.

Por outro lado, lamenta-se o facto da falta de pró-atividade militar caracterizada em situações embaraçosas como na cena inicial do filme quando Sengoku se ajoelha diante de um policia para não levar seus comandados à prisão por se meterem numa luta de rua e depois ser duramente criticado por Kisaragi por se humilhar daquela maneira diante de um civil; mais tarde mostra um primeiro-ministro mais preocupado com sua agenda do que com sua reunião de emergência para tratar do caso dos terroristas.

Até mesmo a tentativa de Sengoku em convencer os militares japoneses rebeldes a desistir do plano em nome da pátria soa como algo banal e vazio. O medo de produzir um filme crítico demais para os dois lados da moeda — segmentos nacionalistas de um lado e liberais de outro — fazem do filme uma obra sem personalidade que se perde em clichés do gênero patriótico, e que o faz navegar nos mares sem nenhum destino e com o sério perigo de se afundar e cair no esquecimento.

Classificação: 4/10

Ric Bakemon

sexta-feira, junho 16, 2006

Ziyi Zhang assina contrato com os Weinstein

Ziyi Zhang, uma das mais conceituadas actrizes chinesas, acaba de assinar um contrato no qual estará obrigada a participar em três filmes produzidos pelos Weinstein. Ao que parece, o convite terá surgido por parte de Harvey Weinstein durante o festival de Cannes, no qual a bela actriz fez parte do júri.

Ziyi Zhang confirmou que participará num filme sobre a heróína Chinesa Mulan (já adaptada ao cinema pela mão da Dysney numa película de animação) e no remake do filme de culto de Akira Kurosawa, Seven Samurai. Quanto ao terceiro filme, ainda não se sabe qual será nem sobre o que será.

Em Mulan, Zhang irá interpretar uma rapariga jovem que vai para a batalha em vez do seu pai, enquanto que no remake de Seven Samurai, irá encarnar uma rapariga de uma aldeia que se veste de rapaz para se proteger dos bandidos.

Parece que os Weinstein, não só pretendem trazer os filmes asiáticos para solo americano através da sua editora Dragon Dynasty, bem como trazer alguns dos melhores actores asiáticos para trabalhar nos States. Não sei é se o remake de Seven Samurai é uma ideia acertada. A imitação nunca suplanta o original. vamos agurdar para ver...

Sérgio Lopes

quinta-feira, junho 15, 2006

Trailer japonês de One Missed Call 3

Para quem conseguiu ver a segunda parte de One Missed Call, surge agora One Missed Call 3, a terceira parte do franchise de terror iniciado curiosamente pelo conceituado Takashi Miike. Para quem tiver juizo, que veja outros filmes asiáticos com certeza bem melhores que este franchise. Se já One Missed call 2 deixava muito a desejar, como será esta terceira incursão?

Protagonizado por Meisa Kuroki y Maki Horikita e realizado por Manabu Aso, terá estreia prevista, no Japão, no dia 24 de Junho. AQUI fica o trailer japonês disponivel para visualização.

Sérgio Lopes

quarta-feira, junho 14, 2006

Bishoujo Senshi Sailormoon R

Japão, 1993, 60min

Página Oficial - Trailer - Fotos 1 2


Sinopse: A tranquilidade de um passeio em grupo por Usagi, Mamoru e as amigas é perturbada por uns estranhos acontecimentos, seguidos de um ataque extraterrestre. Como Sailor Senshi (Guerreiras Sailor), Usagi (Moon), Ami (Mercury), Rei (Mars), Makoto (Jupiter), Minako (Venus) e Mamoru (Tuxedo Mask) conseguem neutralizar temporáriamente o ataque. Mas Fiore, o extraterrestre, fere gravemente Tuxedo Mask e rapta-o. Para resgatar Tuxedo Mask e salvar a Terra do ataque, as guerreiras teletransportam-se para a nave espacial de Fiore, travam uma dura batalha mas tudo acaba em bem graças ao poder do Cristal Prateado, à amizade e ao amor.

Crítica: Este filme é um típico exemplo de um filme produzido sob a sombra de uma série de anime bastante popular, transportando-a para mais um meio comercial, o cinema. Ao adapatar a manga de “Sailormoon” para série anime, provávelmente nem a autora da manga, Naoko Takeuchi, nem os estúdios que a produziram, Toei Animation, previram o boom de sucesso que ela acabou sendo. Talvez por isso o filme para cinema tardou e só foi produzido no seguimento da segunda série de televisão, “Sailormoon R” (mais de 1 ano após o início da exibição).

Para quem vê este filme sem estar a par da série de televisão pode não perceber algumas das subtilezas deste universo. Há realmente uma pequena apresentação, antes do genérico, mas limita-se a mostrar quem elas são e o que fazem de extraordinário. É supreendente como o realizador, Kunihiko Ikuhara, não caiu na tentação de fazer uma re-introdução psicológica das personagens que, à partida, toda a gente conhecia, na introdução do filme. Foi sim introduzindo algumas das suas características-chave ao longo da narrativa, contando, pelo meio, alguns pormenores nunca antes vistos. Portanto, o espectador ignorante do mundo Sailormoon acaba não saindo baralhado, mesmo não possuindo muitos dados acerca da série.

Esta história é 100% original, foi escrita pelo argumentista da Toei e não baseada em acontecimentos ou persongens da manga. Com isso segue uma intriga bastante típica da série de televisão, funcionando como um episódio alongado ou especial, que se poderia integrar algures a meio da série em exibição na TV, como um complemento. A história, seguindo essa fórmula sedimentada, aproveita bem as características da série, dando-lhes a volta e introduzindo dados novos que provávelmente já tinham intrigado os fans (tal como a explicação para as rosas vermelhas de Tuxedo Mask). Graças ao tempo mais alargado disponível, permite-se uma estrutura mais cinematográfica contando duas histórias, em tempos diferentes e em paralelo, unindo-as no fim, na conclusão.

Apesar de ser um shoujo (anime para raparigas) os 60 minutos estão cheios de acção, de batalhas atrás de batalhas, que culminam num emocionante climax do desafio final que se põe às meninas. Mesmo sendo evidente o investimento comercial (vamos fazer mais uns trocos em sala de cinema / Vamos editar mais uns cds com canções novas) o resultado final é surpreendentemente coerente e agradável, com uma qualidade acima da média para um filme anime quase exclusivamente criado para fazer dinheiro.

Devido a tanto sucesso os meios de produção disponibilizados são bons e caros, sendo a pintura dos acetatos, cenários, animação e todo o artwork muito mais cuidados que na variante para TV. São impressionantes os cenários do bairro Azabu-juban, em Tóquio, onde elas vivem, que neste filme se percebe muito melhor como é. Os ataques, para além das sequências utilizadas na série, são nos mostrados com variantes novas e as sequências das transformações foram “polidas”. Houve também um dos primeiros e tímidos investimentos em animação 3D digital na nave espacial extraterrestre.

Mesmo que rudimentar, foi um grande avanço, os japoneses tardaram bastante a integrar o 3D na animação tradicional, só os produtos de garantido sucesso comercial foram alvo desses primeiros investimentos. A banda-sonora também sofreu algumas reorquestrações e teve direito a uma série de temas novos, uma das novas canções é cantada pelas actrizes que dão a voz às personagens (Moon Revenge) e que reforça a batalha final. É um filme de entretenimento, que se vê com boa disposição e que alia, em equilíbrio, cenas de dia-a-dia e comédia com cenas de acção e romance numa conjugação de géneros, muito característica do anime para raparigas, sem tentar se levar demasiado a sério.

Classificação: 7/10

Misato

terça-feira, junho 13, 2006

Kurosawa em anúncio a Whiskey!



Todos sabemos da participação de actores americanos em anúncios japoneses, é algo recorrente e muito bem explanado em Lost In Translation de Sofia Coppola, por exemplo. Pois bem, mas não se trata de um novo fenómeno. Já o pai da menina Coppola, Francis Ford Coppola juntamente com o mestre Akira Kurosawa, nos aos 80 (durante a produção de Kagemusha), participou em anúncios para o Whiskey Suntory, que Kurosawa emborcava há uns bons 10 anos.

Esses anuncios realizados pelo próprio Kurosawa, estão disponiveis no You Tube para termos o prazer de os visualizar. Cliquem na imagem acima para os verem. Só os Japoneses poderiam fazer esta série de anúncios no mínimo...invulgares!

Sérgio Lopes

segunda-feira, junho 12, 2006

Mais filmes asiáticos em exibição na América!


Depois de Roy Lee ter iniciado o processo dos remakes de filmes asiáticos de terror, parece que finalmente há alguém com bom senso na América. Trata-se da companhia Weinstein que acaba de criar uma editora denominada Dragon Dynasty, exclusivamente dedicada ao lançamento de filmes asiáticos em solo americano quer no cinema, que em DVD.

A criação desta nova editora leva a concluir que Bob e Harvey Weinstein estão a investir no cinema asiático directamente, o que vai permitir que mais e melhores filmes orientais sejam e xibidos e desta forma apresentados ao público americano, o que é uma excelente noticia. Filmes como Ong Bak 2, The Protector (Tom Yum Goong), Born to Fight, SPL, Seven Swords, e Dragon Squad, entre outros, estão já confirmados, tais como as obras seminais de John Woo,The Killer, Hardboiled, Bullet in the Head, e A Better Tomorrow 1 & 2.

Aproveitando a sua base de dados existente (dos tempos da Miramax) que inclui filmes protagonizados por actores como Jackie Chan, Jet Li, Stephen Chow, Donnie Yen, Michelle Yeoh e Sammo Hung, bem como obras de realizadores conceituados tais como John Woo, Yuen Woo-ping e Corey Yuen Kwai, a companhia Weinstein pretende, deste modo, tornar-se a líder da distribuição de cinema asiático em solo americano. Para isso, conta com a preciosa ajuda de Quentin Tarantino que irá ser um consultor activo da Dragon Dinasty.

O filme mais recente a ser adquirido pela Dragon Dinasty é o novo sucesso de bilheteira coreano The City OF Violence, que narra a história de um polícia que após ausência da sua terra natal por 10 anos, regressa, na tentativa de descobrir quem assassinou o seu melhor amigo. Vamos aguardar para ver como se vai portar nas bilheteiras americanas habituadas aos "3 duques" e ao "Scary Movies"...

Sérgio Lopes

domingo, junho 11, 2006

Trailer de Hatsukoi

Hatsukoi trata-se da história, baseada em factos reais, sobre o maior assalto (com sucesso) a um dos bancos mais populares do Japão. Realizado por Yukinari Hanawa, é protagonizado por Aoi Miyazaki, na pele de uma estudante que inesperadamente e de forma involuntária se vê envolvida no caso.

O Trailer encontra-se disponivel para visualização clicando AQUI.

Sérgio Lopes

sábado, junho 10, 2006

Inner Senses (Yee do hung gaan)


Hong-Kong, 2002, 94Min.

Página Oficial -
Trailer - Fotos

Sinopse: Cheung Yan (Lam Ka Yan) tenta escapar aos espíritos que a aterrorizam e a perseguem mudando de residência. Um familiar (Waise Lee) recomenda que ela consulte um psiquiatra, Dr Jim Law (Leslie Cheung). Á medida que o tempo avança, Jim consegue aperceber-se do passado de Yan e com sucesso curá-la. E tal como esperado, acabam por se apaixonar! No entanto em vez de viverem felizes para sempre, Jim torna-se cada vez mais estranho, principalmente à noite e começa a adoptar comportamentos estranhos…

Crítica: Inner Senses é um thriller de contornos sobrenaturais que segue a linhagem de filmes como O Sexto Sentido ou The Eye dos irmãos Pang, Pelo menos é influenciado por ambos ou contém alguns traços de similaridade. Apesar das altas expectativas que tinha para ver este filme, sabendo que como protagonista principal tinha Leslie Cheung (quem não se lembra na incrível performance do actor em Adeus minha concubina?) e que tinha granjeado inúmeros prémios nos Hong-Kong Film Awards, não posso deixar de afirmar que fiquei um pouco desiludido.

Não que o filme seja uma miséria comparável por exemplo a Gabal, The Doll Master ou Cello, entre outros, mas sinceramente estava à espera de mais. Apesar do trabalho exemplar dos protagonistas, da música adequada para criar o ambiente de esquizofrenia necessário e da narrativa sólida, o último terço do filme quase que deita tudo a perder. Nesse ponto, Inner Senses volta a cair no erro recorrente dos filmes asiáticos que exploram a temática fantasmagórica, que é um final por vezes anedótico e inadequado. Confesso que, por exemplo, achei ridículo que o som que o ser fantasmagórico fazia quando se mexia se assemelhasse ao som de uma porta a ranger. Enfim…

O filme deambula entre os géneros melodrama e sobrenatural (a recorrente aparição de espíritos), sendo que se pode afirmar que está dividido em duas partes mais ou menos distintas. Na primeira metade, seguimos a história de uma jovem assombrada por espíritos sendo forçada a procurar um psiquiatra. Na segunda metade, estamos centrados no psiquiatra que, após uma inversão total de papéis, é ele próprio agora assombrado… O clic para esta inversão de papéis nunca é totalmente explicada pelo realizador e o último terço do filme com um final fantasmagórico à Ringu não ajuda nada e só provoca um anti-climax.

Inner Senses, apesar de tudo, tem alguns sustos e maior consistência do que maior parte das obras asiáticas de terror recentes, Pelo menos procura outros caminhos e em certa maneira cumpre os seus propósitos. Como curiosidade final, Inner Senses foi o último filme do actor/cantor Leslie Cheung, que se suicidou em 2003, saltando do telhado de um hotel. Com certeza que quem vir Inner Senses irá no mínimo achar bizarro Cheung ter escolhido esse método de suicídio… Diz-se até que o actor sofria de depressão durante a rodagem da película o que poderá ter dado ainda maior credibilidade e realismo à sua interpretação.

Classificação: 5/10

Sérgio Lopes

sexta-feira, junho 09, 2006

Novo trailer de The Apartment

Com previsões de estreia para o próximo verão, chega o último trabalho do realizador Ahn Byung-ki (Bunshinsaba), The Apartment. A premissa baseia-se nos estranhos acontecimentos que começam a ocorrer num apartamento sempre que chegam as 9h:56Min. Interpretam o filme Ko So-yeong (Double Agent), Jang Hee-jin y Park Ha-seon. O novo Trailer está disponível clicando AQUI.

Sérgio lopes

quarta-feira, junho 07, 2006

Terror Tailandês - Colic

A nova película de terror Tailandesa realizada por Patchanon Thammajira e interpretada por Pimpan Chalaikupp e Kuntheera Sattabongkot é intitulada Colic. Refere-se à doença algo comum de que os bebés recém-nascidos padecem e que é definida por choro e irritabilidade extrema por um período que normalmente não excede os três a seis meses - Cólica Infantil.

No filme, esta temática é explorada na pele de um casal recém-casado cujo bebé que sofre desse estranho comportamento potenciado pela cólica infantil, mas que passados os seis meses não desaparece. O casal tenta então descobrir o porquê desse estranho fenómeno... Mais informações serão colocadas em breve no cineasia sobre Colic.

Sérgio Lopes

terça-feira, junho 06, 2006

Tales Of Ugetsu (Ugetsu Monogatari)

Japão, 1953, 94Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Contos da Lua Vaga

Sinopse:
Séc.XVI, o Japão encontra-se em Guerra Civil. Dois irmãos subsistem de um próspero fabrico de cerâmica. Levados pelo deslumbramento e ambição desmesurada, os dois resolvem tentar vender as suas peças na cidade mais próxima. A mulher do mais velho, Genjurô, fica para trás, para cuidar do filho, e a mulher do mais novo, Tobei, acompanha-os à cidade. Depois de fazerem algum lucro, Tobei, deslumbrado com a vida de samurai, foge para se juntar às fileiras e Genjurô tem uma entrega de uma encomenda no palácio de uma dama e sua ama. Tobei consegue ficar acidentalmente com os louros de matar um poderoso guerreiro inimigo e é aclamado como herói, Genjurô é enfeitiçado pela dama e ausenta-se mais que o previsto, vivendo uma vida de luxo e frivolidades junto a ela. Quando Tobei comemora o seu feito reencontra a mulher numa casa de prostitutas, forçada a subsistir assim após ter sido violada. Genjurô vai de passagem à cidade e, de caminho, um monge avisa-o do perigo que corre vivendo com um fantasma e consegue quebrar o feitiço, regressando a casa.

Crítica: Sempre que recomendo a alguém ver um filme de Kenji Mizoguchi, costumo dizer que os filmes são muito deprimentes e melancólicos mas lindíssimos. Este clássico não é excepção, mas o final é de um optimismo conformado. Adaptado de dois contos tradicionais japoneses este filme acaba por nos contar mais do que duas histórias fantásticas ligadas pelos dois protagonistas, aqui irmãos. Trata-se sim, do contraponto do deslumbramento e ambição desmedida dos homens face ao pragmatismo e sensatez das mulheres. Miyagi, a mulher de Genjurô, quer apenas uma vida simples trabalhando juntamente com o marido e avisa-o de que ambição a mais e dinheiro fácil costumam trazer desgraça.

Ohama, a mulher de Tobei, apenas não quer que o marido preguiçe e ande deslumbrado com uma vida que não é para ele. Mesmo Wakasa-hime, a dama-fantasma, apenas quer ter uma vida feliz no amor. No entanto é graças às cabeças no ar dos homens que a desgraça cai na família e quase tudo cai por terra. Felizmente que ambos acabam por tomar consciência dos disparates que fizeram redimindo-se, mais ou menos, a tempo.

Este filme acaba por nos mostrar um pouco o papel da mulher japonesa na sociedade, como elemento organizador e gestor da família. Mesmo em condição inferior (os homens fazem orelhas moucas às suas recomendações sensatas) e tendo de se sujeitar às decisões nem sempre reflectidas dos maridos, eles acabam, por fim, por lhes dar ouvidos e razão. Mesmo depois da desonra de Ohama o marido não tem outra opção senão perdoá-la e reintegrá-la na família, pois, no fim das contas, a culpa foi essêncialmente dele que abandonou a mulher e o negócio, deixando-a à mercê de bandidos num país em guerra.

Só por vezes o típico eco do estúdio denuncia o tipo de produção de um filme dos anos 50. A fotografia a preto e branco é deslumbrante, mostrando no pouco, muito (há pouquíssimos planos aproximados) mas com uma beleza de composição de planos, gradação de cinzentos e pretos contrastados muito próxima da arte tradicional japonesa ou então do expressionismo alemão, nos jogos de luz e sombra.

O ritmo é lento mas absorvente nos longos planos cuidadosamente planeados. Todas as personagens são claramente identificadas, de uma forma muito japonesa, através do modo como estão vestidas, como se movem no espaço e o modo como falam. Genjurô e Miyagi são comedidos e directos, o seu traje é quase monocromático ou com padrões pequenos, Tobei e Ohama mais exagerados no seu registo mais próximo da comédia, usam trajes com padrões grandes e contrastantes, Wakasa-hime e a ama têm movimentos pequenos e discretos, falando em tom baixo e usam um guarda-roupa sofisticado de tecidos nobres como a seda e a gaze.

Apesar do uso de alguns códigos do teatro kabuki, a narrativa não se desenrola, de forma alguma, de modo teatral ou aborrecido. A linguagem é acessível e a encenação realista e moderna. Somos, logo de início, absorvidos pelos dilemas daquela pequena família que, apesar da distância geográfica, temporal e cultural, nos são totalmente familiares de tal forma são universais. A personagem de Wakasa-hime é-nos mostrada como uma pessoa de carne-e-osso, plausível, mas perfeita em demasia nos seus bons modos, generosidade e facilidade com que se apaixona e atrai Genjurô (de classe social inferior) para os seus domínios.

Este realismo serve para reforçar o desespero de Genjurô, por ter abandonado tudo o que amava tão levianamente, quando descobrimos que ela é realmente um fantasma. A banda-sonora utiliza uma orquestra clássica, bem típica da época, cortada por instrumentos tradicionais japoneses como as campaínhas e a flauta de bambú. A música aparece quando necessário, pontuando longos momentos de silêncio ou momentos em que uma personagem canta uma canção tradicional, cuja letra reforça a história. Este é um filme cuja alma japonesa transparece, desde a narrativa tradicional fantástica até à fotografia e composição plástica. O conto do homem que é enfeitiçado por uma bela dama que é, na realidade, um fantasma pode parecer um déjà-vu, mas já foi inúmeras vezes adaptado para cinema ou televisão, inclusive em filmes de animação.

Classificação: 9/10

Misato

segunda-feira, junho 05, 2006

Irmãos Pang regressam com 2 filmes

Depois de Re-Cycle ter sido apresentado em Cannes e ter estreia prevista para breve, os irmãos Pang têm já na manga em preparação dois filmes em nome individual, embora produzidos por ambos.

Assim sendo, Danny Pang apresenta um novo thriller intitulado Forest Of Death, protagonizado por Shu Qi (Three Times) e Ekin Cheng (Heroic Duo), com estreia prevista para o inicio do próximo ano.
Quanto a Oxide Pang, está a preparar um novo filme de terror intitulado Diary, protagonizado por Charlene Choi (Leave Me Alone) e Shawn Yue (Infernal Affairs), com estreia prevista para o final deste ano.

Mais informações sobre as duas películas serão disponibilizadas em breve no cineasia. Vamos lá ver como se safam os dois irmãos individualmente sabendo que da experiência recente da aventura a solo dos irmãos Pang, não resultou nada de relevante, antes pelo contrário. Basta recordar por exemplo, Abnormal beauty...

Sérgio Lopes

sábado, junho 03, 2006

Marebito

Japão, 2004, 92Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Um cameraman obcecado pelo medo (Shinya Tsukamoto) investiga uma lenda urbana que envolve misteriosos espíritos que assombram os longos e sinuosos túneis subterrâneos em Tokyo…

Crítica: O resumo apresentado na sinopse abre um pouco o apetite cinéfilo para visualizar o filme de Takashi Shimizu, Marebito, criador da aclamada obra de terror Ju-Hon. Embora, na minha opinião, Ju.Hon seja um filme sofrível enquadrado no âmbito do género J-Horror, Marebito pauta-se como uma agradável surpresa, um filme de terror psicológico na sua verdadeira essência.

Tendo como protagonista principal o realizador de culto Shinya Tsukamoto (Masuoka), Marebito é uma viagem progressiva ao subconsciente de um homem perturbado e obcecado pela natureza do medo, viagem essa apresentada sempre pelo ponto de vista do protagonista, quer pela sua voz-off, (a voz do pensamento) quer através da sua câmara, instrumento que utiliza para captar a essência do medo, capaz de transmitir uma atmosfera claustrofóbica, principalmente nos túneis subterrâneos.

Após o suicídio de um homem registado pela sua câmara, Masuoko decide deambular pelos túneis subterrâneos de Tokyo, tentando encontrar as respostas ao porquê de o homem ter o medo estampado no olhar, momentos antes do suicídio. Lá encontra um ser feminino, jovem, bonita e completamente nua, que se alimenta de… sangue. Masuoko leva-a de volta ao seu apartamento e cuida dela... E mais não conto, pois estaria a estragar a visualização de Marebito, uma vez que os ambientes Lynchianos e de Cronemberg que existem implicam interpretações diferentes de pessoa para pessoa.

Com uma narrativa bastante segura, Takashi Shimizu constrói um pequeno filme de terror psicológico que se consegue afastar um pouco dos estereótipos do J-Horror, trazendo um pouco de frescura ao género. Filmado em apenas 8 dias (!) e apesar de algumas limitações a nível de efeitos especiais, Marebito pauta-se como um excelente estudo sobre a alienação num meio urbano e uma das melhores propostas do cinema alternativo asiático. Perturbante e bizarro, Marebito vale bem a pena para quem estiver disponível em encontrar a natureza do medo…

Classificação: 7/10

Sérgio Lopes

sexta-feira, junho 02, 2006

Novo Trailer de Aachi & Ssipak

E se de repente todas as fontes de energia que nos permitem sobreviver se esgotassem e a única solução fosse recorrer a... fezes humanas?! Esta é a premissa do aguardado filme de animação Coreano que decorre no futuro e que trata da luta contra um governo autoritário que tenciona controlar o ímpeto rectal dos seus cidadãos....

Em produção há bastante tempo, parece que finalmente a sua estreia irá acontecer em meados de Julho. Podem visualizar o novo trailer desta louca película de animação clicando AQUI.

Sérgio Lopes

quinta-feira, junho 01, 2006

Faleceu Shohei Imamura

O realizador japonês Shohei Imamura, duas vezes vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, morreu ontem aos 79 anos, vítima de carcinoma hepático, segundo a imprensa japonesa. Considerado frequentemente como o melhor realizador japonês desde a morte do lendário Akira Kurosawa, Imamura foi uma das principais figuras do “novo cinema” nipónico dos anos 60, afastando-se dos temas clássicos para se centrar nas personagens do submundo urbano. Imamura recebeu o prémio principal do Festival de Cannes com «A Balada de Narayama», em 1982 e «A Enguia», em 1998. A obra do cineasta também inclui «Chuva Negra», uma longa-metragem sobre as sequelas da bomba atómica de Hiroshima.

O cinema asiático em geral e o japonês em particular, fica assim mais pobre, mas as obras de profundidade dramática criadas pelo cineasta ficarão para sempre nas nossas memórias cinéfilas.

Sérgio Lopes